Protetora anuncia fechamento de ONG em MT: “Sinto que falhei”

Protetora anuncia fechamento de ONG em MT: “Sinto que falhei”
Michelle Scopel contou que situação financeira se agravou quando ela perdeu um dos empregos. - Midia News

A coordenadora da Organização de Proteção Animal de Mato Grosso (Opa-MT), Michelle Scopel, decidiu fechar as portas da instituição após o abrigo não ter mais recursos financeiros para se sustentar. Ela contou a situação piorou quando ela perdeu um dos empregos, cuja renda era utilizada para pagar o aluguel do local usado por cerca de 70 animais. 

Além dos gatos e cachorros que correm o risco de serem despejados do imóvel por falta de pagamento, Michelle explicou que também possui outros animais em lares temporários e abrigos do interior. 

“Tudo indica que teremos que fechar o local. Não temos mais condições de manter os aluguel. Estou pedindo ajuda para doar ou conseguir abrigo temporário para os animais que estão na Opa. Todo mês é o mesmo desespero. Agora não tenho mais a renda que tinha. Estou desempregada”, lamentou Michelle. 

A protetora animal explicou que neste mês não conseguiu arrecadar todo o dinheiro necessário para o pagamento do imóvel onde funciona a Opa. De acordo com ela, faltam R$ 1.250 mil para que a dívida seja quitada. 

“Se não conseguirmos pagar esse aluguel, os animais vão ter que voltar para a rua, porque ninguém vai querer me alugar um local de graça. Estou fazendo o possível para conseguir pessoas que fiquem com esses gatos e cachorros”, contou.  

Sinto que falhei, não consegui fazer minha parte. Tratei, castrei, alimentei e vacinei, mas me sinto impotente, porque agora todos eles correm o risco de serem despejados”, desabafou. 

Michelle contou que, durante o mês de março a Opa, conseguiu fazer a doação de apenas três animais. Segundo ela, o processo de adoção dos gatos e cachorros abandonados é extremamente difícil. 

Emocionada, a protetora animal contou que sente que “falhou” em sua missão de proteger os animais. 

A coordenadora ainda criticou a falta de apoio do Poder Público aos protetores animais em Cuiabá. 

“Não temos ajuda da Prefeitura de Cuiabá, que tem uma Diretoria de Bem Estar Animal. É complicado, porque estamos fazendo a parte do Poder Público”, avaliou. 

Michelle explicou que a Opa tem despesas de cerca de R$ 6 mil mensais, entre aluguel, ração, medicamentos e funcionários do abrigo. 

Histórico 

Protetora de animais, Michelle Scopel lamenta falta de recursos para manter o projeto. – MidiaNews

Com oito anos de existência, a Opa-MT costuma enfrentar crises financeiras constantemente. Em fevereiro deste ano, Michelle contou ao MidiaNews que a instituição enfrentava um grande problema financeiro. 

Na época, ela explicou que as dívidas do abrigo ultrapassavam R$ 130 mil, sem contar os aluguéis de duas casas para abrigar os animais, que custam R$ 1.600, e o hotelzinho para sete cães, que custam R$ 1.050 por mês.

Segundo Michelle, a Opa não recebe ajuda financeira de nenhum órgão público. Para ela, apenas ONGs e protetores não conseguem resolver o problema do grande número de animais abandonados nas ruas.

“Isso é uma questão de saúde pública. Não é minha obrigação fazer o papel da Prefeitura de Cuiabá, mas, infelizmente, não consigo deixar um animal sofrendo”, falou.

Além dos gastos com aluguel e veterinário, Michelle também precisa arcar com outras despesas, como ração para cães e gatos, material de limpeza, luz, vacinas, vermífugos, remédios para carrapatos e areia para os gatos, além da manutenção do abrigo. 

Por Bruna Barbosa 

Fonte: Midia News

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