Ninguém nasce mau caráter
Sônia T. Felipe
Todos nascemos abertos ao espelhamento do mal ou do bem que vimos à nossa volta, que imitaremos, que nos marcará, que deixará sua pegada em nossa mente, em nosso corpo e em nosso coração.
Se vivemos o mal, espelhamos mais rapidamente o mal, porque ele está solto à nossa volta. Toda criança é muito vulnerável, afetiva e emocionalmente, ao mal que os adultos lhe fazem ou fazem a alguém próximo dessa criança, quando ela não pode se defender nem pode defender a vítima da maldade adulta. Isso deixa uma marca indelével na alma infantil.
Se a criança vê que quem pratica o mal sai na boa, sem sofrer nada, ela pode concluir que esse é o melhor modo de se safar sem lesões em sua vida. Então, na hora de vir à tona uma emoção, se essa criança está marcada pelo mal, ela espelhará a emoção má. Chega a ser uma forma de catarse.
Descarregando o mal acumulado, a criança o deixa num gesto, para que os adultos possam ver o conteúdo latejante que a pressiona para o mal, que a destrói emocional e moralmente.
Em vez de xingar as crianças que praticam maldades e são cruéis contra outras crianças e animais, é bom observar esses comportamentos e se ver espelhado neles. As crianças não fazem nada que não tenham visto ou que não vivam vendo os adultos fazerem. Crianças se comportam por mimesis, imitação.
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