Quase 10 mil cães e gatos foram castrados em Angra do Reis (RJ) desde a criação do departamento de Bem-Estar Animal

Quase 10 mil cães e gatos foram castrados em Angra do Reis (RJ) desde a criação do departamento de Bem-Estar Animal
Foto: Daniel Silva - Prefeitura de Angra dos Reis

Cuidar da saúde de seu bichinho de estimação é garantir que ele tenha uma vida mais longa, mais plena e mais feliz. Em Angra, onde existe um departamento exclusivo para o Bem-Estar Animal, desde 2018 têm sido realizadas uma série de atividades para contemplar a causa animal no município – campanhas de adoção, mutirão de castração e outras ações de esclarecimento são apenas algumas das ações promovidas pela superintendência para conscientizar a comunidade sobre os cuidados que devem ser dispensados aos pets.

Para se ter uma ideia, desde a criação do departamento, há cinco anos, mais de 9.500 animais, entre cães e gatos, já foram castrados; destes, cinco mil só no Mutirão de Castração de 2022, que atendeu moradores de diversas partes da cidade, como Vila do Abraão e Parque Mambucaba. Este ano, diz o departamento, a expectativa é que através de um novo mutirão mais cinco mil animais passem pelo procedimento de esterilização.

“A realização do mutirão é de grande importância para o município. Além de ajudarmos no controle populacional, também oferecemos as melhores condições para os animais e seus tutores. Após a castração, distribuímos toda a medicação e a roupa cirúrgica necessária no pós operatório “, detalhou Lia Freitas.

Já a diretora do departamento, Karen Ururahy, lembrou que a castração traz diversos benefícios para os animais, mas ainda é preciso que a população se conscientize ainda mais sobre o impacto positivo da castração na vida de cães e gatos.

“Precisamos que os tutores tragam cada vez mais os seus animais para a castração, pois é um procedimento de extrema importância para a causa animal de Angra dos Reis. Por isso, é preciso que toda a população se conscientize sobre os cuidados com os animais e a importância do procedimento”, disse Karen.

Foto: Luís Fernando Lara - Prefeitura de Angra dos Reis
Foto: Luís Fernando Lara – Prefeitura de Angra dos Reis

Adoção

Outra ação de destaque do Bem-Estar, de acordo com Karen Ururahy, são as campanhas de adoção. Com edições quinzenais, as campanhas já deram um novo e amoroso lar a mais de 140 animais. Além disso, o departamento já realizou mil atendimentos emergenciais para socorrer animais em situação de rua. Em prol da causa animal, a Superintendência também realiza campanhas de conscientização com ações educativas nas escolas municipais e nas principais ruas da cidade.

Foto: Luís Fernando Lara - Prefeitura de Angra dos Reis
Foto: Luís Fernando Lara – Prefeitura de Angra dos Reis

Veterinário ensina como proteger cães e gatos ‘comunitários’

Mesmo sem um tutor definido, os animais criam laços de afeto e dependência na comunidade em que vivem. Animais comunitários, como cães e gatos, também têm direito a cuidados e atenção. Bruno Alvarenga, professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), orienta o manejo adequado para acolher e proporcionar uma melhor para esse grupo. O especialista alerta: cuidar destes pets é uma responsabilidade compartilhada.

Segundo Alvarenga, os cuidados básicos com animais comunitários são semelhantes aos oferecidos aos animais domésticos: alimentação balanceada, acesso à água limpa, vacinação e vermifugação periódicas. Também é importante identificar e tratar parasitas externos, como pulgas e carrapatos, o que pode ser facilmente feito durante a manipulação dos animais. O especialista também indica à comunidade comprar periodicamente medicações que previnem contra parasitas – em alguns casos, os medicamentos conferem proteção por até 90 dias.

Outro ponto levantado pelo veterinário é que a desnutrição, percebida pela perda acentuada de massa muscular e costelas proeminentes, não está restrita à falta de comida, mas também à falta de nutrientes específicos na dieta. “Por exemplo, gatos não sintetizam taurina em seus corpos, sendo necessário seu fornecimento na dieta. O uso de rações próprias para cada espécie é a maneira mais segura de fornecer alimentação adequada”, aponta.

Ferimentos e traumas são situações não são incomuns com animais comunitários. Em ferimentos superficiais, Bruno sugere lavar a área com água e sabão, seguido por soro fisiológico. Segundo o especialista, além de procurar um atendimento veterinário, feridas abertas devem ser lavadas pelo menos duas vezes ao dia para evitar ovos de moscas. Nos casos de ferimentos graves ou animais que não permitem manipulação, deve-se buscar assistência de saúde para tratamento adequado.

O controle da população de animais comunitários é uma medida urgente, que deve ser feita por meio da esterilização de machos e fêmeas. O veterinário esclarece que a castração pode ser realizada a baixo custo em unidades de ensino e por meio de programas dos governamentais, que disponibilizam inscrições periodicamente. “Cuidar dos animais comunitários é uma responsabilidade compartilhada. Com orientações adequadas e ação coletiva, é possível proporcionar uma vida mais saudável e digna para esses seres, que compartilham conosco os espaços urbanos”, completa Bruno.

Abandono é crime

No Brasil, o abandono de animais foi tipificado como crime desde 1998, pela Lei 9.605/98. Em 2020, a Lei Federal 14.064/20 impôs pena de até cinco anos de prisão para tutores identificados nesse ato ilícito. No entanto, a penalidade é considerada relativamente leve quando comparada aos traumas que os animais abandonados podem sofrer. Pesquisa divulgada pelo Instituto Pet Brasil (IBP) a partir de dados de 400 organizações ONGs e grupos de protetores que atuam no acolhimento desses animais, o Brasil abriga 184.960 bichos em situação de abandono. Desse montante, 96% são cães e 4% correspondem a gatos.

Fonte: Diário do Vale

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