Motorista de caminhão é criticado após derramar dejetos de gado em manifestantes
Uma manifestante dos direitos dos animais ficou abalada depois de alegar que motoristas de caminhão que transportavam gado vivo despejaram dejetos dos animais na sua frente, agrediram-na verbalmente e fizeram ameaças de morte online após uma discussão no dia 31 de janeiro.
Ou assista ao vídeo clicando aqui.
Frances Woods, moradora de Taranaki, juntou-se a manifestantes que protestavam contra o navio de gado Yangtze Fortune que ia exportar 3800 vacas vivas da Nova Zelândia para fazendas na China.
Mas enquanto se manifestava, ela alegou que os caminhoneiros que transportavam o gado vivo para o navio fizeram um gesto obsceno e despejaram dejetos, espalhando a sujeira por todos os manifestantes.
O jornal Herald abordou a empresa de caminhões várias vezes para comentar o caso.
“Decidimos protestar onde os caminhões levavam a ração a o gado vivo para o navio. Ficamos lá até tarde da noite. Era assustador porque não havia qualquer sinal de mugido. Era como se estivessem sedadas”, disse Woods ao Herald.
“Havia caminhoneiros que faziam gestos obscenos para nós. Um dos caminhoneiros teve a coragem de despejar os dejetos exatamente onde estávamos protestando. Foi selvagem. Alguns de nós fomos atingidos”, afirmou.
“Finalmente, decidimos encerrar a noite, era muito assustador vê-los serem enviados. Foi nojento eles terem jogado os dejetos bem ao nosso lado”.
No caminho para casa, a manifestante foi pega entre dois caminhões de gado, e afirma que um motorista jogou fezes de vaca na frente de seu veículo.
A moradora de Taranaki gravou o incidente com a câmera, em um vídeo que mostra o caminhão ao liberar os dejetos pelas ruas de New Plymouth.
No vídeo, um dos amigos de Woods pode ser ouvido quando grita “Ai, atingiu meu rosto!”
Woods disse que seu carro ficou coberto de dejetos de gado.
Ela então afirmou que quase foi atirada para fora da estrada por um caminhão de gado que vinha atrás dela.
Woods disse que se sentiu insegura e decidiu parar em frente ao Hawera McDonald’s. É aqui que ela disse que dois motoristas de caminhão a fecharam, um estacionou na sua frente e o outro atrás.
Ela alega que um dos motoristas saiu do caminhão e gritou insultos homofóbicos e outras agressões verbais contra ela e suas amigas.
“Levamos 40 minutos para sair de New Plymouth, e notei que o caminhão atrás de mim estava quase me atingindo. Fiquei realmente com medo e senti que “aquela pessoa poderia nos matar””.
“Finalmente, paramos, o que significa que acabamos por estacionar perto de outro caminhão. Um outro estacionou atrás de nós, e ficamos presos entre eles”.
“O motorista do caminhão desceu, veio até nós e começou a gritar “você quer um hambúrguer?”, tentando nos provocar. Eles começaram a nos agredir ao dizerem que éramos um carro cheio de lésbicas e que as vacas estavam indo para o matadouro”.
“Esses homens estavam orgulhosos do que faziam com essas vacas da Nova Zelândia, e queriam esfregar na minha cara”.
“Eles me atacaram simplesmente porque me preocupo com os animais. Foi horrível. Fiquei com muita raiva”.
Woods seguiu os dois caminhoneiros até o McDonald’s, onde ela foi filmada quando confrontava os dois homens.
“Há vacas naquele navio e elas estão vivas e têm almas!”, ouve-se Woods gritar.
“E vocês não dão a mínima, todos vocês nesta sala, mas espero que quando vocês morrerem, encontrem todas essas almas”. Ela gritou.
Quando Woods foi convidada a se retirar da loja, ouve-se os dois caminhoneiros a provocá-la.
O McDonald’s confirmou que houve um incidente entre Woods e outros clientes no Hawera McDonald’s no dia 31 janeiro à noite.
O vídeo do conflito de Woods foi ppublicado nas mídias sociais. Ela alega que recebeu ameaças de morte de várias pessoas, incluindo um dos motoristas de caminhão.
Em um comentário nas redes sociais que sugere que Woods merecia uma “bala”, um dos motoristas de caminhão, que admitiu online estar envolvido em uma briga com a manifestante, respondeu escrevendo: “Enfiar um saco plástico com uma cenoura”.
Woods disse ao Herald que, embora ela não devesse ter gritado com os caminhoneiros, toda a experiência com os motoristas e as agressões nas redes sociais foram cruéis e humilhantes.
“A provocação online foi esmagadora e cruel. Disseram-me que preciso morrer e ser estuprada”.
“Eu sei que não deveria ter gritado no McDonald’s, mas gritava pelas vacas. Não quero atacar fazendeiros, estou sob o ponto de vista do bem-estar animal. Os lugares para os quais exportamos animais não têm padrões de bem-estar animal. Não é natural colocar animais em um navio”.
“Haverá animais mortos naquele navio. E eles serão jogados ao mar. As provocações nas redes sociais apenas mostram como se tornaram as pessoas isoladas da humanidade”.
“Existem centenas de estações de despejo de dejetos disponíveis para caminhões em todo o país. É ilegal despejar dejetos em nossas estradas”.
Protestos contra a exportação de gado
Manifestantes se reuniram perto do Porto de Taranaki naquele dia, numa tentativa de manifestarem contra a exportação de 3800 cabeças de gado vivo para fazendas na China.
O navio chinês Yangtze Fortune chegou às 12h45 do dia 30 de janeiro, onde a organização SAFE for Animals realizou um protesto pacífico na esquina da Ocean View Parade com a Bayly St.
Woods fez parte de outro protesto no porto, participando de uma manifestação menor e pacífica.
Embora a exportação de gado, ovelhas, cabras e veados vivos para abate tenha sido proibida em 2003, as brechas permitem que sejam exportadas para fins de reprodução.
O porta-voz da SAFE, Will Appelbe, disse ao Herald que mais de 40.000 cabeças de gado foram exportadas para o exterior no ano passado.
“Os números mais recentes mostram que 2,1 milhões de pintinhos foram exportados em 2018 e 40.000 cabeças de gado exportadas no ano passado. O embarque que deixou o Porto de Taranaki neste fim de semana foi de 3800 cabeças”.
“Também exportamos muitos peixes vivos, principalmente enguias. Algumas das espécies de enguias que exportamos estão ameaçadas de extinção e são nativas da Nova Zelândia”.
Ele também revelou que um navio de exportação de animais deixou o Porto de Timaru na quarta-feira daquela semana, mas não se sabe quantos animais estavam a bordo.
Atualmente, o governo está revendo as leis que envolvem a exportação de animais vivos para reprodução.
Appelbe disse em comunicado anterior que a SAFE defende uma proibição total e diz que a Nova Zelândia não tem controle sobre o bem-estar dos animais quando eles saem da costa do país.
“A realidade é que não podemos impor nossas leis de bem-estar animal a outros países”.
“Não temos controle sobre os resultados do bem-estar desses animais quando eles saem da costa da Nova Zelândia”.
Woods concorda, e diz que a Nova Zelândia precisa cuidar de seus próprios animais.
“A China tem padrões tão baixos de direitos dos animais e enviamos nossos belos animais para lá”.
“Temos brechas que permitem que esses animais sejam transportados sob condições de reprodução.
Mas, quando chegam à China, ninguém sabe o que acontece. Eles nunca mais tocarão a grama”.
Por Heath Moore / Tradução de Ana Carolina Figueiredo
Fonte: Nzherald.co.nz