‘Que seja uma punição compatível’, diz tutora de cão sacrificado após ingerir petisco contaminado

‘Que seja uma punição compatível’, diz tutora de cão sacrificado após ingerir petisco contaminado
Juliana Oliveira precisou sacrificar seu cãozinho Dante após ele ingerir um petisco contaminado — Foto: TV Globo

A veterinária Juliana Oliveira foi uma das tutoras que perdeu seu animal de estimação por consumir petisco contaminado. Tutora do Dante, cão Maltês que precisou ser sacrificado seis dias depois de comer um produto contaminado em Belo Horizonte, cobra Justiça.

“Quando eu produzo alguma coisa eu tenho que fazer uma análise do meu produto final, nem que seja aleatoriamente, para que eu realmente garanta que o produto que estou fornecendo não vai fazer mal para a saúde de ninguém. Pelo menos que seja uma punição compatível para que eles percebam a seriedade que é produzir alimentos para animais”, avalia a veterinária sobre o indiciamento de quatro pessoas ligadas à Tecnoclean, pela Polícia Civil de Minas Gerais, nesta sexta-feira (5).

Segundo as investigações da instituição, a Tecnoclean trocou rótulos e revendeu uma substância tóxica no lugar da que é usada para fazer petiscos caninos. Apenas em Minas Gerais, a contaminação de petiscos matou 14 cães.

A polícia não divulgou os nomes dos indiciados, mas informou que são representantes legais e responsáveis técnicos da empresa.

“Existiam dois barris idênticos de monoetilenoglicol e propilenoglicol. A incorreta identificação desses barris gerou a entrega desse barril de monoetilenoglicol que chegou na fabricante de petiscos. O monoetilenoglicol é um pouco mais barato que o propilenoglicol, então a gente acredita que seja uma questão de finalidade financeira”, afirmou Danúbia Quadros, delegada.

O monoetilenoglicol é altamente tóxico para humanos e animais e foi usado no lugar do propilenoglicol que é permitido na fabricação de alimentos e está entre os ingredientes dos petiscos. Laudos periciais e da necropsia dos animais comprovaram a presença de monoetilenoglicol nos alimentos investigados.

Polícia Civil indiciou 4 funcionários da Tecnoclean nesta sexta-feira (5) — Foto: Reprodução/TV Globo
Polícia Civil indiciou 4 funcionários da Tecnoclean nesta sexta-feira (5) — Foto: Reprodução/TV Globo

De acordo com a delegada, a Tecnoclean assumiu o risco ao vender o composto químico com os rótulos trocados.

Os indicados podem responder pelos crimes referentes à falsificação de produtos e contra a saúde pública, com pena prevista em 15 anos de prisão e o pagamento de multa.

“Não exclui a responsabilidade das demais empresas da cadeia produtiva até chegar no consumidor final, relacionada à responsabilidade administrativa e cível e a um eventual ressarcimento”, disse a delegada.

Segundo a Polícia Civil de São Paulo, que apura outras mortes de cães, onze empresas receberam o propilenoglicol com suspeita de contaminação.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) também apura o caso, mas não deu retorno sobre o indiciamento.

A Bassar, uma das empresas investigadas em Minas, declarou que dá assistência veterinária aos consumidores e que vai tomar as medidas judiciais cabíveis contra a Tecnoclean.

A TV Globo também procurou a A&D Química e a Tecnoclean, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

Por Christiano Borges e Lucas Franco

Fonte: G1

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