Rancho do sul de Taiwan acusado de maus-tratos a animal, banido de apresentações com animais
Em uma coletiva de imprensa on-line no último dia 2, grupos de direitos dos animais acusaram o Rancho Jingyuan de Kaohsiung de maltratar animais, e o governo de fechar os olhos.
Realizada em conjunto pelas entidades Society for the Prevention of Cruelty to Animals de Taiwan (TSPCA), Taiwan Animal Equality Association (TAEA) e AnimalSkies, a conferência de imprensa se concentrou nos supostos maus-tratos no Rancho Jingyuan, de animais exóticos e domésticos.
Representantes do grupo, incluindo o CEO da TSPCA, Chiang I-ju, e o investigador da TAEA, Lin Ting-i, acusaram funcionários do Animal Protection Office (APO) de não fazerem o suficiente para proteger os animais, que eram mantidos em condições precárias. Eles também alegaram que a fazenda continuou a exibir animais ilegalmente e não tinha feito nada para melhorar sua qualidade de vida.
Em seu site, o Rancho Jingyuan demonstra uma ampla gama de animais exóticos e domésticos, incluindo aves tropicais, alpacas, porcos-espinho, gibões, hipopótamos e leões. Os visitantes podem interagir com os animais “à distância” com um ingresso, no valor de NT$250 (R$ 46,92) para adultos.
No entanto, durante seis inspeções, a TSPCA e a TAEA determinaram que os animais viviam em condições desumanas. Na conferência de imprensa, Lin apresentou fotos de cães enjaulados, veados e dois gibões protegidos. Os recintos tinham pisos escorregadios, e Lin disse que grupos de inspeção tinham visto veados escorregando e caindo.
Lin alegou que a falta de estímulos resultou em veados e cabras que exibiam comportamento anormal, frequentemente visto em animais em cativeiro, enquanto os leões estavam letárgicos e sem resposta. Além de supostamente não fornecer alimentos suficientes, o rancho também mantinha coelhos e porquinhos da índia na mesma jaula e os deixava sem supervisão com os visitantes, que eram acusados de assediar e assustar os animais.
Lin contou que os funcionários do rancho lhe disseram: “Animais não precisam necessariamente de cuidados de saúde ” e “É caro fornecer cuidados veterinários”.
A TSPCA e a TAEA mostraram o que disseram ser evidências de fotos e vídeos de cavalos, flamingos, pavões e porcos-espinho com sinais de doenças da pele. Segundo Lin, uma alpaca desnutrida fotografada em setembro de 2019 havia morrido, enquanto outra alpaca havia morrido por exaustão por calor.
A TSPCA e a TAEA acusaram o governo de apatia e de permitirem que o Rancho Jingyuan operasse enquanto havia falhado repetidas vezes em suas promessas de fazer melhorias nas condições de vida dos animais e de parar de demonstrá-los.
No dia 2, A Agência de Proteção Animal de Kaohsiung disse que havia emitido uma multa de NT$ 50.000 (R$ 9.383,71) para o rancho por expor ilegalmente animais em 16 de agosto e pediu ao rancho para cessar a exposição de animais, informou o Liberty Times. Em 27 de agosto, durante outra inspeção, a Agência descobriu que a fazenda havia continuado a exibir os animais, o que resultará em outra penalidade entre NT$50.000 (R$ 9.383,71) e NT$250.000 (R$46.918,56).
Quanto à negligência, o Liberty Times informou que a APO havia emitido um aviso e pediu aos operadores que fizessem melhorias dentro de um prazo.
A APO convidou especialistas veterinários para outra inspeção no dia 3, informou a CNA. As partes chegaram a um consenso com o operador da fazenda para cessar a manifestação animal, para procurar entidades de adoção adequadas e, no caso de a adoção não ser possível, para cuidar melhor dos animais e melhorar suas condições de vida.
De acordo com a CNA, enquanto animais agressivos como leões e hipopótamos só podem ser doados após registrá-los nos departamentos governamentais relevantes, animais de temperamento leve podem ser adotados por civis.
Em resposta às alegações, o Rancho Jingyuan anunciou o cancelamento de todas as exposições e interações de animais via publicação no Facebook no dia 3. “Para cumprir o “Regulamento de Manejo de Exposições de Animais”, ajustaremos o modelo de operação da fazenda e não ofereceremos mais nenhuma exposição ou interação animal”, dizia a publicação.
O rancho disse que continuará a operar com os objetivos de “sustentabilidade humana” e “proteção tecnológica do meio ambiente” e fará o seu melhor para criar um espaço mais confortável. Muitos comentaristas on-line lamentaram a remoção dos animais, enquanto outros manifestaram interesse em visitar.
Por Stephanie Chiang / Tradução de Bruno Fontanive
Fonte: Taiwan News