Tutor de cachorro morto por militar em BH presta depoimento: ‘torcendo por justiça’, diz

Tutor de cachorro morto por militar em BH presta depoimento: ‘torcendo por justiça’, diz
Yankee tinha 11 anos e estava com a família de Alberto desde os 3 meses. Foto: Arquivo pessoal

O analista de sistemas Alberto Luiz Andrade Simão, de 55 anos, dono do cachorro Yankee, que foi morto a tiros por um policial militar na última quinta-feira (24), em Belo Horizonte, prestou depoimento na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), da Polícia Civil, nesta quarta-feira (30).

Alberto contou à polícia o que aconteceu no dia em que Yankee foi morto e detalhou o perfil do cachorro, que tinha 11 anos e estava com a família desde os três meses, quando foi adotado.

“Ela me pediu para explicar como era o Yankee, se ele era um cachorro dócil, e tudo o que falei foi a verdade, não escondi nada. Disse ele que nunca atacou ninguém. No dia, ele passou por três vira-latas que estavam soltos na rua, passou por pessoas enquanto eu estava correndo atrás dele, parou para cheirar as mãos de uma senhora de idade. O cachorro só queria correr. Falei também da frieza que o rapaz teve ao dar o tiro, ele nem mudou de expressão”, conta Alberto.

O tutor de Yankee ainda pretende prestar queixa sobre a ameaça que recebeu do policial militar, que teria dito que ele teve “sorte” de não levar um tiro na cara. Ele também vai à Corregedoria da Polícia Militar formalizar uma denúncia sobre o caso.

 Alberto tem recebido ajuda, inclusive jurídica, de organizações de defesa dos animais. Segundo ele, a delegada que o ouviu disse que o caso será tratado com celeridade.

“Agora é por nas mãos de Deus e rezar para que a justiça seja feita”, afirma.

Em nota, a Polícia Civil informou que um inquérito policial apura o caso: “Algumas testemunhas já foram ouvidas e a PCMG aguarda a finalização dos laudos periciais para a conclusão da investigação”.

Em setembro do ano passado, foi sancionada a Lei 14.064/2020, que estabelece pena de dois a cinco anos de reclusão para quem praticar atos de abuso, maus-tratos ou violência contra cães e gatos.

Relembre

Alberto Luiz foi ao supermercado, na manhã do dia 24 de junho, e levou Yankee. Ele deixou o cachorro preso do lado de fora do estabelecimento, na Avenida Elías Antônio Issa, no bairro Letícia, mas o animal acabou escapando da guia e fugiu.

O analista de sistemas saiu atrás de Yankee e, depois de segui-lo por cerca de 20 minutos, encontrou um homem, no sentido contrário, também acompanhado de um cachorro.

Segundo ele, os dois bichos se estranharam e rosnaram um outro e, em seguida, o homem, que é policial militar, sacou a arma e deu um tiro em Yankee. “Ele caiu no chão, e o rapaz ainda deu outro tiro. Eu falei: ‘Você é louco, você matou meu cachorro’. Ele me chamou de irresponsável, disse que ia chamar a viatura e que eu tinha sorte de ele não dar um tiro na minha cara”, contou.

Alberto Luiz lamentou morte do cachorro Yankee, de 11 anos. Foto: Redes sociais
Alberto Luiz lamentou morte do cachorro Yankee, de 11 anos. Foto: Redes sociais

De acordo com a versão do militar, que estava de folga, ele passeava com o cachorro, da raça american bully, quando “eles foram atacados por um cachorro de grande porte que estava solto na via”. O policial disse que “chegou a gritar para que o animal se afastasse”.

“Ainda de acordo com o militar, ao defender-se e defender o seu cão de uma agressão oriunda de outro animal, ele agiu em Estado de Necessidade, conforme previsto no Código Penal brasileiro, efetuando disparos de arma de fogo”, informou nota da PM, na última quinta-feira.

Por Rafaela Mansur

Fonte: G1

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