Quarentena evitou que milhares de animais silvestres fossem mortos atropelados em estradas nos EUA

Quarentena evitou que milhares de animais silvestres fossem mortos atropelados em estradas nos EUA
Um veado se alimenta no Parque Nacional de Yosemite, na California Foto: APU GOMES / AFP

Um novo relatório, divulgado pelo “The Washington Post”, diz que a pandemia do novo coronavírus pode ter salvado milhares de animais selvagens morressem atropelados. Com a quarentena, o tráfego rodoviário diminuiu cerca de 70% nos três estados avaliados pelos pesquisadores: Califórnia, Idaho e Maine. E o número de acidentes de carro envolvendo veados, ursos e outros grandes mamíferos também caiu.

O Maine registrou 44% menos vítimas de atropelamentos, de acordo com o estudo da Universidade da Califórnia em Davis. O número de mortos na Califórnia caiu 58% entre os leões das montanhas e 21% no geral. Se uma queda semelhante ocorresse nos Estados Unidos como um todo, onde algumas estimativas sugerem que um bilhão de animais selvagens são mortos por veículos a cada ano, cerca de 200 milhões de vidas de animais seriam poupadas anualmente.

“Esse é um benefício enorme para as populações de animais silvestres em todo o país”, disse ao jornal americano Fraser Shilling, co-diretor do Road Ecology Center da UC Davis, que ajudou a produzir o relatório. Ele enfatizou, porém, que isso não significa que a pandemia tenha sido uma coisa boa: “Do ponto de vista da humanidade, é péssimo. Mas do ponto de vista científico, tudo é interessante”.

Um urso monitorado no Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia. Foto: APU GOMES / AFP

A pesquisa usou dados coletados regularmente pelos departamentos de transporte dos três estados, unidades de patrulha rodoviária e agências de vida selvagem. Com informações que datam de 2015, os cientistas conseguiram comparar o que aconteceu durante a quarentena em cada estado com os números normais de atropelamentos. Durante essa janela de baixa atividade, os resultados foram impressionantes, segundo o “Post”.

Só na Califórnia, em Idaho e Maine, os declínios se traduziriam em menos 13 mil carcaças de mamíferos grandes ao longo das estradas. Na Califórnia, menos tráfego pode salvar cerca de 50 grandes felinos por ano, de acordo com o relatório, que se baseou em estatísticas de apenas três estados porque eles coletam dados sólidos sobre acidentes nas estradas. “E mesmo esses números provavelmente são significativamente subnotificados”, afirmou Shilling ao jornal.

O estudo da UC Davis não contabiliza a morte de animais menores, como guaxinins, gambás, tartarugas, cobras ou pássaros. Se eles fossem incluídos, e o número fosse escalado para todo o país, a verdeira quantidade de atropelamentos evitados na quarentena poderia chegar a centenas de milhões.

Shilling, um ecologista que estuda o impacto dos sistemas de transporte na natureza, disse que a queda repentina e extrema no tráfego rodoviário apresentou aos cientistas um experimento que nunca poderia ter sido realizado em tempos normais. A amostragem de dados já existente permitiu que eles se aproveitassem dessas circunstâncias sem precedentes.

“(Dirigir menos por algumas semanas) É provavelmente a maior ação de conservação que já tomamos como país”, opinou Shilling: “Fizemos isso acidentalmente. Mas não consigo pensar em outra ação nos últimos 50 anos que tenha esse tipo de conseqüências para muitos animais”.

Fonte: Extra

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