Municípios da Baixada Fluminense anunciam medidas para conter alta de abandono de animais

Municípios da Baixada Fluminense anunciam medidas para conter alta de abandono de animais
Gato abandonado em Nova Iguaçu: na cidade, placas com alerta foram instaladas nos principais pontos de abandono de animais. Foto: Divulgação

De cemitério para realizar enterros gratuitos de cães e gatos, passando por um hospital municipal exclusivo para os bichos, instalação de placas advertindo que abandonar é crime, e até a criação de um aplicativo para marcar castrações sem gastos e fazer denúncias de maus-tratos aos bichos. Essas são algumas das medidas que os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti estão adotando para reduzir o número de abandonos e ajudar e socorrer os animais.

Em Nova Iguaçu, na última sexta-feira, a prefeitura começou a instalar placas de advertência, em 15 pontos, onde são registrados com mais frequência o abandono de cães e gatos. “Não deixe para trás quem sempre está ao seu lado. Abandono de animais é crime” é o recado. A primeira placa foi instalada embaixo do viaduto do K-11, bairro nobre do município. Além disso, a cidade disponibilizou o telefone 2669-4910, da ouvidoria da prefeitura, para receber denúncias de maus tratos.

Em Meriti, a Subsecretaria de Promoção Social e Bem-Estar Animal utiliza o Pet App (21 99813-3737) para, entre outras coisas, marcar castrações, promover cadastro de adoções e vacinar os bichinhos contra raiva.

— O contato é feito exclusivamente por mensagens de texto de segunda a sexta-feira, de 8h30 às 17h30. Cada tutor de animais pode fazer uma castração mensal, e cada protetor (que cuida de vários animais abandonados), oito. Desde março, recebemos mais de 10 mil mensagens pelo Pet App e atendemos a mais de 8.500 solicitações — explica Luciene Maria, subsecretária da pasta.

O município criou ainda o Dia P, quando, a cada dois meses, é montado uma espécie de pet shop ao ar livre em bairros da cidade. Na oportunidade, são disponibilizados serviços gratuitos de banho e tosa e limpeza de ouvidos de animais em situação de rua.

— É um projeto em que buscamos parcerias com empresas ligadas a área pet. Com doações de produtos e serviço de veterinários e voluntários, fazemos uma ação social voltada para pets como limpeza de ouvido e corte de unhas, além de orientação veterinária. O atendimento pode ser marcado pelo Pet App ou por cadastro no bairro em que acontece a ação social — diz Luciene.

Em Caxias, a prefeitura montou três frentes para atender animais em situação de rua. Previsto para março, um canil será instalado em Xerém. O local contará, entre outras coisas, com salas de cirurgia, triagem, esterilização, laboratório e necrotério. A previsão é de que os animais recolhidos recebam tratamento e sejam colocados para adoção. Também serão inaugurados, ainda em março, um hospital veterinário, no Bairro Jardim Primavera e um cemitério gratuito para cães e gatos, em Xerém.

O Hospital Veterinário será inaugurado em março, segundo a Prefeitura de Duque de Caxias. Foto: Divulgação
O Hospital Veterinário será inaugurado em março, segundo a Prefeitura de Duque de Caxias. Foto: Divulgação

Pandemia piorou a situação

Ainda não há uma estatística com o número exatos de animais abandonados na Baixada Fluminense. Segundo a jornalista e protetora Karla de Lucas, que foi subsecretária estadual de Proteção e Defesa dos Animais, quando esteve à frente da pasta, em 2019, havia a estimativa de que 4 milhões de cães, gatos e equinos estavam em situação de rua em todo estado do Rio de Janeiro. Segundo ela, este número não diminuiu nos últimos três anos. Muito pelo contrário, aumentou ainda mais.

— De lá para cá o subiu muito o número de animais em situação de rua. Com a pandemia, muitas pessoas perderam o emprego e houve mais abandono — disse, lembrando que até 2019, apenas seis dos 92 municípios do estado tinham pastas de proteção aos animas:

— Lembro que São Gonçalo era uma das cidades com o maior índice de abandono de cães e gatos naquela época e que só seis cidades do estado tinham pastas de proteção anos animais. São João de Meriti é um dos municípios onde existe um trabalho para prevenção a maus tratos de equinos.

De acordo com Lucieni Maria, subsecretária de Promoção e Bem-estar Animal de Meriti, um projeto em parceria com um curral particular de Seropédica garante que cavalos, burros, jumentos e éguas sejam recolhidos nas ruas e levados para tratamento no local.

— Primeiro, após sermos comunicados (dos maus tratos ou abandono), fazemos uma visita técnica para verificar a situação do animal. Constatando a denúncia, acionamos o resgate que leva o animal em situação de vulnerabilidade para Seropédica. Lá, o equino recebe tratamento e pode ficar com o proprietário do curral, ser vendido por ele ou ser resgatado pelo dono — concluiu a subsecretária.

Já em Nova Iguaçu, a ouvidoria da prefeitura recebeu, de setembro até agora, mais de 30 queixas com denúncias de maus tratos ou de animais abandonados. Em todos os casos, de acordo com o município, as denúncias são repassadas para a as autoridades policiais.

Por Marcos Nunes

Fonte: Extra

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