Sea Shepherd anuncia abandono da perseguição a navios baleeiros japoneses

Sea Shepherd anuncia abandono da perseguição a navios baleeiros japoneses
Sea Shepherd combatendo um navio baleeiro japonês (Foto: Sea Shepherd)

RIO — Quando a organização Sea Shepherd começou a combater a pesca de baleias poucas pessoas no mundo sabiam das atividades de navios baleeiros japoneses na região antártica. Desde então, o assunto ganhou repercussão internacional e o Japão foi acusado pela Austrália na Corte Internacional de Justiça pela captura ilegal de mamíferos marinhos em risco de extinção, mas após 12 anos nos mares, o grupo ativista anunciou não ter mais condição de perseguir e combater a frota baleeira japonesa nesta temporada.

“Nós descobrimos que o Japão está empregando vigilância militar para observar os movimentos dos navios da Sea Shepherd em tempo real por satélite, e se eles sabem onde estão os nossos navios, podem escapar facilmente”, revelou o capitão Paul Watson, em comunicado. “Durante a Operação Nemesis, os navios da Sea Shepherd se aproximaram e nosso helicóptero conseguiram evidências das operações ilegais de pesca de baleiras, mas não conseguimos nos aproximar fisicamente dos baleeiros. Nós não podemos competir com a tecnologia militar usada por eles”.

A Sea Shepherd iniciou sua luta em 2005, para combater os navios baleeiros japoneses que tinham cota para a captura anual de 1.035 baleias, incluindo 50 jubartes e 50 baleias fin, ambas listadas como espécies em risco de extinção. Ao longo do tempo, a organização investiu recursos nesse combate e, na temporada 2012/2013, os baleeiros japoneses voltaram para casa com apenas 10% da cota prevista.

“Os resultados falam por si. Mais de 6 mil baleias salvas. Nenhuma jubarte e apenas 10 baleias fins mortas em uma década. Além disso, os baleeiros japoneses perderam dezenas de milhões de dólares”, comentou Watson. “Nós ajudamos a Austrália a levar o Japão para a Corte Internacional de Justiça onde suas operações foram consideradas ilegais. O Japão foi ordenado a cessar. Eles fizeram por um ano, e retornaram com um novo programa (também ilegal) que reduziu a cota para 333 capturas anuais”.

Em uma década, mais de 6 mil baleias foram salvas (Foto: Sea Shepherd)

E para fugir da vigilância da Sea Shepherd, o programa japonês dobrou a área de captura, tornando mais difícil a localização dos navios baleeiros. Na última temporada, apesar dos esforços, a organização não conseguiu impedir que os baleeiros completassem a cota. E neste ano, o governo japonês ampliou os esforços ao aprovar novas leis antiterrorismo e ameaçar, pela primeira vez, enviar militares para proteger a frota baleeira.

“Os baleeiros japoneses não apenas têm recursos e subsídios que seu governo podem fornecer, mas também têm o poder político por trás de uma superpotência econômica”, afirmou Watson. “A Sea Shepherd entretanto tem recursos limitados e nós enfrentamos governos hostis na Austrália, Nova Zelândia e nos EUA”.

Dessa forma, os ativistas tiveram que decidir o que fazer com os recursos que possuem: investir em ações com poucas chances de sucesso ou reagrupar para pensar em novas estratégias?

“Se algo não está funcionando o único recurso é buscar por um plano melhor”, pontuou o ativista. “Nós precisamos formular esse novo plano, e nós iremos”.

Fonte: O Globo

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *