Petiscos intoxicados: perícia vai apontar quem são responsáveis pelo crime

Petiscos intoxicados: perícia vai apontar quem são responsáveis pelo crime
Petiscos para cães das marcas que compraram matéria-prima da Tecnoclean estão sendo recolhidos do mercado — Foto: O Tempo

As policiais civil de Minas Gerais e São Paulo estão em compasso de espera, aguardando a conclusão de laudos periciais, para solucionar o caso das intoxicação dos petiscos para cães por monoetilenoglicol. O crime ganhou repercussão em setembro, quando dezenas de animais morreram após comerem biscoitos que estariam contaminados por monoetilenoglicol – substância tóxica e que, a exemplo do que ocorreu com a cerveja Belorizontina, da Backer, já havia causado mortes e contaminações na indústria alimentícia.

Ao menos quatro empresas estão envolvidas na investigação. A Bassar Pet Food, que foi responsável pela venda dos produtos para cães que estavam intoxicados; a Tecnoclean, que repassou o propilenoglicol supostamente contaminado para a Bassar; a A&D Química, que teria vendido o produto para a Tecnoclean; e a Crystal Limp, que por sua vez, teria vendido o propilenoglicol para a A&D.

Em nota, as polícias dos dois Estados informaram que parte dos representantes das empresas envolvidas já foram ouvidos e que, no momento, a única barreira que impede a conclusão do inquérito é um laudo que vai comprovar a veracidade de uma ligação que teria sido feita entre representantes da Tecnoclean – que tem sede em Contagem, na região Metropolitana de Minas Gerais – e da A&D Química – localizada em Arujá, no interior de São Paulo.

A conversa, segundo a delegada Danúbia Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor em Minas Gerais, explica que o laudo vai comprovar se esses representantes sabiam que estavam vendendo para a Bassar um produto sem o grau USP – que atesta a pureza do produto que pode ser usado na indústria alimentícia.

“Nós já fizemos as oitivas dos representantes legais das empresas e as oitivas de outras pessoas, dos responsáveis técnicos e dos tutores dos animais cujos exames já apontaram a contaminação, e agora a gente aguarda esses exames que relacionam uma conversa telefônica de representantes da A&D e da Tecnoclean, onde há conversas relacionadas ao grau de pureza do produto que foi vendido e consequentemente usado no produto que matou os cachorrinhos”, diz Danúbia, que completa. “Vai ser analisado através disso qual empresa realmente incluiu esse grau USP, que atesta que o produto pode ser usado para consumo tanto humano quanto animal”, explica.

O caso já havia sido antecipado pelo Jornal O Tempo em setembro, quando representantes da A&D Química acusaram a Tecnoclean de tentar forjar os laudos do propilenoglicol apontando que o produto teria o grau de pureza que havia sido informado para a Bassar, responsável pela produção dos petiscos.

Não há prazo para quem o laudo seja concluído. A Polícia Civil também informou que não há uma data limite para que a investigação chegue ao fim, no entanto, a expectativa é que, tão logo a perícia da ligação seja concluída, o inquerito chegue ao fim e os responsáveis pela intoxicação do produto sejam denunciados formalmente.

Balanço

Em São Paulo, o inquérito sobre o caso inclui a morte de 22 cães, mas já há a confirmação de que a morte de outros animais, que foram registradas em outras delegacias do país, serão incluídas na investigação. Em Minas Gerais, até o momento, estão confirmadas 14 mortes, com o total de 42 intercorrências envolvendo cães.

Recall

A Bassar foi a primeira empresa do mercado pet a fazer um recall de produtos, em setembro, após dezenas de animais morrerem. Dias depois, mais 3 empresas tiveram de recolher produtos por suspeita de contaminação: a FVO Alimentos Ltda, a Peppy Pet e a Upper Dog Comercial Ltda.

Até o momento, o Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa) afirma que seis empresas já receberam determinação de recolhimento de seus produtos após detecção de 2 lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol, adquiridos da empresa Tecno Clean.

Por Pedro Nascimento

Fonte: O Tempo

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