UFPR afasta alunos suspeitos de envolvimento em trote violento e com uso de animais

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) afastou preventivamente 14 estudantes matriculados no curso de Engenharia Mecânica sob a suspeita de envolvimento em um trote violento. A suspensão dos estudantes ocorre após a instituição instaurar um processo de investigação para apurar a recepção de calouros do curso, em maio.
Segundo a portaria publicada no dia 5 deste mês, eles estão proibidos de acessar as dependências do campus Centro Politécnico pelos próximos 30 dias, prazo que pode ser prorrogado se necessário. Todos os estudantes suspensos ingressaram no curso em 2022.
Em comunicado enviado à Banda B, a UFPR afirmou que o afastamento ocorre com o objetivo de “assegurar a integridade das investigações”. “A UFPR ressalta que repudia veementemente qualquer tipo de violência ou discriminação, seja ela física, verbal ou simbólica. A instituição age com rigor e transparência, com o compromisso em promover um ambiente universitário inclusivo, seguro e democrático”, diz trecho da nota.
O trote
Vídeos obtidos pela Banda B mostram calouros em fileira, sem roupas e sujos com uma espécie de pó branco. A cena é vista por estudantes, sendo que alguns deles usam capas de chuva e têm os rostos cobertos por panos.
Em outro registro, os calouros aparecem de costas e alguns deles sem camisa. Todos os vídeos foram gravados da janela de um edifício, com o trote acontecendo em um terreno visivelmente vazio.
De acordo com a testemunha ouvida pela reportagem, os veteranos do curso usaram animais mortos e até um porco durante o trote.
“Foi levado um porco e os alunos tiveram que beijá-lo. Eles levaram tapas no rosto, tiveram que ficar em posição de cócoras e, em momento algum, [os veteranos] se sentiram ameaçados ou pararam”, afirmou a testemunha.
Procurada pela Banda B em maio, a UFPR informou que o trote violento aconteceu fora das dependências da instituição.
Trote violento em Palotina
A UFPR afastou 25 estudantes de medicina veterinária, em abril do ano passado, após mais de 20 calouros sofrerem queimaduras durante um trote em Palotina, no oeste do Paraná.
Os veteranos do curso teriam utilizado um líquido que estava em uma embalagem de creolina, uma espécie de desinfetante e germicida usado por veterinários. À época, quatro pessoas chegaram a ser presos pela polícia. Eles deixaram a prisão dias depois mediante pagamento de fiança.
Por Guilherme Lara da Rosa
Fonte: Banda B