Portugal: Associação de Oliveira de Azeméis invadida. “Abandonaram cá dentro três gatos bebés”

Encontrar animais abandonados à porta de associações ou em colónias é uma realidade que não é estranha à maioria dos protetores. Largar os frutos de ninhadas caseiras ainda é, para muitos, a solução para os bebés indesejados que nascem em casa, quando a esterilização resolveria este problema. A associação ResGato, de Oliveira de Azeméis, depara-se constantemente com este cenário – mas agora houve quem “elevasse a fasquia” e invadisse as instalações do abrigo, o que agrava o crime.
“Há 15 dias deixaram gatos bebés numa caixa, em casa de uma vizinha do abrigo, mas achamos que foi por engano. O ‘alvo’ era a ResGato. E nesta quinta-feira, 27 de julho, tínhamos à nossa porta uma transportadora com mais três animais bebés”, conta à PiT a presidente da associação, Matilde Evangelista. A porta, neste caso, não foi a do acesso exterior às instalações, mas sim a do próprio interior do abrigo. O que assusta muito mais.
A propriedade é do avô de Matilde. De um lado está a sua casa, do outro está o abrigo – já que gentilmente cedeu essa parte do terreno para a neta e as restantes cuidadoras poderem albergar os animais que acolhem. Acontece que, para aceder ao abrigo, nenhum estranho consegue abrir o portão por fora – mas alguém soube que isso era possível indo pelo portão da casa do avô de Matilde.
“Alguém acedeu abrigo pelo portão da casa do meu avô. Não contente, pegou numa transportadora que estava a secar e deixou lá os três gatos bebés”, explicou a presidente da ResGato.
Já não bastava o abandono de animais numa associação que se vê diariamente a braços com um aumento das despesas e agora também surge esta nova preocupação. “Estou preocupada pela segurança do meu avô. Se invadem a casa dele durante o dia, nem imagino o que poderão fazer à noite”, diz Matilde Evangelista. “Já não se trata só da segurança dos animais, mas também das pessoas. Até deixaram os cães do meu avô fugir”, lamenta. “Como eles dão sinal, deixaram o portão aberto para eles saírem e não ladrarem”.
Os três gatos bebés que ali foram deixados “estão super doentes, com os olhos colados”. “De certeza que são de uma ninhada caseira. Estamos fartos de dizer que estamos sem dinheiro e no limite”, explica a presidente da ResGato.
A situação, ao atingir este novo patamar, é um caso de polícia. E, por isso mesmo, “já apresentámos queixa-crime na GNR”, diz Matilde Evangelista. “Isto nunca nos tinha acontecido. Já fui assaltada duas vezes e a sensação é parecida: saber que entraram em nossa casa e mexeram nas nossas coisas. Não aceitamos o que aconteceu”.
Matilde Evangelista tem a certeza que o crime terá sido cometido por alguém que estaria a vigiar as instalações, à espera de uma oportunidade para entrar. “Conhecem a nossa rotina e sabem que entramos no abrigo pelo lado do meu avô .Uma voluntária saiu às 10h15 e outra chegou às 11h e deparou-se com os gatos bebés na transportadora. Por isso, foi nesse intervalo que os abandonaram lá dentro. O meu avô estava a cozinhar, de porta aberta, por isso de certeza que o viram de volta dos tachos”.
Gatos bebés precisam da mãe
Apesar das crescentes despesas, a associação já conseguiu instalar recentemente câmaras de vigilância. Além disso, já foi também comprada sinalética a alertar para o facto de se tratar de propriedade privada. “Temos de nos sentir em segurança e saber que os animais também estão seguros”, explica a presidente da ResGato à PiT. Essas mesmas câmaras poderão ser agora uma ajuda preciosa para ajudar a identificar a pessoa que invadiu a propriedade e tentar recolher a mãe dos pequenotes. “A gata mãe, que deve estar em prantos, tem de ser esterilizada”, referiu a associação num post na sua página do Facebook.
“Quem fez isto não foi num ato de desespero. É gente maldosa e de má índole, porque ainda levaram morangos que temos numas floreiras. Mas o que mais queremos é que nos entreguem a gata mãe, pois os bebés precisam de ser amamentados. Se eles estão doentes, provavelmente ela também está. E daqui a uns meses a gata volta a parir e os donos voltam a fazer o mesmo?”, questiona-se Matilde na conversa com a PiT.
Com estes novos gatos bebés, e a precisarem de cuidados veterinários, a associação apela à ajuda de quem possa dar o seu contributo. Tudo faz falta.
Percorra a galeria para conhecer alguns dos animais que a ResGato tem para adoção. E, se puder, dê o seu apoio.
Por Alexandra Ferreira
Fonte: Pets in Town / mantida a grafia lusitana original