Protesto na Irlanda contra a ‘completamente inaceitável e totalmente sem sentido’ proposta de abate de texugos
No fim de semana do dia 11, uma manifestação foi realizada nas escadarias de Stormont em resposta ao que foi descrito como matança “sem sentido, imoral e totalmente cruel” de texugos em toda a Irlanda do Norte.
O abate foi proposto pelo Departamento de Agricultura, Meio Ambiente e Assuntos Rurais (DAERA) como parte das tentativas de erradicar a tuberculose bovina na região.
Uma consulta pública ficou aberta até a sexta-feira anterior para apresentar propostas destinadas a combater a crescente transmissão da tuberculose bovina, incluindo o abate da população de texugos e redução dos pagamentos de avaliação aos agricultores para vacas infectadas.
Segundo o grupo de direitos dos animais que organizou o protesto, essas propostas são “desumanas” e “indiscriminadas” a uma espécie protegida.
Richie Duprey, originalmente de Armagh, é membro do grupo de campanha Northern Ireland Says No to Animal Cruelty. Ele afirmou que o ato, organizado em conjunto com o NI Badger Group, esperava aumentar a conscientização sobre os “texugos, usados como bodes expiatórios”, e uma matança “sem respaldo científico.”
O abate também era combatido pela USPCA, pelo Ulster Wildlife e dois partidos políticos.
Duprey explicou ao jornal Belfast Telegraph que o tiro controlado seria o método utilizado com predominância.
“Esta prática foi considerada ineficaz e desumana pelo UK Government’s Independent Expert Panel (Painel de Especialistas Independentes do Governo do Reino Unido). Ainda assim, eles consideram esta uma forma completamente aceitável de cuidar do problema”, afirmou.
“Há muito poucas evidências de que a transmissão do texugo para a vaca seja realmente algo a se considerar. Risco maior é do gado para o texugo.”
“Não existe qualquer evidência conclusiva de que o abate de texugos interrompa a disseminação da tuberculose em bovinos ou texugos, sendo que com a maioria dos especialistas concorda que o abate é completamente ineficaz”, acrescentou.
“Na Irlanda, aproximadamente um em cada cinco texugos apresentam vestígios de tuberculose. Existem cerca de 35.000 texugos no Norte. Destes, 80% não foram infectados. Para nós, é um absurdo assassinar animais selvagens com a ilusão de que isso fará diminuir milagrosamente os casos de tuberculose bovina.”
Duprey disse que o País de Gales, com um programa de vacinação em vigor, tem resultados mais eficazes do que a República da Irlanda, com o abate de texugos.
Segundo Duprey, após falar com os fazendeiros locais e coletar dados, o grupo acredita que Co Armagh seja um dos oito locais com a tuberculose em que o abate de texugos poderia ocorrer.
Duprey também disse que grande parte da comunidade agrícola também é contra o abate e que o objetivo dos protestos “não será demonizar os agricultores.”
“Não estamos contra a redução da transmissão da tuberculose, afinal, somos um grupo de direitos dos animais e isso, claro, inclui a proteção da vida do gado. Todavia, não acreditamos no abate de animais saudáveis como resposta”, afirmou.
“Primeiramente, precisamos melhorar a criação de gado e o controle de infecção, bem como a qualidade da vacina a ser aplicada.”
“Se as propostas forem aprovadas, o abate começará em julho de 2022 e ocorrerá ao longo de vários meses, a cada ano, podendo durar indefinidamente.”
“Numa época em que a Irlanda do Norte é a parte que menos preserva a natureza no Reino Unido, propor a remoção de milhares dessas espécies-chave do campo é completamente inaceitável e totalmente sem sentido”, disse ele.
O Ulster Farmers’ Union (UFU) destacou que os agricultores estão preocupados com algumas das “propostas extremistas” da consulta, incluindo o corte do pagamento de avaliação em 25%.
O presidente da UFU, Victor Chestnutt, declarou: “Isso afetará seriamente a viabilidade dos negócios agrícolas em toda a Irlanda do Norte, sem contar que o máximo que pagarão por qualquer animal, independentemente da criação, é de £ 5.000 (R$ 36 mil).”
“Ambos impactaram nossa visão com outras propostas no âmbito da consulta, especialmente em testes gama e nos custos adicionais direcionados aos nossos agricultores.”
“Esta estratégia para tuberculose bovina e o resultado da consulta afetarão nossos agricultores nos próximos anos. Peço a eles que nos ajudem a ajudá-los antes que seja tarde demais.”
Um porta-voz do DAERA reiterou que o Ministro da Agricultura, Edwin Poots, “reconheceu repetidas vezes” os desafios que a indústria agrícola enfrenta em relação às altas taxas de tuberculose bovina. Porém, “decisão alguma será tomada em relação às propostas no âmbito da estratégia até que o ministro considere as respostas às consultas.”
Acrescentaram que as propostas são “baseadas na experiência, evidências de outras jurisdições e em pesquisas científicas sólidas”.
“Uma variedade de opções foi considerada como parte da evolução das propostas atuais, incluindo a implementação de única via de vacinação desde o início”, disseram eles.
“No entanto, essa opção foi descartada com base nas evidências científicas disponíveis, com referência à Seção 4.1 do documento de consulta.”
“Todavia, o Departamento revisará constantemente a opção de vacinação conforme a pesquisa científica, eficácia e relação custo/benefício.”
O protesto teria início às 13 horas na parte inferior das escadas do Assembly Building, no sábado, 11 de setembro.
Por Amy Cochrane / Tradução de Alan Dalles
Fonte: Belfast Telegraph
Nota do Olhar Animal: Como quase sempre, a reação das incompetentes autoridades sanitárias é promover a matança de animais para controlar a população e/ou doenças, evidenciando seu despreparo técnico e sua ética rasa.