O uso de plumas e penas em roupas é problemático

O uso de plumas e penas em roupas é problemático
Manga de blusa com plumas. Reprodução/Pinterest

Nas últimas semanas de moda, algumas marcas apresentaram roupas com penas e plumas, que normalmente são usadas para embelezar e destacar esteticamente as peças de roupa. Mas, há um debate se é correto ou não o uso do tecido, que é formado a partir de animais. Nas últimas semanas de moda, algumas marcas apresentaram roupas com esses materiais.

As manifestações contra o uso de peles nas roupas ocorrem há décadas, pontuando que essa não é mais a única opção de material para nos manter aquecidos. A partir disso e do debate sobre a sustentabilidade das peles artificiais sintéticas, que são criadas com o uso de combustíveis fósseis à base de plástico, o uso de peles tem se tornado cada vez mais inaceitável na moda.

Modelo com casaco com penas em desfile Pre-Fall 2022 Gucci (Foto: Reprodução/Vogue Runway)
Modelo com casaco com penas em desfile Pre-Fall 2022 Gucci (Foto: Reprodução/Vogue Runway)

O fotógrafo da realeza e da lista A e fundador da Creatives4Change — iniciativa em que profissionais criativos se comprometem em não usar peles, peles exóticas e penas nos próprios trabalhos —, Alexi Lubomirski, observou que, como as pessoas costumam ver as penas como fantasias ou para decoração, o uso das plumas acaba ficando como um problema muito menor. Ao ser questionado pela Glamour sobre designers que se recusam a retirar as penas das criações, ele respondeu que esses artistas já o disseram que “as penas nos dão esse último sotaque para colocar algo que poderia ser percebido como mundano … coloque algumas penas e de repente se torna uma aspiração e uma fantasia.”. Lubomirski mesmo acreditando que evitar as penas possa desafiar a criatividade, questiona o uso do tecido. “Se você tirar as penas, como vai usar tecido para criar fantasia? Ao invés de confiar em algo que tem uma história sangrenta por trás disso…”.

“Todos sabemos de onde vêm essas coisas. Não podemos fingir, não podemos mais fingir ignorância. Não podemos dizer: ‘Ah , eu nunca soube realmente de onde vieram as penas.’ Ou, ‘Achei que tivessem acabado de ser apanhados do chão’. Sabemos que isso não é verdade. Então, quando você tem esse conhecimento, é forçado a tomar uma decisão.”, disse o fundador da Creatives4Change.

De acordo com o British Fashion Council (BFC), na Iniciativa de Moda Positiva, cada marca na programação oficial da London Fashion Week deverá enviar os próprios planos sobre o uso, na próxima coleção, de peles exóticas reais ou não e de plumas. “A pesquisa do BFC sobre o uso de peles continua a refletir o que é visto como uma mudança cultural, com mais designers e marcas internacionais optando por não mostrar peles como parte de suas coleções e cada vez mais se tornando empresas completamente livres de peles”, esclarece o Conselho.

A grife Burberry proibiu o uso de peles exóticas em maio, após repetidas campanhas de bem-estar animal feitas contra as práticas antiéticas e abuso de animais no início da cadeia de suprimentos.

Atualmente, alguns materiais biodegradáveis já estão sendo desenvolvidos para substituir as peles. A Pangaia criou o FLWRDWN™, que é feito de flores silvestres, biopolímero e infundido com aerogel, sendo uma alternativa aos casacos com penas. Além dessa alternativa, a Arket utiliza apenas, desde 2018, as penas que são recicladas, recuperadas de sacos de dormir e produtos de cama descartados. A ASOS vende itens feitos com “plumas falsas”, como clutch, vestidos, pijamas, entre outros.

Por Juliana Gomes

Fonte: In Magazine

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