Movimento defende combate ao abandono de gatos no Parque Municipal, em Belo Horizonte, MG

Movimento defende combate ao abandono de gatos no Parque Municipal, em Belo Horizonte, MG
Movimento defende combate ao abandono de felinos no Parque Municipal. (Foto: Lincon Zarbietti)

Dezenas de pessoas se reuniram hoje no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no centro da capital, em defesa da permanência dos gatos no local. O grupo é contra a decisão da Prefeitura de Belo Horizonte, que pretende retirar os animais do local até o fim deste ano. O executivo alega que os felinos estão alimentando-se dos pássaros do parque, provocando desequilíbrio ambiental e contribuindo para a proliferação de insetos, inclusive cupins, que podem provocar queda de árvores. Além disso, há receio de que os bichos ataquem visitantes e causem doenças.

O movimento Fica Gato, responsável pelo ato, estima que vivam no parque pelo menos 200 animais. Integrante do grupo, a médica ambientalista Eulália Jordá-Poblet, entende que não há risco de transmissão de doenças nem a necessidade de transferência dos felinos, uma vez que, segundo ela, 80% dos gatos que existem no local já são castrados.

Ainda conforme Eulália, a zoonoses já trabalha no local. Ela ressalta que é preciso haver um incremento nas ações, principalmente de fiscalização, para que novos animais não sejam abandonados. “Essas remoções podem levar a morte dos animais. A zoonose já faz um trabalho muito bom, só que precisa ser amplificado e mais acelerado para que, assim, se evite também o abandono. Tanto os gatos quanto outros animais têm direito ao parque”, destacou a especialista.

Entenda. No início de maio, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, informou que os gatos do parque seriam identificados, retirados do local, castrados e colocados para adoção. A previsão é que a castração dos bichos comece em julho.

Por meio de nota, a prefeitura informou que o Centro de Zoonoses realiza um trabalho contínuo de controle populacional dos gatos do parque. Para inibir o abandono, a pasta destacou ainda que promove ações de incentivo à guarda responsável, além de firmar parcerias com ONGs para realização de feiras de adoção.

Doença é motivo de atenção na capital

Além do desequilíbrio ambiental no Parque Municipal, segundo a Secretária de Meio Ambiente, os felinos representam riscos para a saúde pública por meio da esporotricose – micose que tem tido grande ocorrência em gatos e pode atingir humanos. Nos felinos, os sinais mais observados são feridas profundas, geralmente com pus, que não cicatrizam.

Por meio de nota, a prefeitura informou que a doença em gatos, geralmente é transmitida durante as brigas entre os animais. Para que eles sejam contaminados é necessário que haja alguma ferida. A pasta ressaltou ainda que a doença tem tratamento, tanto em gatos quanto em humanos, e que pode ser evitada por meio da castração e evitando-se que o bicho vá para a rua.

A zoonoses, no entanto, não identificou gatos com a doença no parque. Segundo a integrante do Fica Gato Eulália Jordá-Poblet, a notícia da doença é alarmista. “Os gatos aqui são monitorados”.

Por Letícia Fontes e Carolina Caetano

Fonte: O Tempo


Nota do Olhar Animal: Merece um estudo esta incapacidade de aprendizado dos serviços de zoonoses espalhados pelo país. Será que ela ocorre por conta da alta rotatividade de funcionários e/ou gestões municipais? Ou por servirem de meros “cabides de emprego”, sem pessoal qualificado para exercer suas funções? Claro, não nos referimos à totalidade, há trabalhos interessantes sendo feitos nos municípios. Mas, em boa parte, os centros de zoonoses repetem encaminhamentos imediatistas, tecnicamente inconsistentes e eticamente questionáveis em situações em que JÁ EXISTEM projetos eficazes e corretos para o enfrentamento da superpopulação de animais e de doenças que acometem a eles próprios e aos humanos, inclusive ações executadas por alguns CCZs. Um destes projetos é o CED (Captura, Esterilização e Devolução). A mera retirada dos gatos do parque em BH fará com que outros venham ocupar o mesmo território, seja por conta de migrações de outras áreas, seja por causa de novos abandonos. Isto é básico. Apenas retirá-los do local não resolve o problema dos animais, tão pouco o das zoonoses (doenças transmitidas dos animais para os humanos). Meramente empurram a solução do problema para a frente, quem sabe para a próxima administração, o que talvez seja mesmo a intenção.

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