‘Vacina’ anticoncepcional coloca vida de gatas e cadelas em risco; castração é a melhor opção

‘Vacina’ anticoncepcional coloca vida de gatas e cadelas em risco; castração é a melhor opção
Métodos contraceptivos como injeções, comprimidos e implantes, podem trazer complicações à saúde dos pets. Foto: Freepik

Assim como para os humanos, cães e gatos também possuem diferentes métodos contraceptivos – ou seja, que evitam a gravidez. Cada um deles possui um princípio ativo e ação diferente, mas, em sua maioria, agem no bloqueio ou redução da secreção dos hormônios reprodutores e interferem no pleno funcionamento do corpo do animal.

De uns tempos pra cá, muito tem se falado sobre a “vacina anticoncepcional” ou “anti-cio”. Apesar de realmente existirem, os imunocontraceptivos ainda estão em estudo pela comunidade científica e, portanto, não são utilizados corriqueiramente nas clínicas de cães e gatos.

O que existe hoje em dia e já é utilizado é a injeção anticoncepcional. A confusão pode ocorrer porque muitas pessoas utilizam o termo “vacina” para se referir à injeção, mas são coisas diferentes: vacinas são substâncias que contêm agentes patogênicos capazes de induzir uma resposta imune no animal e gerar anticorpos que atuam na defesa do organismo.

Já as injeções são propriamente uma forma de aplicação de substâncias no corpo do animal. Essas substâncias podem ser medicamentos, soro, vacinas, etc. Assim, nem toda vacina vem em formato de injeção e nem toda injeção contém uma vacina.

De qualquer forma, a maioria dos anticoncepcionais deve ser utilizada antes da paciente entrar no cio – os médicos veterinários sugerem a aplicação na fase chamada de “anestro”, ou seja, durante o período de inatividade sexual do ciclo. “O acompanhamento dos sinais clínicos e diagnóstico do ciclo estral deve ser feito por um médico-veterinário para que o tratamento seja instituído no momento ideal para cada medicação”, orienta Amanda Tartarelli, veterinária pós-graduada em obstetrícia. Quando o medicamento contraceptivo é aplicado durante o cio, costuma apresentar menor eficiência.

De modo geral, a medicina veterinária não indica o uso dos métodos contraceptivos conhecidos, com exceção da castração. “Os hormônios anticoncepcionais não são métodos seguros para as cadelas e gatas, pois apresentam alta incidência de efeitos colaterais, especialmente aqueles de uso injetável. Embora possam apresentar relativa eficiência, não é preconizado o uso prolongado ou contínuo de tais medicamentos, pois as cadelas são altamente sensíveis aos hormônios e desenvolvem reações negativas exacerbadas”, diz Camila Infantosi Vannucchi, doutora em reprodução animal.

Danos colaterais também podem ocorrer após a administração de uma única dose da medicação em determinados pacientes, lembra Amanda. Alguns dos efeitos colaterais listados pelas médicas são hiperplasia e tumores mamários; distúrbios uterinos – como hiperplasia endometrial cística, mucometra e piometra (infecção uterina) –; vulvovaginites; poliúria (produção excessiva de urina) e incontinência urinária; alterações hepáticas e renais; indução de diabetes mellitus ou resistência insulínica; variações comportamentais, letargia ou agressividade; aumento do apetite, ganho de peso; reação no local da aplicação, doenças endócrinas, entre outros.

É fácil perceber estas alterações derivadas dos contraceptivos. Os tumores mamários, por exemplo, são similares a caroços e podem apresentar diversos tamanhos, gerar inchaço nas mamas e liberação de secreções.

Por Laís Seguin

Fonte: Jorna de Piracicaba


Nota do Olhar Animal: A “vacina anticoncepcional” ou “anti-cio” é aplicada (e faz vítimas) há décadas, não é uma novidade. E, desde sempre, a esterilização cirúrgica têm sido a melhor opção. A falta de políticas públicas para o controle populacional de cães e gatos e o preço acessível acabou popularizando as “vacinas anticoncepcionais”, com efeitos terríveis para os animais.

Castração, um ato de respeito

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