Phelps, a cadela atirada de ponte e resgatada da água, já tem nome e está a melhorar

Phelps, a cadela atirada de ponte e resgatada da água, já tem nome e está a melhorar
Depois de ser resgatada.

Ninguém sabe ao certo o que aconteceu, mas tudo indica que a jovem cadelita resgatada das águas do rio Lima na passada terça-feira, 16 de maio, terá sido atirada de uma ponte. Agora que o pior já passou, está a recuperar bem e até já tem nome: Phelps, em homenagem ao célebre nadador norte-americano.

A associação Resgate Adoção Viana (RAV), que a acolheu e lhe deu o nome, diz à PiT que está tudo a correr pelo melhor. “Ela já está inserida na nossa matilha, super feliz e tranquila. Vai ser esterilizada e depois seguirá para adoção”, explica uma voluntária.

Phelps, que se estima que tenha dois anos de idade, tem muito medo de humanos, conta a sua protetora. “Mas em nós já confia”, diz, com alegria. A sua vida não terá sido fácil. “Ela esteve de certeza a vida toda à corrente. Tem feridas devido às carraças e de ter a corrente diretamente no pescoço, sem trela”, sublinha à PiT a mesma voluntária.

Phelps está agora nas mãos certas

E que lhe terá acontecido no dia em que foi encontrada dentro de água? Depois de ter sido abandonada junto à estação ferroviária de Viana do Castelo, presa a uma estátua, conseguiu soltar-se e andava a percorrer a cidade com uma corrente de ferro pendurada. A RAV tentou apanhá-la, mas sem sucesso. Entretanto, os voluntários ficaram 10 minutos sem a ver e foi o bastante para a patuda ficar numa situação muito perigosa. Não se sabe se foi atirada por alguém, mas é o mais certo, já que apareceu a nadar, muito aflita, no meio das águas do rio Lima, em pleno porto de Viana do Castelo.

Apesar de tudo, acabou por ter sorte. Uma pessoa avistou-a aflita, dentro de água, e alertou, tendo a patuda sido resgatada da água por um elemento do Instituto de Socorro a Náufragos (ISN) da Estação Salva-Vidas de Viana do Castelo e entregue depois à RAV, que tem estado a cuidar dela com o carinho com que trata todos os animais que acolhe, muitos deles com grandes traumas devido aos maus-tratos de que foram alvo.

“Como ela foi parar à água ninguém sabe. Quando a voltámos a encontrar, depois de ela andar a ser monitorizada por nós durante duas horas em que levou tudo na frente – esplanadas, etc., com a corrente de arrasto – e em que andou no meio do trânsito, apareceu depois já na saída do Rio Lima e em vias de entrar no mar”, conta a voluntária da RAV à PiT. “Estava muito cansada”.

Viana tem muitos maus-tratos e há que aplicar a lei

“No distrito de Viana, o flagelo do maltrato animal está completamente descontrolado e ainda há muita desinformação, porque a população pensa que a lei não penaliza quem abandona ou maltrata”, diz a mesma voluntária da RAV, referindo-se às declarações de inconstitucionalidade da lei vigente por parte do Tribunal Constitucional, que já por várias vezes considerou que essa mesma legislação viola a lei fundamental – o que já pode levar a que a lei de 2014 seja declarada inconstitucional, se bem que no passado dia 20 de abril, na reunião da comissão de revisão constitucional, os partidos tenham concordado em consagrar na Constituição a promoção do bem-estar animal para se tentar ultrapassar as decisões do Tribunal Constitucional sobre o tema.

A RAV não desiste de denunciar os casos de maus-tratos que encontra e no ano passado, entre PSP e GNR, apresentou 125 queixas-crime, refere a associação à PiT. “De salientar que a ‘parceria’ com a PSP, desde que se começou a ‘trabalhar’ com o comissário Costa Pereira, tem sido de excelência. Falta sensibilizar a população e as nossas crianças”, acrescenta.

“Se as pessoas começarem a perceber que a lei mudou e que está a dar frutos, talvez comecem também a perceber que o crime tem punição”, aponta a RAV, adiantando que agora, quando um animal é morto por alguém, já se fazem autópsias. “Mas quase ninguém sabe disso porque não é divulgado”.

Para a jovem Phelps, a ajuda chegou a tempo e em breve talvez alguém venha a apaixonar-se por ela e a dar-lhe a vida digna que merece. Até lá, está em segurança no abrigo da Resgate Adoção Viana, inserida numa matilha onde se sente feliz.

Percorra a galeria para ver fotos do dia do abandono e do resgate e depois já a receber cuidados veterinários e completamente integrada no abrigo da RAV.

Por Alexandra Ferreira

Fonte: Pit / mantida a grafia lusitana original

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