Ponto das charretes em Petrópolis, RJ, amanhece sem os veículos de tração animal após decreto municipal

Ponto das charretes em Petrópolis, RJ, amanhece sem os veículos de tração animal após decreto municipal
Lado direito da Rua da Imperatriz, em frente ao Museu Imperial, amanheceu sem as charretes — Foto: Aline Rickly / G1

O ponto que era reservado para as charretes de tração animal em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, amanheceu sem os veículos neste sábado (30). A Prefeitura publicou um decreto na noite de sexta-feira (29) proibindo a circulação dos cavalos. A medida foi tomada cinco meses depois do plebiscito que decidiu pelo fim da atividade na cidade.

Fiscais da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) e agentes da Guarda Civil Municipal estão no local para garantir que a determinação seja cumprida.

As placas de sinalização que indicavam que o espaço era reservado para charretes já foram retiradas e, segundo o chefe da Guarda Municipal, Jeferson Calomeni, o trecho da Rua da Imperatriz está sendo usado para embarque e desembarque.

Charreteiros mostram que placa que sinalizava o estacionamento das charretes foi retirada — Foto: Alyssa Gomes / Inter TV
Charreteiros mostram que placa que sinalizava o estacionamento das charretes foi retirada — Foto: Alyssa Gomes / Inter TV

Os charreteiros foram para o ponto onde os veículos, popularmente chamados de vitórias, ficavam estacionados para tentar saber o que será resolvido a partir de agora. Embora não tenham sido notificados oficialmente, eles decidiram não confrontar a decisão da Prefeitura, segundo informou Roni da Silva, que exerce a atividade há 20 anos.

“Optamos por não trabalhar hoje para não haver nenhum problema, mas até o momento não sabemos como vai ficar a situação desses cavalos e das nossas famílias, que vivem disso”, disse.

Ele e um grupo deixaram os cavalos em casa e foram para o local questionar a decisão e ausência de comunicação entre a Prefeitura e os charreteiros.

Agentes da CPTrans e da Guarda Municipal conversam com os condutores e proprietários das 'vitórias' — Foto: Aline Rickly / G1
Agentes da CPTrans e da Guarda Municipal conversam com os condutores e proprietários das ‘vitórias’ — Foto: Aline Rickly / G1

Roni contou ao G1 que nos fins de semana o movimento nas charretes é maior devido a presença de turistas na cidade, e que é esse dinheiro que ajuda a pagar os custos com a alimentação dos animais, por exemplo.

“Toda segunda chega nota para gente e é a renda do fim de semana que usamos para pagar. Na próxima sexta-feira tem consulta com veterinário. Como vamos arcar com esses custos?”, questiona Roni.

Prefeitura de Petrópolis determinou o fim das atividades das vitórias na cidade — Foto: Aline Rickly / G1
Prefeitura de Petrópolis determinou o fim das atividades das vitórias na cidade — Foto: Aline Rickly / G1

Alternativas

O G1 aguarda resposta da Prefeitura sobre quando os charreteiros serão notificados e quais serão as alternativas oferecidas a eles após a proibição do fim da atividade que exerciam na cidade.

Na noite de sexta-feira (29), o município informou apenas que criou um grupo de trabalho que está estudando a realização do serviço de outra forma, sem o uso dos animais.

Além disso, afirmou que o caso de cada condutor e proprietário de charrete está sendo estudado individualmente para que sejam apresentadas soluções de empregabilidade de acordo com cada cenário. Ao todo, a Secretaria de Assistência Social cadastrou 15 famílias.

Opiniões se dividem

Mesmo após a realização do plebiscito e a decisão da Prefeitura de Petrópolis, as opiniões sobre as atividades das charretes com tração animal ainda se dividem.

Para o aposentado Eronides Manoel Dias, de 74 anos, que mora em Teresópolis, as vitórias fazem parte da tradição da cidade. Além disso, ele se preocupa com o destino dos charreteiros.

“Eles precisam trabalhar. Tem que ter outra opção então”, afirma Eronides.

A dona de casa, Adriana dos Santos Gomes, de 48 anos, é a favor da atividade porque, para ela, faz parte da história de Petrópolis.

“E agora, o que vai ser dessas famílias? Elas terão apoio do governo e do Estado?”, diz.

Já a professora Marta Bach, de 38 anos, apoia a iniciativa da prefeitura.

“Passo todos os dias perto do Museu e vejo os cavalos expostos ao sol. A cidade precisa evoluir e existem outros meios para conhecer o Centro Histórico sem explorar os animais”, disse.

Fonte: G1

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