Projeto busca espalhar casinhas sustentáveis para animais de rua em Lavras, MG
O inverno teve início na última semana e com ele, o frio. Nas ruas da cidade, uma cena que estamos acostumados a ver desperta a sensibilidade de algumas pessoas: cachorros abandonados sofrendo as consequências do tempo. Foi o que aconteceu com a Daiana Garcia. Sensibilizada com a causa, ela desenvolveu o Projeto Cachorro Quente, que espalha casinhas sustentáveis para dar abrigo aos cães que dormem nas ruas de Lavras (MG).
Antes de desenvolver o projeto, o amor pelos animais já tinha virado trabalho para Daiana. Ela começou como voluntária cuidando de bichos no Parque São Francisco de Assis, mas ao ver a dificuldade que eles tinham para manter tantos animais, acabou levando o “trabalho” pra casa.
“Lá eles estão com 450 cachorros e já não comporta mais cães. Então eu vi que eles precisavam de ajuda e comecei a fazer os resgates por conta própria, levando eles pra minha casa. Hoje eu tenho 70 cães no meu canil.” Além de dar abrigo para os cachorros doentes e machucados, ela tem um projeto de castração dos animais de rua para diminuir a população canina abandonada.
Mas em casa, o espaço também foi ficando pequeno e ela ainda queria cuidar dos animaizinhos de rua. Foi então que surgiu a ideia de levar as casinhas de cachorros para a rua. “Este mesmo projeto foi implantado no Rio Grande do Sul e me chamou muita atenção, então comecei a pesquisar e vi que era possível”.
Casinhas sustentáveis
O Projeto Cachorro Quente nasceu há um mês e meio. A ideia principal é dar um lugar quentinho para os cães dormirem neste inverno.
“Eu acho que o animal de rua é o que mais sofre. A gente deita todo dia numa cama quentinha, o morador de rua pode pedir ajuda para alguém e o cachorro não. Ele não sabe pedir, não sabe falar.”
As casinhas, adquiridas em Campinas (SP), são sustentáveis, feitas de materiais reciclados como papelão, caixinhas de leite e garrafas pet. Estes materiais são triturados e viram uma fitinha, para depois serem prensados com cola. Segundo Daia, a duração da casinha é de 4 a 5 anos.
Cada moradia custa R$ 50 e abriga cães de todos os portes. “Nós conseguimos estes abrigos com a ajuda de patrocinadores. Cada uma das casinhas representa uma pessoa que comprou esta ideia”.
Ao todo, cem casinhas estão sendo distribuídas pelos bairros e praças da cidade. O projeto começou a ganhar visibilidade e atrair o interesse de outras cidades mineiras. Daiana conta que já foi procurada por pessoas de Pouso Alegre, Juiz de Fora, Nepomuceno e São João Del Rei.
Quem ganha são os animais, que aliás, Daia destaca, adoram o novo lar. “Tem um cãozinho que a gente acompanha que não quer sair da casa nem pra comer e fazer xixi. Quando está quente e a casinha faz uma sombra, ele deita nesta sombra para não se afastar muito e correr o risco de outro entrar no seu lugar, ou até mesmo medo de alguém tirar ela de lá.”
Manilha para animais de rua
Em Varginha (MG), uma ideia parecida também instala abrigos para cães de rua. Há uma semana, o Terminal Rodoviário da cidade está com uma aparência diferente. Após iniciativa de um vereador da cidade, a prefeitura criou uma espécie de “cãodomínio” no local. O projeto Manilha para Cães propõe a colocação de manilhas e casinhas construídas com materiais reciclados para os animais neste inverno.
“A nossa constituição federal fala no artigo 225, no parágrafo 1º, inciso 7, que é vedado maus tratos aos animais, praticar crueldade. Então eu acho que os cachorros perambulando pelas ruas, com fome e sede, é uma forma de maus tratos”, disse o vereador Cláudio Abreu (PTB), que pediu o espaço para a prefeitura para que as manilhas fossem instaladas.
Até o momento, há quatro manilhas e duas casinhas de paletes reciclados espalhados pela rodoviária, mas a expectativa é que o projeto amplie para outras áreas da cidade. As casinhas serão construídas com caixinhas de leite, suco e paletes reciclados.
Segundo o secretário de Turismo, Barry Charles, além do abrigo, os animais recebem alimentação de pessoas da comunidade. “Atraindo estes animais para as casinhas, a gente consegue fazer um trabalho de cuidado com veterinários, castração”, explica.
Por Lara Silva (sob supervisão de Samantha Silva, do G1 Sul de Minas)