Quase 200 cães destinados ao consumo humano são resgatados na Coreia do Sul

Quase 200 cães destinados ao consumo humano são resgatados na Coreia do Sul
Viviam em condições miseráveis.

Quase 200 cães foram resgatados de uma quinta na cidade de Asan, na Coreia do Sul, nesta quarta-feira, 8 março, avançou a Humane Society International (HSI), uma organização de defesa dos direitos dos animais. Os animais estavam destinados ao consumo humano e foram encaminhados para centros de reabilitação nos Estados Unidos e no Canadá.

Os cães estavam “assustados e confusos” e viviam em condições miseráveis. Muitas das cadelas estavam grávidas e várias outras tinham dificuldade em manter os seus bebés recém-nascidos vivos por causa do frio. “Eles não estão acostumados com as pessoas, mas estão bastante dispostos a interagir”, disse Lee Sang-kyung, diretor de campanha da HSI, em comunicado.

Uma das cadelas recebeu o nome de Samsun. A patuda era forçada a procriar e todos os seus filhotes eram vendidos ou abatidos para a indústria da carne. Foi resgatada com outros três crias e tinha os peitos visivelmente inchados. “Muitos dos cães desta quinta estão claramente traumatizados e precisarão de todo o amor e paciência que pudermos dar para começarem a sentirem-se melhor”, disse o diretor.

Já Mia, uma Labrador também usada para procriação, vivia numa jaula localizada no fim de um corredor cheio de outras. A cadela fez um pequeno buraco no placar que separava a jaula do corredor para conseguir ver o lado de fora.

“Foi assim que passou todos os seus dias, a olhar para a luz ao fundo do túnel”, disse uma voluntária. “Mas muito em breve poderá ver o seu mundo a expandir-se para além desta jaula e será uma linda embaixadora para a nossa campanha”, acrescentou.

O dono do espaço, que tem 73 anos e cujo apelido é Yang, trabalha na indústria da carne há 30 anos e desde novembro passado a organização tenta convencê-lo a entregar os animais. Agora, o proprietário assinou um contrato que o obriga legalmente a não se envolver com qualquer negócio relacionado aos animais pelos próximos 20 anos.

“Não posso dizer que ganhei muito dinheiro com isso, mas ganhei o suficiente para sobreviver”, sublinhou. “Mas agora é senso comum dizer que não haverá futuro para esta indústria”. Segundo Yang, durante as três décadas que se dedicou a indústria da carne de cão, vários grupos e organizações de defesa dos direitos doa animais visitaram a quinta, o que o obrigou a registar legalmente o espaço.

O acontecimento, porém, é raro. Entre as 18 quintas que a HSI já resgatou animais, a de Yang era a primeira que estava legalmente registada. As restantes eram todas ilegais. De acordo com Wendy Higgins, porta-voz da organização, o facto de não serem registadas faz com que o governo não consiga coletar dados oficiais.

Ainda assim, Wendy tem esperanças que em breve esta indústria deixará de existir. “Mesmo um agricultor que registou legalmente o seu negócio, que não tem nada a temer das autoridades, como Yang, está determinado a deixar a indústria da carne de cão”, frisou. Agora, o proprietário irá usar o terreno para plantar frutas e vegetais.

Em dezembro de 2021, o governo sul-coreano deu início a uma operação especial para acabar com a indústria da carne. No entanto, de acordo com a HIS, não houve qualquer mudança significativa. “O nosso objetivo final é atrair uma participação significativa das autoridades, porque é impossível nós conseguirmos fechar todas as quintas de carne de cão do país”, referiu.

Kim Keon-hee, a primeira dama sul-coreana, tem apoiado a proibição da venda de carne de cão. Segundo pesquisas citadas pela HSI, 85 por cento da população não come carne de cão e mais da metade (56 por cento) é a favor da sua proibição.

Carregue na galeria para ver o resgate dos animais.

Por Izabelli Pincelli

Fonte: Pit / mantida a grafia lusitana original

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