Solidariedade: projeto atende gratuitamente cães de pessoas sem-teto em Belo Horizonte, MG

Solidariedade: projeto atende gratuitamente cães de pessoas sem-teto em Belo Horizonte, MG
Desde maio deste ano, mais de mil atendimentos foram realizados pela ONG. — Foto: Juliana Romagnoli / Divulgação

Animais que moram em ruas de Belo Horizonte com seus tutores podem receber atendimento veterinário gratuito. A iniciativa é da ONG Moradores de Rua e Seus Cães (MRSCBeagá), que oferece alimentação e serviços de saúde e limpeza, todos os dias da semana.

O projeto surgiu em 2015, na cidade de São Paulo, depois que um fotógrafo, chamado Edu Leporo, percebeu que muitas pessoas sem-teto tinham um cão como fiel companheiro. Sabendo das dificuldades desta população, resolveu doar ração para colaborar. Pouco tempo depois, criou a ONG para conseguir mais doações e, consequentemente, ajudar um número maior de animais.

A ação, que aos poucos foi se estendendo pelo país, chegou a Belo Horizonte em 2017, mas ganhou força, nos últimos meses, durante a pandemia.

De maio até agora já foram realizados mais de 1.000 atendimentos, por uma equipe que conta com 52 voluntários ativos e 92 voluntários na fila de espera.
 
Vídeo: Alguns atendimentos também têm sido feitos, temporariamente, na Serraria Souza Pinto.

Quem coordena a MRSC Beagá é Thiago Dester, de 36 anos. Ele conta que a organização não tem um local fixo, já que não tem recursos suficientes para se instalar. Geralmente, as atividades são realizadas pelas ruas e comunidades da capital. “Sempre paramos nossos carros em pontos estratégicos que já conhecemos e sabemos que há moradores de rua com animais”, explica.

Desde o dia 13 de junho, alguns atendimentos também têm sido feitos, temporariamente, na Serraria Souza Pinto, junto com os projetos Pastoral de Rua e a Transforma BH. A ação deve permanecer por lá até o final deste ano. 

“O pet é membro da família! Então, todos sabem do amor que eles transmitem e quanto fazem bem para nós, humanos. Quando falamos de moradores de rua, esse amor é ainda mais bonito. O animal não faz diferença de raça, cor, nem condição social. Ele está ali como um grande companheiro. Apenas!”

Além de cuidados aos animais, os moradores de rua ganham café da manhã, kit lanche, kit higiene, roupas e cobertores. — Foto: Débora Ramos

O primeiro passo do atendimento é o preenchimento de uma ficha com os dados do cão e do sem-teto. Após isso, o animal recebe banho quente com shampoo antialérgico e passa por uma secagem. Ainda nesta etapa é realizada uma limpeza mais específica na boca e nas orelhas.

Em seguida, ele é avaliado por um médico veterinário. É vacinado, recebe vermífugo, soro e, quando necessário, medicamento. Para finalizar, o animal ganha roupinha, coleira, pingente de identificação inteligente com um QR Code, uma espécie de código de barras, onde fica registrado todo o prontuário do animal. “Se o tutor autorizar, nós encaminhamos o animal para castração”.

Além de cuidados aos animais, os tutores dos bichinhos ganham café da manhã, kit lanche, kit higiene, roupas e cobertores.

Voluntárias em um dos atendimentos aos animais. — Foto: Sara Santiago

Para Thiago, mão de obra é o que não falta, já que são 92 voluntários na fila de espera. Porém, o desafio é conseguir doações e, principalmente, apoio para dar sequência no projeto. 

“Infelizmente, muitos políticos dizem fazer parte da ‘causa animal’, porque virou um rótulo para conseguir votos. É uma vergonha quando batem no peito dizendo que fizeram algo, quando nada foi feito. Há milhares de animais lutando pela vida, mas é aquela história, né? Morador de rua não dá voto. Precisamos de políticas públicas urgentes para esses animais”, desabafa Thiago.
 

Quem quiser ajudar a ONG MRSC-BH pode entrar em contato pelo perfil @mrscbeaga. Na página, há um link com informações para doações.

Durante ações, cães recebem banho, vacinas e medicamentos, quando necessário. — Foto: Cezar Augusto

Animais nas ruas de Belo Horizonte
 
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, não há dados de quantos cachorros e gatos vivem nas ruas da capital. Os animais soltos nas vias sem tutores próximos são recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses, gerenciado pela prefeitura.

Entre janeiro e julho de 2019, foram recolhidos 1.178 cães e 704 gatos. No mesmo período de 2020, foram 940 cães e 693 gatos.

Por Camila Falabela

Fonte: G1

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