Quem inventou o ‘chumbinho’?
Por Leonardo Maciel
O “chumbinho” faz parte de uma série de “pesticidas”que passaram a ser sintetizados na década de sessenta. Este produto é usado como defensivo agrícola, com comercialização autorizada, mas hoje é também traficado e o combate a este tráfico é tratado da mesma forma como se trata o tráfico de entorpecentes. Movimenta fortunas por ano. Ao que se sabe há uma única empresa fabricando em escala, que já anunciou várias vezes a interrupção da produção.
O “praguicida”é usado em concentrações permitidas para o controle de insetos e larvas na agricultura para produzir nosso alimento ou o alimento de bovinos, aves e suínos .No ambiente pode durar até 100 dias contaminando rios e o solo , mas normalmente é metabolizado antes. Dados médicos, subestimados, sugerem que milhões de pessoas que trabalham com produção de alimentos são intoxicadas todos os anos de forma aguda, com sintomas de dificuldade respiratória, náuseas, problemas dermatológicos e também de forma crônica, com alterações oculares, intestinais e musculares. Os efeitos do chumbinho são dose dependente, ou seja, se o animal ou nós, ingerimos uma pequena quantidade, ela será eliminada em 48 horas pela urina, mas se a dose for alta pode levar à morte ou deixar sequelas que se tornarão importantes ao longo da vida, com as sucessivas intoxicações.
Estes compostos, usados na agricultura, atingem o solo e são absorvidos pelas plantas, fluindo através da seiva para todas as partes do vegetal. Lavar não resolve tudo. Sim, ingerimos produtos tóxicos com os vegetais que comemos. Aquele alface sem nenhum buraquinho nas folhas acontece porque os insetos que o comeriam morreram. Então, aquele que contém partes comidas seria o mais indicado.
O chumbinho usado criminosamente para envenenar animais e pessoas na verdade é uma mistura de vários compostos. É errôneo acreditar que o chumbinho mata ratos, porque o veneno pode matar em poucos minutos, e é o rato mais velho que vem comer primeiro na hierarquia social. Se este morre, os outros não comerão o produto. Uma armadilha só mata um único rato.
Por quê estas considerações? Mais uma vez estamos dando um tiro no próprio pé ao tratarmos os outros seres, mesmo ratos, como pragas, como pestes a serem eliminadas. Nosso antropocentrismo tem sido a explicação … e a nossa derrota. A produção orgânica seria a solução, mas a produtividade é mais baixa e os custos mais altos. O controle populacional humano ainda é um tabu referenciado pela maior parte das religiões. Afinal, crescei e multiplicai-vos, e é preciso produzir alimentos para esta população crescente.
É necessária uma tomada de consciência por parte de nossa civilização e que muitos paradigmas sejam questionados.Temos feito as coisas às cegas, inconsequentemente, pensando apenas no imediato. Onde vamos assim? Um bife num prato ou um alface na prateleira do supermercado podem ser muito mais do que parecem.O que muda nosso comportamento é a informação.
Na intenção de um mundo mais justo e mais saudável para todos os animais sencientes, nós vegetarianos devemos buscar alimentos livres de inseticidas e agrotóxicos. Informação é cada vez mais importante. Sabemos como são produzidos os alimentos de origem animal, mas poucas informações temos sobre como são produzidos os vegetais e frutos que consumimos. Saber o que se passa é o primeiro passo para reinvidicar um alimento honesto.É uma tarefa difícil porque o estabelecido por centenas de anos não muda rapidamente. Será que não muda mesmo?
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