Questões éticas sobre a captura ‘forçada’ do elefante Kusha na Índia

Questões éticas sobre a captura ‘forçada’ do elefante Kusha na Índia
Imagem representativa. Crédito: iStock Photo

Depois de uma luta de seis meses, as autoridades do campo, com a ajuda de quatro elefantes domesticados, capturaram Kusha na manhã do dia 30 de março.

A captura forçada do elefante Kusha por oficiais do campo de elefantes de Dubare, em Kodagu, na Índia, enquanto o animal estava com seu companheiro, levantou questões éticas.

Os guardas florestais reconheceram que precisam tomar decisões difíceis para evitar conflitos entre humanos e animais.

É comum que os elefantes deixem o campo durante o período de “musth” (cio) e retornem depois de um tempo.

No entanto, Kusha deixou o campo e não voltou por mais de um ano.

Durante cada tentativa de capturá-lo, o animal escapou, e preferiu permanecer na selva.

Separado do companheiro

Depois de uma luta de seis meses, as autoridades do campo, com a ajuda de quatro elefantes domesticados, capturaram Kusha na manhã do último dia 30, separando-o de seu companheiro no processo.

Discussões nas redes sociais

Muitos nas redes sociais questionaram a ética de capturar um animal que indicou repetidas vezes sua preferência por permanecer no seu habitat.

O conservador-chefe de florestas aposentado, B. K. Singh, disse que a reabilitação dos elefantes nas florestas deve ser prioridade.

“A primeira opção no manejo de elefantes é enviá-los para a natureza após a captura e não trazê-los para o cativeiro. Normalmente, o chefe dos guardas de vida selvagem e seus funcionários são pressionados pelo público e pelos políticos para levarem para o cativeiro os elefantes que se perdem em áreas humanas e causam danos a vidas e propriedades”, disse ele.

Ele disse que, no passado, esses elefantes eram soltos na natureza, às vezes até a mais de 200 km de distância.

“Muitos desses elefantes voltaram aos locais onde foram capturados, mas alguns deles se adaptaram ao novo habitat. Kusha viveu por mais de um ano na selva. Ele pode lidar com os períodos de “musth” e de lutas”, disse ele.

Ao responder à sugestão, o conservador-chefe de florestas (e vida selvagem), Vijaykumar Gogi, disse que o departamento considerou a opção de deixar o elefante na natureza, mas decidiu capturá-lo para evitar possíveis conflitos entre homem e animal.

“Temos que ver a questão sob vários aspectos. Damos primazia aos direitos dos animais. No entanto, é preciso considerar o problema de elefantes que invadem plantações ou prejudicam humanos. Qualquer decisão de permitir que Kusha vivesse na natureza incluía o risco de recorrência de tais incidentes. Capturar parecia ser a opção mais segura”, disse ele.

Joseph Hoover, membro do Conselho Estadual de Vida Selvagem, disse que capturar um elefante foi uma decisão difícil que o departamento teve de tomar.

“Encolhimento das florestas”

“O encolhimento das florestas e os danos em grande escala aos corredores ecológicos significam que o departamento será pressionado por todos a capturar animais eventualmente. Este é o custo de projetos de desenvolvimento não planejados”, disse ele.

Por Chiranjeevi Kulkarni / Tradução de Ana Carolina Figueiredo

Fonte: Deccan Herald

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