Vídeo: um caso de maus-tratos por dia; veja como é a reabilitação de pets no DF

Vídeo: um caso de maus-tratos por dia; veja como é a reabilitação de pets no DF
Imagens cedidas ao Metrópoles

Ao menos um animal é vítima de maus-tratos por dia no Distrito Federal, segundo informações da Polícia Civil (PCDF). Quando o crime envolve meios cruéis, os números são menores, porém, ainda preocupantes. Em três meses, quatro casos foram registrados. O Metrópoles ouviu defensores dos animais que contaram histórias de cachorros que foram brutalmente machucados, mas que passaram por reabilitação e foram adotados.

Jack foi abandonado pelo caseiro de uma chácara na área rural do Gama. O cachorro, então, começou as andanças pelas áreas vizinhas, onde ficou conhecido por algumas famílias. “Ele sempre foi bem medroso”, contou a servidora pública Keiko Nakayoshi, 47 anos. Em um desses passeios, o cão entrou em um sítio e foi recebido com brutalidade. Jack levou dois tiros, um na pelve e outro na perna.

“Um dia vi que ele estava chorando muito e tinha sangue em uma das patas dianteiras. Minha sobrinha tinha passado spray anti-inflamatório na parte traseira e eu não vi a ferida”, relatou Keiko, que costuma ir a região de sítios aos finais de semana, visitar a mãe. Ela disse que, quando percebeu que Jack estava com dor, lhe deu um analgésico. “A gente se preocupou com a dor e se ele comeria e beberia água”, relembra.

Como Jack ainda estava frágil, decidiram procurar ajuda veterinária. “A gente não tinha conseguido coloca-lo no carro porque, mesmo ferido, ele se assustava e fugia, mancando, quando a gente tentava”. A assistência médica constatou que o animal havia sido alvejado. Foi necessário passar por cirurgia e também por fisioterapia.

A veterinária Ana Paula Castro, responsável pela fisioterapia e reabilitação de Jack, informou que no caso dele a situação ortopédica foi reversível, mas que ficou sem o controle da urina. “O tiro na pelve pegou uma parte nervosa, por isso, hoje, ele fica com fralda”.

Para a reabilitação da perna, foram necessárias 10 sessões de fisioterapia. Keiko adotou o cachorrinho e levou Jack para morar com ela em um apartamento na Octogonal. Para facilitar a caminhada do cãozinho, ela colocou pisos emborrachados, e também passeia com Jack na chácara aos fins de semana, quando vai visitar a mãe.

Escalpelada com óleo quente

Outro caso de brutalidade em animais foi o de Loly. Ela era uma cachorra rua que tinha acabado de ter filhotes. Para expulsá-la de perto de uma casa, onde deu à luz aos bebês, jogaram óleo quente em cima dela. O pelo de Loly foi arrancado do corpo pela fervura, ficando em carne viva.

Quando outras pessoas viram a cachorra escalpelada, procuraram iniciativas que acolhessem e pudessem oferecer tratamento e acolhimento à cadela e aos filhotes, que foram adotados. Loly precisou de tratamento diário para se recuperar. Foram cinco longos meses de medicação.

“A água quente escorre, mas o óleo gruda. Então machuca muito mais”, disse a professora de educação Artística Viviane Bosso, 40 anos, voluntária da ONG Toca Segura que tratou dos ferimento da cachorrinha. “O óleo não só cai no animal, ele permanece até esfriar. Então ele queima ali. A pele dela virou um carvãozinho, se soltava e desfazia na mão da gente”, lamentou.

De acordo com Viviane, um curativo era feito todos os dias na cadelinha, na intenção de limpar o ferimento. Além dos medicamentos, Loly passou pela medicina alternativa, com acupuntura, ozônioterapia e infravermelho. “Foi um intensivo. Ainda teve de se acostumar com as pessoas porque ela ficou extremamente desconfiada”, lembrou.

A pele se recuperou, mas a desconfiança com o ser humano deixou marcas na cachorrinha. Cinco meses após ser resgatada, a professora Shadia Faisal Husein, 46 anos, adotou a pequena, mas recordou que Loly não aceitava comer se tivesse alguém por perto. “Ela era bastante arredia. Ela se tremia toda quando aparecia alguma visita em casa”, detalhou Shadia.

A professora disse que no início Loly não brincava, mas quando adotou outros três cachorros ela começou a interagir mais. “É uma convivência muito harmônica e ela cuida de cada um dos demais. É protetora, sabe?”

A ONG Toca Segura, que ajudou Loly, cuida de, aproximadamente, 300 cachorros em reabilitação. Interessados em ajudar podem fazer doações de roupas que são vendidas no bazar para arrecadar dinheiro, apadrinhar um cachorro, doar dinheiro e tempo. O objetivo da ONG é que os animais sejam adotados de forma responsável. Mais informações podem ser acessadas por meio deste link.

Dados

No ano passado, a Polícia Civil registrou 452 ocorrências de maus-tratos a animais. Destas, 140 tiveram procedimentos instaurados, resultando em 65 indiciamentos e 30 prisões. Em 2021, a proporção não foi tão diferente, também com 405 registros. Houve a instauração de 167 procedimentos, com 77 indiciamentos e 31 prisões.

De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, as denúncias podem ser feitas na Ouvidoria do governo do Distrito Federal, pelo telefone 162 ou pelo site. Esse relato é encaminhado ao Instituto Brasília Ambiental (Ibram) ou à Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e a Ordem Urbanística (Dema), conforme o teor da denúncia, para apurar e tomar as providências cabíveis.

A Dema também pode ser acionada diretamente, por meio do número 197, pelo WhatsApp – (61) 98626-1197 ou pelo e-mail [email protected].

O Batalhão Ambiental da Polícia Militar atende 24 horas pelo telefone 3190-5190 e pelo WhatsApp – (61) 99351-5736.

Por Jade Abreu

Fonte: Metrópoles

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