Polícia investiga denúncia de tortura a cão em Morro Redondo, RS
A Polícia Civil investiga uma denúncia de tortura a um cachorro de uma chácara de Morro Redondo, no Sul do Rio Grande do Sul. De acordo com o dono, o cão, chamado de “Gambiarra”, ficou desaparecido por dois dias, reaparecendo com os olhos perfurados na última terça-feira (5).
“É o meu único cão. Tenho ele desde 2012. Ganhei ele dentro de uma caixinha de sapato, como presente”, conta o engenheiro aposentado Ivan Jonas de Barros Beck, de 67 anos.
O cachorro foi machucado na face, ficou cego e pode ter a audição prejudicada. Inicialmente, Ivan suspeitou que se tratava de uma briga entre cães.
“As carnes dele tremiam. A primeira coisa que eu fiz foi chamar o veterinário, que levou ele para a clínica e disse: ‘isso não está com jeito de ser briga de cachorro’. Eu queria acreditar que seria uma briga de cachorro”, relata.
O veterinário que atendeu o animal, Artur Guidotti Nunes, disse que não há chance de Gambiarra voltar a enxergar. Para o profissional, o cachorro levou um tiro, o que ainda não é confirmado pelo delegado Márcio Steffens, responsável pelo caso, que prefere aguardar o laudo para dar detalhes.
“Havia projéteis, de tiros mesmo. Consegui retirar alguns chumbos, três projéteis de 3mm”, relata o veterinário.
Foi quando viu os projéteis, na última sexta-feira (8), que Ivan associou os ferimentos do animal a um som que ouviu no dia do desaparecimento de Gambiarra, por volta das 19h de domingo (3).
“Eu escutei o tiro da minha cozinha de casa”, lembra. “Até achei que estavam tentando assaltar o meu vizinho”, diz Ivan.
O tutor acredita que o barulho de tiro que ouviu foi o mesmo que atingiu o animal e que o crime teria acontecido nas redondezas.
Ivan vive sozinho em uma chácara de Morro Redondo. O cachorro, de seis anos de idade e aproximadamente 60 kg, é o grande companheiro dele. O aposentado diz que o cão é muito dócil, que brinca com suas netas, que o chamam carinhosamente de “Bibi”.
“Ele assustava porque era grande, mas o que ele queria era te dar um abraço e, no máximo, uma lambida na cara”, brinca.
Ele conta que o cão costumava ficar em uma casa feita para ele no pátio, que a propriedade é cercada, mas que Gambiarra tinha acesso à rua. Eventualmente, o cão saía da propriedade, mas sempre voltava. Segundo Ivan, a região sempre foi muito tranquila.
Gambiarra está sendo medicado, e o veterinário vai avaliá-lo novamente nesta semana. As circunstâncias do crime ainda serão apuradas pela Polícia Civil. “O cachorro foi torturado e, possivelmente, seja alguém no entorno”, diz o delegado.
Por Joyce Heurich, G1 RS
Fonte: G1