O outro lado do planeta

O outro lado do planeta

Por Ellen Augusta Valer de Freitas

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O oceano em si mesmo já é algo que nos fascina, nos provoca curiosidade, com suas águas caudalosas e sua profundidade e grandiosidade.

Saber que dentro dessas profundezas existem seres fantásticos, quase como se viessem de outros mundos, me faz comparar os oceanos a mundos, planetas diferentes.

Entre a terra e o oceano existem muitas semelhanças e seres aparentados entre si. Mas o mistério que os envolve sempre nos faz pensar no oceano como em outro mundo, como uma barreira que nunca iremos ultrapassar.

É com esta sensação que voltei depois de ter assistido ao filme The Cove, lá no Banco Central. O filme fala da morte de golfinhos que ocorre em uma localidade do Japão e que é desconhecida de todos, até mesmo dos próprios japoneses.

O Japão também nos parece ser do outro lado do mundo. Sensações como esta não cabem mais na atualidade, quando as conexões de todas as formas ligam tudo e todas as coisas.

Os mares, contaminados com chumbo, mercúrio e demais metais pesados, envenenam a vida marinha em geral, os peixes e, por fim, os grandes animais como golfinhos e seres humanos.

Pois para a maioria da população que acha que um peixinho é a coisa mais saudável e até algo ecológico, não lhe é informado que a grande totalidade dos peixes leva metais pesados que circulam na cadeia alimentar até o topo da cadeia, que são os golfinhos, e também o ser humano.

O cálculo é bastante simples. A pequena vida marinha, que é numerosa, concentra em si parte dos poluentes. Os predadores maiores consomem maior número de animais, que acabam concentrando naquele grande organismo uma quantidade de mercúrio muito maior, que pode levar à morte lenta, mas antes disso à cegueira e outras complicações.

O humano invade uma cadeia alimentar que não é sua. E ainda culpa os golfinhos, por estarem consumindo os peixes dos mares (argumento dos japoneses para seguirem matando golfinhos).

Essa matança local é algo que afeta toda a vida marinha, pois os golfinhos que passarem por lá terão como destino serem mortos para virarem carne de tubarão (como é falsamente rotulada a carne de golfinho), ou então atração de algum circo de horrores, que são os shows aquáticos…

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O filme que ganhou Oscar de melhor documentário é muito emocionante e mostra boa parte da realidade desses animais e seu triste destino.

Do que a humanidade pacata, sentada no seu sofá e apenas criticando o governo, não se dá conta é que ela financia estas e outras práticas no momento em que espera que as decisões sejam tomadas pelo governo, pela igreja, pelo Estado.

Como disse o capitão Paul Watson no filme, as principais mudanças que já ocorreram na humanidade aconteceram pela paixão das pessoas e não pelo governo.

Em vez de criticar o trabalho de quem faz as coisas, de quem dá a cara a bater e até mesmo corre risco de morte para fazer algo em que acredita, podem as pessoas que se incomodam tentar fazer o mesmo, ou fazer algo mesmo que pequeno em suas atitudes do dia a dia. Muita gente ativista está escondida em locais perigosos, correndo riscos diversos, se expondo em locais pouco amigáveis, para a grande maioria da população sequer saber do que ocorre.

As pessoas não têm culpa disso? No Japão, o governo e a mídia acobertam toda e qualquer informação, mas algumas pessoas têm ido atrás dessas informações, escondidas, correndo risco de serem presas, para poderem levar ao mundo fatos desconhecidos de muitos.

Se muita gente não sabe, tem também muita gente que sabe e que se abstém de fazer algo, esperando eternamente, acreditando que as coisas não são tão ruins assim.

O filme de hoje tocou fundo nas questões do ativismo e também sobre a inteligência e sensibilidade destes seres que pouco conhecemos. Mas que sabemos serem superiores a nós em muita coisa.

Fonte: ANDA


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