Recorde de 170 mil pessoas se inscrevem em movimento pró-veganismo

Recorde de 170 mil pessoas se inscrevem em movimento pró-veganismo
Os veganos seguem uma dieta inteiramente baseada em vegetais, rejeitando os ovos e o leite do vegetarianismo tradicional. (Divulgação/Reprodução)

Coincidindo com o número crescente de pessoas que iniciaram 2019 prometendo se tornar veganas por razões ambientais e outras, restaurantes e supermercados agora estão entrando na onda tão frequentemente ridicularizada.

O recorde de 170 mil pessoas de 14 países se inscreveram para o Veganeiro, movimento de pessoas que prometem se tornar veganas em janeiro, quase o triplo da cifra de dois anos atrás, disseram os organizadores da campanha sediada no Reino Unido na terça-feira.

Os veganos seguem uma dieta inteiramente baseada em vegetais, rejeitando os ovos e o leite do vegetarianismo tradicional.

“Está se tornando algo popular”, disse Rich Hardy, chefe de campanha do “Veganeiro”.

 “Isso faz algo não só por você mesmo, mas também pelos animais e pelo planeta”.

As fazendas de gado de corte são grandes emissoras de gases do efeito estufa, consomem um décimo da água fresca do mundo e causam desmatamento de larga escala.

Em contrapartida, norte-americanos e muitos europeus comem mais do que o dobro dos níveis recomendados de carne para dietas saudáveis, segundo um relatório que também disse que reduzir os produtos derivados de animais seria “uma maneira relativamente fácil e barata” de enfrentar a mudança climática.

O interesse no veganismo foi reforçado por praticantes famosos, como as pop stars Miley Cyrus e Ariana Grande, e restaurantes e supermercados logo aderiram à tendência.

O número de alimentos e bebidas veganos lançados globalmente mais do que dobrou nos cinco anos transcorridos até junho de 2018, de acordo com dados da empresa de pesquisa de mercado Mintel.

Restaurantes tradicionais e de delivery também estão aumentando suas opções – a popular rede de padarias britânica Greggs anunciou que lançará uma versão vegana de seu enroladinho de salsicha devido à demanda.

Grande parte do aumento de venda de produtos veganos foi motivada pelos consumidores “flexitarianos”, que almejam reduzir seu consumo de produtos derivados de animais ao invés de se comprometerem a uma dieta só baseada em vegetais, disse a Mintel.

Mas o crescimento do veganismo também cria polêmicas: a empresa global de escritórios coletivos WeWork instigou o debate em 2018 ao anunciar que não servirá mais carne em eventos corporativos ou reembolsará recibos relacionado ao seu consumo.

Fonte: Exame


Nota do Olhar Animal: Tratar o veganismo não como a expressão de uma postura moral de respeito aos interesses dos animais, mas como uma atitude que vêm para atender às conveniências pessoais de cada humano, não modifica o danoso paradigma da sobreposição dos interesses humanos em prejuízo dos interesses dos outros animais. É o que ocorre quando se justifica o veganismo pela questão da saúde ou do meio ambiente (no que afeta aos humanos). Tirar o foco dos animais e endossar o individualismo, que tanto mal tem causado a todos os seres (inclusive aos próprios humanos), não produz bons resultados. Apelar ao egoísmo é evidentemente um equívoco que não resulta nas mudanças estruturais necessárias a fim de que prevaleça o respeito à vida e às diferenças. É bastante comum que a necessidade de se atrelar o veganismo às demandas humanas ocorra não por conta de uma visão estratégica em defesa dos animais, mas pelo especismo destas mesmas pessoas, que não reconhecem a existência dos animais não humanos por suas próprias razões. Ou ainda por se sentirem socialmente constrangidas quando atuam na defesa dos interesses animais e, para amenizar a crítica sobre si, buscam vincular esta luta também ao atendimento de necessidades humanas. Desta forma, protegem-se da acusação de extremismo que boa parte da sociedade ainda lança contra o veganismo, como se o egoísmo não fosse uma posição extrema e destrutiva. Que o veganismo se propague sobre pilares como o anti-especismo, como a igual consideração pelos seres sencientes.

Adendo: Tratar o veganismo como uma mera dieta também é apelar para o egoísmo das pessoas. As pessoas que assim veem o veganismo comumente são cúmplices de outras formas de exploração animal (testes científicos, vestuário, rituais religiosos, etc.) e portanto não são veganas. Mas, mais do que qualquer preocupação com nomenclaturas, o fato é que estas pessoas continuam contribuindo para o holocausto animal.

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.