Seminário em São Paulo motiva universitárias a produzir um TCC sobre CED
A cultura da Captura, Esterilização e Devolução (CED) tem crescido na cidade de São Paulo. Hoje é muito comum gente da Proteção Animal falar abertamente sobre controle ético de gatos de vida livre. São pessoas que têm um olho no futuro e sabem da importância da existência do método CED para conter numericamente a população de gatos de rua.
É uma questão de amor aos animais e saúde publica.
Equipes de CED atuam na cidade e incomodam setores reacionários da Proteção Animal. Praticantes de CED tratam o problema da superpopulação de felinos in loco, quer dizer, controlam as colônias onde elas estão. Isso causa atrito com a velha mentalidade negativa que domina o imaginário popular e que prega que para cada gato de rua precisamos ter uma casa confortável. E se não tiver casa confortável, serve gaiola de abrigo e até caixa de transporte em casa de acumuladores para o gato “morar”.
Sim, infelizmente tem gente que prefere um gato em um depósito de animais, fedorento e cheio de doenças, do que na rua adaptado e saudável. Uma lástima. Isso precisa mudar.
A quantidade de gatos retirada das ruas e enclausurada sob condições grotescas merece um estudo. E mais do que um estudo, merece que um dia essa prática espúria seja verdadeiramente criminalizada, afinal, confinar animais é indecente e imoral.
Ideias como essa têm despertado a curiosidade e mexido com o universo que lida com gatos na cidade.
Veículos da mídia especializada estão abrindo espaço em seus noticiários, matérias e entrevistas, há cursos de especialização para médicos veterinários tornarem menor o tamanho de suas cirurgias de castração, armadilhas estão sendo desenvolvidas por engenheiros e empresários, ONGs antigas estão pegando carona para não ficarem para trás. Estão rolando encontros, seminários, palestras, enfim, um mundo de relações que só uma metrópole como São Paulo pode proporcionar para um determinado tema quando esse se torna de interesse público e ganha espaço em seu meio social.
A cidade está acordando para um assunto incrivelmente sério e necessário.
Isso é bom.
É nessa onda positiva que um grupo de futuras médicas veterinárias resolveu fazer um trabalho de conclusão de curso (TCC) sobre CED. Elas são alunas do 5º ano do curso de medicina veterinária da Universidade Anhembi Morumbi e sabem da importância e do pioneirismo de levar o controle ético de gatos de vida livre para dentro do universo acadêmico.
Michele Campos, uma das integrantes do grupo que passou a estudar e pensar sobre as condições dos gatos de rua, afirma que o interesse veio após o 1º Seminário Brasileiro de CED, que aconteceu em agosto e foi promovido pela ONG Bicho Brother.
“Nos interessamos e começamos pesquisar. Logo nos unimos a Liliane Soalheiro, que já tinha conhecimento sobre CED”.
Juntas, Michele, Liliane e outras duas alunas, Jéssica Torquato e Viviane Bazanelli Giménez, procuraram a professora Dra. Cristiene Rosa para apresentar o projeto. “Logo que falamos a professora pediu para ser nossa orientadora dizendo ter enorme interesse no assunto”, acrescenta Michele.
A Dra. Cristiene Rosa pretende inclusive inserir em suas aulas de medicina do coletivo o controle ético de gatos de vida livre através do método CED. E isso é excelente.
Um dos objetivos do grupo é incluir no TCC um estudo de caso a partir da rotina de trabalho da Dra. Thamires Sigarine, jovem médica veterinária paulistana que vem se dedicando ao controle das colônias de felinos dando suporte a ONGs e protetores independentes.
Essas boas notícias trazem alegria e esperança para os agentes de CED, uma vez que a expansão verdadeira do conceito passa necessariamente pela formação de mais médicos preparados para fazer cirurgias minimamente invasivas em gatas, condição indispensável para a prática segura do trabalho de quem controla as colônias de gatos da cidade.
Em resumo, as faculdades de medicina veterinária precisam introduzir em seus cursos não só a teoria do conceito, mas também sua prática, e isso significa formar cirurgiões que façam a CMI (Castração Minimamente Invasiva). Esse é um ponto nevrálgico que precisa ser discutido. Com certeza um TCC sobre CED ajuda muito nesse sentido.
Tudo vale a pena se a vontade de ajudar nossos pequenos irmãos de rua não é pequena.
Por Eduardo Pedroso