Prefeitura encerra parte de contrato com empresa que administra Canil Municipal após vídeo de funcionário abandonando cachorra, em Botucatu, SP

Prefeitura encerra parte de contrato com empresa que administra Canil Municipal após vídeo de funcionário abandonando cachorra, em Botucatu, SP
Brisa (nome provisório) foi internada em clínica particular e passará por exames — Foto: Adriano Baracho/TV TEM

Uma reunião entre a Prefeitura de Botucatu (SP) e ativistas pela causa animal decidiu que vai encerrar parte do contrato com a empresa Pirangi, que atualmente administra o Canil Municipal. A reunião foi realizada nesta quarta-feira (20), após o flagra de um funcionário em uma viatura do canil supostamente abandonando uma cachorra em uma rua da cidade.

VÍDEO: Veículo do canil municipal deixa animal em terreno em Botucatu

A partir de agora, será feito um termo de colaboração para que outra Organização Social (OS) passe a gerenciar as atividades do local pelos próximos meses.

Segundo apurado pela TV TEM, a reunião ocorreu de portas fechadas no gabinete. O prefeito Mário Pardini conversou com representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs) e protetores independentes para discutir o plano de intervenção no canil.

Procurada pela produção da TV TEM, a empresa Pirangi disse que não foi comunicada sobre a decisão.

Relembre o caso

A decisão foi tomada depois da repercussão de um vídeo, publicado na ultima segunda-feira (18). Nas imagens, é possível ver o momento em que um funcionário do canil é flagrado ao soltar o animal em uma rua do bairro Jardim do Cedro.

Brisa, uma cadela de aproximadamente sete anos, foi resgatada por uma voluntária de uma ONG de proteção animal e passou por exames em uma clínica. Segundo a veterinária, ela está com anemia e problemas nos rins.

A prefeitura abriu uma sindicância para apurar a suspeita de abandono por parte do funcionário. Na próxima semana, uma nova reunião está marcada para definir o processo de transição da gestão do canil.

Lei do cão comunitário

Cachorra foi resgatada pela voluntária Luciana Ferreira e internada em clínica particular — Foto: Adriano Baracho/TV TEM
Cachorra foi resgatada pela voluntária Luciana Ferreira e internada em clínica particular — Foto: Adriano Baracho/TV TEM

A supervisora veterinária do Canil Municipal, Sabrina Moreira Legatti, disse que a cachorra foi resgatada pelo órgão no último dia 11 de março e, desde então, passou por tratamento com antibióticos para erliquiose (doença do carrapato).

Ainda segundo a supervisora, a cachorra, após recuperada, foi solta no local (assim como mostra o vídeo) onde havia sido resgatada, com base em uma lei estadual que recomenda a soltura de “animais comunitários” no seu local de origem, onde possuem vínculos, mesmo que não tenha um dono definido.

De acordo com definição da lei nº 12.916/2008, o cão comunitário é “aquele que estabelece laços de dependência e manutenção com a comunidade em que vive, embora não possua responsável único e definido”.

‘Estado precário’

Entretanto, segundo Luciana Ferreira, voluntária da causa animal chamada para resgatar a cachorra, o animal precisou ser internado em uma clínica particular, pois apresentava um quadro de fome e de dores, o que inviabilizava a soltura.

“A gente sabe que eles [canil] fazem isso com base nessa lei, mas o que questionamos é que essa cachorra estava muito debilitada, anêmica e apática, e com muitas dores, e que nessas condições ela não deveria ser solta, a não ser que houvesse alguém que pudesse cuidar dela”, disse Luciana.

Na avaliação preliminar feita na clínica, foi constatado que a cachorra, de cerca de sete anos, apresentava acúmulo de fezes e alterações nos rins, fígado e pâncreas. Exames de sangue ainda vão indicar a situação clínica do animal.

Segundo a voluntária, apenas depois de diagnosticada e tratada é que Brisa, nome provisório que a cachorra ganhou, terá seu destino definido.

Fonte: G1