MP pede que maior traficante de animais do país perca cargo no governo da PB

MP pede que maior traficante de animais do país perca cargo no governo da PB
Na reportagem do Fantástico, Valdivino disse que “tinha dó” dos animais (Reprodução/TV Globo)

Considerado um dos maiores traficantes de animais silvestres do país, o funcionário público Valdivino Honório de Jesus virou alvo de uma ação civil pública do Ministério Público da Paraíba (MPPB) por ato de improbidade. A acusação da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Patos, no Sertão, é de enriquecimento ilícito e violação aos princípios do direito administrativo. O processo pede que Valdivino e um outro servidor percam os cargos públicos

Valdivino exerce o cargo de assistente de operações, pelo regime da CLT, na Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), tendo sido cedido à Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas (Empasa), na cidade de Patos, onde exerceu suas funções desde fevereiro de 2011 e foi devolvido ao órgão de origem em agosto de 2016.

O funcionário público já foi detido 14 vezes por tráfico de animais silvestres. A última detenção foi mostrada em uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, exibida em dezembro de 2016. Na ocasião, a fiscalização encontrou na casa dele, em Patos, quatro pássaros em gaiolas, que seriam vendidos, e várias carcaças de aves no congelador da geladeira.

Segundo a promotoria, em três das prisões de Valdivino, ocorridas no Paraná e na divisa entre os estados de Pernambuco e Bahia, ele não teria como ter comparecido ao trabalho em Patos. No entanto, para fins empregatícios junto à Empasa, ele não apresentou faltas no seu histórico de frequência, graças “ao coluio” com Eriosvaldo Mendonça Perônico, responsável pela folha de frequência. “Enquanto Valdivino estava ausente, Eriosvaldo atestava a sua presença. Tal fato demonstra a prática de enriquecimento ilícito, com prejuízos à Emepa, pois, Valdivino se ausentou do trabalho para prática de ato criminoso, mas foi normalmente remunerado pelo Estado da Paraíba”, explicou o promotor de Justiça Alberto Vinícius Cartaxo da Cunha.

Segundo o Ministério Público, em uma das prisões, ocorrida em março de 2012, numa quinta-feira, em Campina Grande do Sul, no Paraná, ele foi flagrado conduzindo um veículo com 50 aves silvestres.“O local do crime fica a 3.342 quilômetros do local de trabalho do investigado. Seriam necessários pelo menos três dias para chegar à localidade. Todavia, a ficha financeira de Valdivino não aponta qualquer redução de salário em decorrência de faltas e o boletim de frequência indica que ele compareceu normalmente aos 31 dias de serviço daquele mês e ano”, contrapôs a promotoria.

Para a promotoria, fica atestada a incompatibilidade entre as prisões do denunciado e o seu comparecimento ao trabalho, em Patos, sendo que as faltas de Valdivino só eram possíveis graças à conduta de Eriosvaldo, que atestava a presença dele à Diretora de Recursos Humanos da Empasa. “A presença de Valdivino no serviço público só foi possível com a conduta dolosa de Eriosvaldo. Sem a sua participação, Valdivino já poderia ter incorrido em pena de demissão, em razão de outras ausências ao trabalho, documentadas e não documentadas. Se ele foi preso 14 vezes, é bastante possível que tenha praticado a condutas outras vezes e não tenha sido preso, tudo com a conivência de Eriosvaldo”, argumentou o promotor de Justiça.

Quando foi ouvido pela reportagem do Fantástico, Valdivino disse que “tinha muito dó” dos bichos. “O ideal era vocês virem aqui e ver que não tinha nada”, afirmou na ocasião. O funcionário público também admitiu que nunca pagou uma multa das que lhe foram imputadas por tráfico de animais.

Por Jhonathan Oliveira

Fonte: Jornal da Paraíba 

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