Veterinários e tutores estão submetendo os animais de estimação a tratamentos dolorosos e desnecessários porque se recusam a deixá-los morrer, alertam especialistas

Veterinários e tutores estão submetendo os animais de estimação a tratamentos dolorosos e desnecessários porque se recusam a deixá-los morrer, alertam especialistas
EthicsFirst, um grupo de profissionais veterinários, disse que cães e gatos podem receber tratamentos complicados, muitas vezes cobertos por seguros e podem prolongar a dor (imagem de arquivo)

Animais de estimação doentes têm recebido tratamentos dolorosos e desnecessários dos tutores que se recusam a deixá-los morrer, alertou um grupo de veterinários em campanha. EthicsFirst, um grupo de profissionais veterinários, disse que cães e gatos agora podem receber tratamentos complicados, muitas vezes cobertos por seguros, como quimioterapia e cirurgia cardíaca sem consentimento.

Mas o grupo de campanha expressou preocupação com o fato de os veterinários estarem ajudando os tutores a dar aos seus animais de estimação tratamento excessivo e intervenções não comprovadas quando a eutanásia é uma opção mais generosa.

O EthicsFirst pediu que houvesse mais debates sobre a ética de dar aos animais tratamento doloroso e desnecessário quando eles são incapazes de dar consentimento, relatou o The Times.

O grupo argumentou que os veterinários têm ajudado os tutores de animais a prolongar a agonia dos animais e disse que há um ponto de vista entre alguns veterinários de que a eutanásia é um fracasso e deve ser apenas um último recurso.

Vários veterinários também estão preocupados com o fato de alguns profissionais serem influenciados por ganhos financeiros ou pela necessidade de nunca desistir do animal, o que pode levar a tratamentos desnecessários.

No ano passado, a professora Sarah Wolfensohn, da escola de medicina veterinária da Surrey University, escreveu um artigo onde argumenta que os tutores são influenciados pela “fofura” dos animais ao tomar decisões vitais sobre o tratamento.

O artigo, intitulado “Muito bonito para matar? A necessidade de medidas objetivas de qualidade de vida”, disse: “Acho que o que fizemos foi seguir o caminho de tratar os animais como mini humanos quando ficam doentes ou envelhecem”.

“Sim, eles fazem parte da família, mas um cachorro tem o comportamento normal que deseja: correr, jogar bola, esse tipo de coisa.”

Ao falar sobre sua própria experiência, Wolfensohn disse que teve que abandonar seu labrador Bentham, de 12 anos, depois que ele perdeu o uso de suas patas traseiras devido à artrite.

A EthicsFirst pediu que haja mais debates sobre a ética de dar aos animais tratamento doloroso e desnecessário quando eles são incapazes de dar consentimento (imagem de arquivo)
A EthicsFirst pediu que haja mais debates sobre a ética de dar aos animais tratamento doloroso e desnecessário quando eles são incapazes de dar consentimento (imagem de arquivo)

Ela argumentou que eutanasiá-lo foi a coisa mais generosa a se fazer, e disse que alguns veterinários mais jovens acreditam que a eutanásia significa que eles entenderam errado, quando pode ser um tratamento perfeitamente bom para acabar com o sofrimento de um animal.

Enquanto isso, a Dra. Kathy Murphy, cirurgiã veterinária e diretora do centro de biologia comparativa da Universidade de Newcastle, disse estar preocupada com o fato de os tutores de animais não estarem cientes da dor envolvida em alguns tratamentos.

Ela argumentou que os veterinários às vezes dizem aos tutores de animais de estimação que seus animais morrerão se não tentarem certos tratamentos, o que os torna mais atraentes para os tutores.

Ela acrescentou: “Minha preocupação é o quão bem informados esses tutores estão, porque na realidade alguns desses procedimentos podem ter uma chance de 10 ou 25 por cento de serem bem-sucedidos, mas uma chance de 100 por cento de que seu animal de estimação sofrerá e estará com dor, bem como de terem complicações pós-operatórias”.

Isso ocorre depois que especialistas veterinários afirmam que os tutores de cavalos devem considerar opções difíceis de final de vida se seus amados animais mostrarem sinais de deterioração da saúde mental.

A eutanásia pode ser considerada para cavalos enlutados cujo bem-estar mental sofre após a perda de seu companheiro mais próximo.

Os especialistas conduziram um estudo no qual a saúde psicológica dos cavalos foi examinada em relação a um tratamento de fim de vida em 30 cenários diferentes.

Do painel de 160 pessoas, apenas 11 apoiaram a decisão de eutanasiar um cavalo por outras razões além de lesão física.

E a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA) parece ter apoiado tais apelos nos casos mais graves que envolviam o bem-estar emocional dos cavalos.

A pesquisa foi encomendada pela Equine Behavior and Training Association (EBTA), sediada no Reino Unido, que é descrita como um grupo de “dedicados e experientes tutores de cavalos, behavioristas e acadêmicos”.

Isso ocorre depois que especialistas veterinários afirmam que os proprietários de cavalos devem considerar opções difíceis de final de vida se seus animais amados mostrarem sinais de deterioração da saúde mental (imagem de arquivo)
Isso ocorre depois que especialistas veterinários afirmam que os proprietários de cavalos devem considerar opções difíceis de final de vida se seus animais amados mostrarem sinais de deterioração da saúde mental (imagem de arquivo)

A Dra. Catherine Bell, que representa a EBTA e liderou a pesquisa, explicou que há certos cenários em que cavalos que enfrentam problemas de bem-estar devem ser considerados para eutanásia.

“Não estamos sugerindo que, no minuto em que seu cavalo parecer um pouco infeliz, você deva fazer a eutanásia”, explicou ela à revista equestre Horse & Hound.

“Mas se o seu cavalo parece infeliz por muito tempo, mesmo que não haja nenhuma razão física, isso é algo que deve ser examinado”.

“Nem sempre é um fator físico catastrófico que torna a decisão óbvia”.

O jornal The Telegraph relatou que as descobertas do estudo, Atitudes do Público Equestre em relação às Decisões de Fim de Vida dos Equinos, podem violar os regulamentos oficiais da RSPCA, que afirmam que os animais não devem ser eutanasiados a menos que seja em seu melhor interesse.

Um porta-voz da organização disse ao site MailOnline: “Em alguns casos muito sérios, embora felizmente muito poucos, veterinários e especialistas em comportamento podem determinar que o bem-estar de um animal é tão seriamente afetado por sua saúde mental ou que suas necessidades comportamentais são tão severas que, apesar do melhor esforço, é impossível garantir a eles uma boa qualidade de vida livre de medo, estresse e sofrimento”.

A British Horse Society disse que a eutanásia é uma opção que pode ser considerada pelos tutores após doença, acidentes, velhice ou a descoberta de condições de saúde pré-existentes.

Por Kate Dennett / Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: Daily Mail


Nota do Olhar Animal: É sempre bom lembrar que a eutanásia é um ato de caráter misericordioso e que deve atender aos interesses de quem o sofre, e não aos interesses de quem o pratica. Só pode ser chamado de “eutanásia” o ato de abreviar a vida de um animal com doença incurável e em estado irreversível de sofrimento. Se as condições não forem essas, o nome do ato é “assassinato”, “extermínio”, “massacre”. Disseminou-se o entendimento errado do termo “eutanásia” por aqueles que tentam minimizar a IMORALIDADE de suas ações. Infelizmente, até mesmo protetores usam erradamente esta terminologia.

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