Tem 95 anos, mas não desiste de um mundo melhor. Ele também desfilou pelos animais

Tem 95 anos, mas não desiste de um mundo melhor. Ele também desfilou pelos animais
O orgulho de desfilar pelo que acredita.

Os portugueses estão habituados a vê-lo descer a avenida da Liberdade, em Lisboa, para comemorar a Revolução dos Cravos ou o Dia do Trabalhador. Distingue-se pelo porte elegante, na sua idade avançada, e pelo ar compenetrado com que caminha, de bandeira ao ombro, que se transforma num sorriso largo quando é abordado por alguém. O olhar vivaz de quem luta pelo que acredita fê-lo estar também na manifestação contra a queda da lei que criminaliza os maus-tratos a animais, que decorreu no passado sábado, 21 de janeiro, em Lisboa.

Falamos de Alfredo Fernandes, a quem os 95 anos de vida não impedem de continuar a desfilar pelas causas que considera também suas. A PiT falou com este homem, a quem cintilam sorrisos nos olhos, que nos disse ao que ia.

“Estou aqui para defender a causa dos animais. Nós também não somos animais? E não queremos ser maltratados. Eles não se podem defender e eu estou aqui por eles”, afirmou Alfredo Fernandes. “E também temos, mais tarde ou mais cedo, de acabar de vez com as touradas”.

Para Alfredo, a perspetiva de inconstitucionalidade da lei não faz qualquer sentido. “Eles querem abolir a lei e isso não está certo. É uma injustiça”, lamentou.

Alfredo Fernandes tem 95 anos

Quando lhe perguntamos a idade, diz com orgulho que tem 95 anos. “Nasci em 1927. E não me posso queixar da vida. Ainda tenho umas hortas, ainda trabalho nelas e vou tendo as minhas couvezinhas”.

Deixa-nos também o seu lema de vida, que é uma lição para todos: “Uma pessoa, quando se levanta, deve ter um objetivo. E o meu agora é esse, trabalhar nas minhas hortas”.

Questionado sobre se tem animais, os olhos brilham ainda mais. “Tenho uma galinha de estimação. Adoro a bichinha”.

Alfredo Fernandes é de Vieira do Minho e vive em Odivelas. Foi de lá que saiu cedo, logo a seguir ao almoço, para estar presente na manifestação a tempo e horas. “Vim sozinho nos transportes”, diz, com o orgulho de quem se sente autónomo.

“Já sou viúvo há quase quatro anos e vivo sozinho. E gosto de vir a estes eventos em que acredito porque as pessoas também gostam de me ver e eu sinto-me feliz por isso. Quando vier o 25 de Abril e o 1.º de Maio, se eu estiver cá, lá estarei porque gosto de participar”, rematou Alfredo, com traços de menino no sorriso aberto. E lá continuou, na dianteira da marcha pelos animais, com a bandeira de Portugal ao ombro, ao longo de quatro horas, até à chegada ao Rossio.

Percorra a galeria para ver algumas fotos de Alfredo Fernandes e do protesto em defesa dos animais.

Por Alexandra Ferreira

Fonte: Pets in Town / mantida a grafia lusitana original

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