Reforma do zoológico do Rio atrasa e animais vivem em canteiro de obras com barulho e poeira

Reforma do zoológico do Rio atrasa e animais vivem em canteiro de obras com barulho e poeira

A transformação do Zoológico do Rio de Janeiro em um bioparque está atrasada. Os animais vivem em um canteiro de obras no meio de tapumes, serras elétricas e máquinas.

Vídeo: Pandemia atrasa ainda mais as obras da reforma do Zoológico do Rio.

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Vereadores apura irregularidades nas obras, como o desconforto nos bichos e desaparecimento de espécies.

Apenas 30% da reforma foi concluído, incluindo o viveiro das aves, que representa uma das características do bioparque: mais espaço e liberdade para os animais.

A obra tinha previsão de término para junho deste ano, mas atrasou por causa da pandemia do novo coronavírus, segundo o Grupo Cataratas, que tem a concessão da Rio Zoo. A nova previsão é que o local seja aberto ao público no primeiro semestre de 2021.  

As mudanças no espaço, iniciadas em dezembro de 2018, provocaram barulho e os bichos tiveram que conviver a poeira.

As jaulas de animais como leão e tigre estão perto da rua onde passam os tratores, que trabalham cerca de 8 horas por dia. Especialistas ficaram preocupados devido ao estresse que o ruído pode causar aos animais. O elefante também passou a conviver com o barulho das máquinas.

“Um canteiro de obras significa que existe um tráfego muito grandes de equipamentos, que vai fazer terraplanagem, pessoas que estão cortando metais, que estão martelando estacas no chão, causando, evidentemente, vibrações. O fluxo intenso de pessoas entrando e saindo dos recintos próximos aos animais provocam alterações na sensibilidade olfativa e auditiva desses animais, que são, por definição, muito mais sensíveis do que nós, seres humanos, para essas variações do meio ambiente”, explicou o biólogo e especialista em bioética Frank Alarcón.

O Grupo Cataratas afirmou que o comportamento dos animais é monitorado por câmeras e especialistas, para observar o nível de estresse e há alguma alteração.

Desaparecimento e transferência de animais
 
Além do desconforto dos bichos, a comissão apura a denúncia sobre o sumiço e transferência de animais durante a reforma.

Em 2018, o zoológico do Rio tinha 1.341 bichos registrados. Dois anos depois, houve uma queda e, até esta terça (13), o local abrigava apenas 820 animais.

“Há uma taxa natural de mortalidade, uma taxa natural de óbitos, e essa taxa, aqui no bioparque, está em torno de 7,5%. Como nós não temos muitas reposições, não estamos trazendo novos animais, hoje o número é de 820”, disse o diretor de Operações no Grupo Cataratas, Manoel Browne de Paula. 

Uma arara-azul estava entre os desaparecidos. De acordo com a RioZoo, ela foi roubada em 7 de junho de 2019. O Grupo Cataratas disse que reforçou a segurança depois desse roubo.

Como mostrou o RJ2, em uma publicação de abril de 2017, o Grupo Cataratas apontou que alguns bichos, como aves silvestres, foram levados para o Rancho Cerro Azul, em Cachoeiras de Macacu, na Região Serrana do Rio.

Em dezembro de 2017, um documento da Rio Zoo revelou que duas cabras foram cedidas a terceiros e alguns animais como avestruzes e lhamas morreram. Segundo o zoológico, não há laudo de necropsia.

A morte da elefanta Carla, uma das figuras mais populares do Zoológico do Rio, também foi objeto de investigação.

De acordo com a CPI, uma das informações apuradas é que ela teria morrido por tuberculose, porém, segundo o Grupo Cataratas, o laudo de morte ainda não é definitivo.

“Não tem ainda a causa morte dela, está em análise. Nós estamos fazendo laudos laboratoriais e esses laudos demoram de 20 a 30 dias a diante para confirmação”, disse o diretor de Operações no Grupo Cataratas. 

O que diz a RioZoo
 
A Fundação RioZoo afirmou que não há indício de problemas de saúde ou de estresse entre os animais e que eles são acompanhados.

Por Chinima Campos, Fábio Brasil e Lilia Teles

Fonte: G1


Nota do Olhar Animal: Não bastasse o sofrimento dos animais inerentes ao confinamento a que são cotidianamente submetidos, outros adicionais estão sendo impostos pela péssima gestão do zoológico.

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