Ouriço resgatado de incêndio na Serra do Japi é alimentado com seringa em ONG de Jundiaí; vídeo

Ouriço resgatado de incêndio na Serra do Japi é alimentado com seringa em ONG de Jundiaí; vídeo
Ouriço resgatado de incêndio na Serra do Japi é alimentado com seringa em ONG de Jundiaí; — Foto: Reprodução/TV Globo

Um ouriço resgatado do incêndio que durou mais de uma semana na Serra do Japi, em Cabreúva (SP), recebe cuidados especiais da Associação Mata Atlântica em Jundiaí (SP). O fogo só foi controlado no nono dia, depois da chegada de chuva na cidade.

VÍDEO: Animais da Serra do Japi são resgatados

Segundo a ONG, ele teve diversas queimaduras e sofre com problemas na visão. O animal passa por um processo de reabilitação e é alimentado com uma seringa (veja acima).

Nesta quarta-feira (1º), as equipes continuam no local e fazem o trabalho de rescaldo e monitoramento da região. A queimada começou no dia 20 de agosto e devastou mais de 10 milhões de metros quadrados na serra, que é considerada uma das principais reservas da Mata Atlântica no Estado de SP.

Até o momento, 73 animais foram socorridos pela associação. A maioria deles ficou órfão durante o incêndio. De acordo com a ONG, o processo de reabilitação será longo e alguns deles podem não conseguir voltar ao seu habitat.

Animais foram afetados pelas chamas na Serra do Japi — Foto: Arquivo Pessoal
Animais foram afetados pelas chamas na Serra do Japi — Foto: Arquivo Pessoal

Além dos animais encontrados mortos, muitos outros foram socorridos com ferimentos e sinais de desidratação. A Associação Mata Ciliar montou uma base de apoio no local para atender os bichos.

Segundo apurado pela TV TEM, uma fêmea de cachorro-do-mato e uma irara foram atropeladas na Rodovia Edgar Máximo Zambotto. Já na terça-feira (24), quatro filhotes órfãos de cachorro-do-mato e dois filhotes de tapiti, também conhecidos como coelho-do-mato, foram encontrados sozinhos e levados para a base.

Filhote resgatado em incêndio na Serra do Japi — Foto: Divulgação
Filhote resgatado em incêndio na Serra do Japi — Foto: Divulgação

Um vídeo gravado por voluntários mostra uma família de saguis correndo pelas árvores na tentativa de escapar das chamas (veja abaixo).

VÍDEO: Vídeo mostra saguis fugindo de incêndio na Serra do Japi em Cabreúva

Investigação

A Prefeitura de Cabreúva (SP), cidade mais afetada pelo fogo, informou que prepara um relatório para o Ministério Público para identificar e punir o responsável.

O secretário de Meio Ambiente municipal, Maxwell Cavalcante Rodrigues, disse que vai ouvir as equipes que atuaram na linha de frente do combate à queimada na serra, como bombeiros, Defesa Civil e equipe do helicóptero Águia, da Polícia Militar, para colher informações para a confecção de um relatório que será entregue ao Ministério Público.

A suspeita é de que um curto-circuito em uma torre de transmissão de energia elétrica provocou todo o estrago. Agentes do Meio Ambiente estão fazendo o levantamento desse bioma para saber o que foi atingido, o que foi perdido.

“Esse relatório, a finalidade dele é demonstrar o real impacto causado pela queimada e tentar achar um possível culpado disso tudo”, disse Maxwell.

O secretário informou ainda que agentes fizeram um trabalho intenso, antes de ocorrer o incêndio, para orientar a população para não fazer fogo ou queimada, principalmente, no período de estiagem.

Queimada na Serra do Japi, em Cabreúva — Foto: Fernanda Elnour/G1
Queimada na Serra do Japi, em Cabreúva — Foto: Fernanda Elnour/G1

De acordo com o ambientalista Flávio Gramolelli Junior, a área atingida abriga centenas de espécies de fauna e flora. “Muitas delas são endêmicas, só podem ser encontradas aqui. Isso demonstra a importância. As queimadas começam a desturir toda essa vida. Nós estamos destruindo um patrimônio genético, um patrimônio que é da humanidade”, diz o ambientalista.

Ajuda do céu

A queimada na Serra do Japi começou no dia 20 de agosto e só foi dada como extinta depois da chuva da madrugada deste sábado (28). Segundo a Defesa Civil, choveu 21 mm em quatro horas na cidade.

A área atingida pelo incêndio na Serra do Japi, em Cabreúva, ultrapassou os 10 milhões de metros quadrados, segundo o levantamento da Defesa Civil municipal.

Chuva apagou fogo que devastou Serra do Japi, em Cabreúva (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM
Chuva apagou fogo que devastou Serra do Japi, em Cabreúva (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM

De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros, Flávio Medrado, o que dificultou o trabalho é que a área afetada é grande e de difícil acesso. A aeronave da Polícia Militar não vai até a cidade neste sábado por causa da chuva.

‘Prejuízo incalculável’

No total, mais de 100 pessoas trabalharam para combater as chamas desde o início do fogo, no dia 20 de agosto, entre bombeiros, guardas municipais, equipes da Defesa Civil e voluntários.

Apesar de a área já ultrapassar os 10 milhões de metros quadrados, as equipes acreditam que os danos podem se entender ainda mais. O trabalho de rescaldo continua nesta quarta-feira (1º). Para o Secretário de Obras e Meio Ambiente da cidade, as consequências serão severas.

“O prejuízo é incalculável. Se pegarmos a questão da parte de vegetação, foi bem triste de ver a situação. É quase uma situação pós-guerra. Porque o fogo passou e acabou com tudo”, afirma Maxwell Rodrigues.

Uma fazenda teve 20 colmeias atingidas pelo fogo na região de Cabreúva. Segundo apurado pela TV TEM, o apicultor e dono da fazenda chegou a perder 800 quilos de mel durante o incêndio. As colmeias ficavam dentro de uma área de mata na propriedade.

Fonte: G1

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