Samu Animal de Campinas (SP) sofre com precarização e falta de funcionários

Samu Animal de Campinas (SP) sofre com precarização e falta de funcionários
Samu Animal atende cães e gatos de rua em Campinas. (Foto: Luciana Félix/ACidade ON)

O Samu Animal, programa criado pela Prefeitura de Campinas em 2017, está com diversos problemas em relação ao atendimento e número de profissionais trabalhando no local. O projeto é utilizado em peças de publicidade do governo como uma das grandes realizações da gestão Jonas Donizette (PSB).

Amplamente divulgado como um serviço 24 horas, o plantão não costuma passar da meia-noite e só retorna por volta das 8h. O contrato com a empresa terceirizada responsável pelo serviço foi assinado em novembro de 2016. Ele vale por 12 meses, no valor de R$ 360 mil por ano, e já foi renovado. 

A ambulância atualmente trabalha com apenas um motorista, o que dificulta o funcionamento por 24 horas. Há um segundo motorista, mas ele atua apenas no caminhão responsável por recolher bois e cavalos em vias públicas. Além disso, ele é funcionário admitido por outro contrato.

O diretor do DPBEA (Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal), Paulo Anselmo Nunes Felippe, relativizou a carga horária pensada com essa quantidade de funcionários. “Cabe a empresa prover os funcionários nos horários que a gente pede. Hoje são dois motoristas e três veterinários. O vínculo é com a empresa e para gente o que importa é entregar o serviço”, afirmou.

Atualmente o Samu Animal trabalha com apenas duas equipes. Os profissionais se revezam em turnos durante manhã, tarde, noite e madrugada todos os dias – incluindo fins de semana.

Essa falta de estrutura de recursos humanos gera problemas também no atendimento do plantão. O celular do plantão fica ligado até por volta da meia noite e depois é desligado.

“Eu vou ver o que está ocorrendo, mas não é para ficar desligado”, disse o diretor. No contrato, a prefeitura tem multas para o descumprimento da terceirizada em algum serviço, porém a punição nunca foi aplicada.

CRÍTICAS 

Além dos problemas com pessoal, o serviço também é alvo de críticas por parte de ONGs e ativistas da causa animal em Campinas. Ana Carolina Pimenta, da ONG Amor de Bicho – Campinas, reconhece que o Samu Animal presta um bom trabalho, mas não é exatamente o que a cidade precisa para o setor.

“O resgate é só uma ponta da cadeia. Depois, não há estrutura para tratar esses animais”, diz. Ela afirma ainda que o dinheiro gasto no Samu Animal teria uma utilidade maior se fosse empregado, por exemplo, para subsidiar o trabalho das ONGs.

“Todas (as ONGs) em Campinas estão endividadas. Cuidar bem dos animais custa muito caro. Se tivéssemos uma ajuda financeira do poder público, talvez nem houvesse mais animais nas ruas para que fossem resgatados”, diz.

O SERVIÇO 

O programa é semelhante ao do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para pacientes humanos porque o atendimento animal cumpre o mesmo procedimento de resgate e transporte que evita que os pacientes sofram traumas adicionais caso não sejam corretamente imobilizados durante o socorro.

A ambulância tem maca para remoção, tubo de oxigênio e os demais dispositivos para pronto atendimento. O veículo faz os resgates por determinação do DPBEA. São em média quatro resgates por dia.

A estimativa é de que Campinas tenha perto de 20 mil cães e gatos de rua, com base em parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os animais resgatados são levados para recuperação no Canil Municipal, onde permanecem disponíveis para adoção, ou ONGs conveniadas.

Por Thiago Rovêdo

Fonte: A Cidade ON

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