Pesquisadores encontram bactérias resistentes aos antibióticos na carne de porco

Pesquisadores encontram bactérias resistentes aos antibióticos na carne de porco

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo, junto com a organização World Animal Protection, detectou bactérias resistentes aos antibióticos na carne de porco vendida em supermercados da Espanha, Brasil e Tailândia.

A Universidade de São Paulo realizou, graças ao financiamento do grupo de direitos dos animais World Animal Protection (WAP), um estudo no qual encontraram bactérias resistentes aos antibióticos em mais de 100 amostras de carne de porco procedentes de grandes supermercados como Carrefour, GPA e Walmart na Espanha, Brasil e Tailândia, respectivamente.

A presença destas bactérias pode causar uma intoxicação no sangue, infecções do trato urinário e inclusive a morte, conforme os especialistas, que detalham que tais bactérias são produto do uso excessivo de antibióticos na criação dos porcos, sendo esta uma prática que também repercute no bem-estar dos animais.

Origem do Problema

“As condições oferecidas pelas fazendas industriais aos porcos geram estresse aos animais, o que implica um uso excessivo e constante de antibióticos”, explica Jacqueline Mills, chefe de agricultura da WAP.

Conforme Mills, as condições que repercutem no bem-estar dos animais estão relacionadas com o fato de que os porcos são usados como máquinas de reprodução, os leitões são separados muito cedo de suas mães, seu confinamento em jaulas estreitas onde esses animais descansam sobre seus próprios excrementos, e a mutilação do rabo dos leitões sem utilizar anestésicos, além de lixar seus dentes, entalhar as orelhas e castrá-los.

“Tudo isso gera, além do estresse entre os animais, um foco de infecção que é gerenciado com o uso descontrolado de antibióticos”, disse Mills.

Propostas

É por tudo isso que Mills opina que “os supermercados devem exigir que seus fornecedores melhorem o bem-estar dos porcos através de sistemas que fomentem o uso responsável de antibióticos”.

Com isso, a WAP trabalha com os fazendeiros para desenvolver sistemas de maior bem-estar, como tirar os porcos das jaulas com o objetivo de que estes animais possam expressar seu comportamento natural.

Por Javier López Villajos / Tradução de Alice Wehrle Gomide

Nota do Olhar Animal: O ponto a se destacar nesta notícia é o motivo para o uso indiscriminado de antibióticos, que são as violências cometidas contra estes animais durante sua criação, o que representa um terrível agravante em relação à maior violência de todas que é o abate em si, quando se viola o maior dos interesses dos bichos, que é o interesse em viver, violação que não é questionada pela WAP, focada em disseminar medidas de “bem-estar”.

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.