ONG de proteção animal não consegue mais dar conta de tantos cães e gatos abandonados no Rio

ONG de proteção animal não consegue mais dar conta de tantos cães e gatos abandonados no Rio
ONG Indefesos, que resgata e cuida de animais abandonados, enfrenta dificuldades com o aumento de abandonos e as poucas adoções — Foto: Reprodução/TV Globo

O abandono de animais é uma questão de saúde pública e, mais do que isso, é crime previsto em lei. Mas enquanto as autoridades não criam medidas para controlar essa situação, ONGs e protetores de animais se desdobram para resgatar cães e gatos deixados a todo momento nas ruas. Mas a situação está cada vez mais insustentável.

A presidente da ONG Indefesos, Rosana Guerra, diz que o amor pelos animais não tem preço, mas que ser responsável por 150 cães custa muito caro.

“É desgaste emocional, além do financeiro. A situação dos animais abandonados está insustentável. Nós recebemos por dia muitos pedidos de resgate de abandonados. Pedidos de todos os lados, redes sociais, pedidos em grupos de proteção animal, pedidos da própria prefeitura”, disse Rosana.

Todos os dias a ONG Indefesos, de proteção animal, recebe em média 40 pedidos para resgatar bichos que foram abandonados.

No ano passado, uma cachorra Rafaela foi atropelada por um ônibus . Ela quebrou a coluna e estava sofrendo se arrastando pela calçada. Ela foi resgatada, levada para uma clínica, tratada e hoje corre livremente pela ONG , na companhia de outros cães como Gonçalo, Mauí e Esperança.

Mas histórias como essa vão diminuir, daqui em diante. Por falta de verba, a ONG encerrou temporariamente os resgates.

“Nós vamos parar temporariamente. Nosso trabalho é necessário, a gente não pode parar, a gente precisa muito de união, poder público, protetores e ONGs, a gente não dá conta de tantos pedidos. Não existe hospital gratuito, a população não consegue nem cuidar dos seus próprios animais, imagina se ela vai conseguir resgatar um animal na rua”, disse Rosana.

A presidente da Indefesos lamenta a falta de fiscalização e de punição para quem abandona animais na rua.

“Não existe punição, fiscalização para maus tratos, o estado não tem pessoas suficientes nem para fiscalizar nem para punir. Não existem campanhas de castração, projetos que esgotem animais nas ruas, não existe. Não existe conscientização e educação sob proteção animal e direito dos animais. Isso é fundamental”, disse Rosana.

Os voluntários conseguem socorrer 20 cachorros e gatos por semana. E esse é só o primeiro passo de um longo processo para recuperar a saúde dos recém-chegados. Todos os animais que chegam à ONG passam pela avaliação de veterinários.

Muitos precisam de tratamentos e remédios. Eles depois são castrados e ficam à espera de adoção. Enquanto isso, são alimentados e cuidados por cinco funcionários.

Além das dificuldades para manter o sítio, em Guaratiba, na Zona Oeste, o número de pedidos de ajuda está aumentando. E o espaço já está ficando pequeno para tantos animais.

“Esse espaço é amplo mas não adianta colocar 300 animais. Não temos canis de separação, estou com dificuldade, construindo com dificuldade. Quando tem espaço grande com muitos cães, não há qualidade de vida. Eles brigam entre eles. Precisa do mutirão, precisa ajuda do poder público, só assim a gente consegue ver luz no fim do túnel. O caminho é longo, mas é possível, todos precisam ser protetores, não só ONGs”, disse Rosana.

Enquanto falta dinheiro, sobra carinho. Um gesto de amor para ajudar quem retribui na mesma moeda.

“O animal é um amigo eterno, fiel companheiro. É uma troca que só quem tem animal sabe o que eu estou falando, é amor incondicional. Fiquei doente durante um período grande e eles me deram força para continuar batalhando, batalhando e batalhando”, contou Rosana.

A Prefeitura do Rio disse que tem dois abrigos para animais e que aumentou o orçamento das ações de proteção, além de investimentos como o programa de castração e a construção do hospital público veterinário.

Quem quiser adotar um animal ou ajudar a ONG Indefesos pode ligar para o telefone: 9-9919-5246.

Por Luciana Osório e Rayssa Colafranceschi

Fonte: G1

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