Polícia finaliza investigação sobre canil que teve mais de 1,7 mil cães resgatados em situação de maus-tratos em Piedade, SP
A Polícia Civil finalizou o inquérito sobre o canil de onde 1.708 cães foram resgatados por uma ONG, em Piedade (SP). O caso foi encaminhado à Justiça como crime de maus-tratos e canil clandestino, e aguarda o parecer do juiz.
Uma denúncia de maus-tratos mobilizou a força-tarefa no local, que foi interditado em fevereiro deste ano.
Parte dos animais foi adotada em feiras realizadas pela ativista Luisa Mell. Segundo ela, mais de 500 foram encaminhados para tratamento da doença do carrapato e mais de 50 morreram.
O G1 teve acesso ao laudo emitido pela Subsecretaria de Defesa dos Animais. No documento, a equipe registrou que a área de sete hectares do canil, considerado clandestino pela investigação, estava “totalmente fora dos padrões aceitáveis para tal finalidade”.
Segundo o registro, apesar do local ser uma área rural, nenhum dos animais tinha contato com terra ou grama e eles ficavam confinados em baias e gaiolas.
“Aparentemente, a limpeza é feita somente uma vez ao dia, visto que várias baias estavam sujas de fezes”, afirma um trecho.
Anteriormente, o Canil Céu Azul negou as acusações e afirmou que iria recorrer de uma multa administrativa de mais de R$ 5 milhões por maus-tratos. O Procon também aplicou uma multa de R$ 13.240 ao canil.
Conforme a Polícia Ambiental, foram contabilizados 1.743 animais no local fechado, sendo 1.708 em situação de maus-tratos.
Em entrevista à TV TEM na época, o advogado do canil, José Luiz Ribeiro Vignoli, disse que o local funcionava dentro da legalidade, inclusive com nota fiscal dos cães e da venda de filhotes.
Relembre o caso
O canil Céu Azul funcionava em um sítio na zona rural de Piedade, no bairro Goiabas. A Polícia Militar Ambiental recebeu uma denúncia anônima sobre a situação do estabelecimento e enviou uma equipe à área no dia 13 de fevereiro.
A Prefeitura de Piedade, por meio da Vigilância Sanitária, lavrou auto de infração e de interdição do canil devido às irregularidades. Segundo a administração municipal, o local não tinha alvará de funcionamento, inscrição municipal e não pagava impostos.
Após assinar o termo, a proprietária entrou na Justiça com um mandado de segurança para barrar a retirada dos animais, mas o pedido foi negado pela juíza Luciana Mahuad.
Em entrevista à TV TEM, a mulher disse que o complexo passava por reforma e adequações. O local funcionava há 20 anos e nunca foi fiscalizado.
O estabelecimento vendia cães para a rede Petz, que anunciou que não iria mais comercializar filhotes em suas 82 lojas espalhadas pelo país.
Por Carlos Dias, G1 Sorocaba e Jundiaí
Fonte: G1