Vizinhos relatam situação precária de cães sem água e comida em casa de Ribeirão Preto, SP: ‘Sofrimento’
Moradores do bairro Jardim Macedo, zona leste de Ribeirão Preto (SP), afirmam que cães têm sido mantidos em situação precária em uma casa, sem água e comida e no meio das próprias fezes.
VÍDEO: Moradores denunciam situação de cachorros na zona leste de Ribeirão Preto, SP
De acordo com a enfermeira Gabriela Bassi, vizinha do imóvel onde os animais vivem, a responsável pelos bichos é a mesma mulher que mantinha mais de 200 cães e gatos em situação semelhante, na zona Sul da cidade, em junho deste ano.
Gabriela aponta que ela e os vizinhos da Rua Margarida não aguentam mais conviver com a realidade dos animais sem poder fazer nada. A enfermeira afirma que boletins de ocorrência já foram registrados na Polícia Civil, mas que a situação continua.
“Eles se alimentam das próprias fezes, bebem a urina e a água que se acumula do ralo, da chuva […] estamos ficando malucos, é horrível conviver com isso, ver o sofrimento dos animais e não poder fazer nada”, diz.
Segundo a presidente do Conselho Municipal do Bem-Estar Animal (Combea), Maria Cristina Dias, trata-se da mesma pessoa alvo da ação de protetores voluntários em junho. Na época, o grupo resgatou uma centena de animais, mas muitos ainda ficaram com a mulher.
Maria Cristina diz que falta atuação efetiva da Prefeitura para que o caso seja solucionado.
“Venderam a casa, essa mulher se mudou e agora o problema está em outro lugar, foi só transferido. Essa mulher tem que ser interditada e responsabilizada, e quem tem que estar a frente dessa situação é a Divisão de Bem-Estar Animal, o município é responsável. As ONGs já têm feito mais do que podem neste caso”, diz.
O que diz a prefeitura
Ao g1, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente informou que a moradora foi multada por barulho e mau cheiro, e que a Divisão de Bem Estar Animal realizou a castração de 18 animais e o encaminhamento dos filhotes para adoção.
“Mesmo encontrando resistência da proprietária, fiscais ligados a Secretaria Municipal do Meio Ambiente realizaram nova vistoria no dia 13 de outubro, fazendo a castração de mais uma fêmea. Agora o caso está com representação no Ministério Público para tomar as medidas cabíveis”, disse a pasta.
Prefeitura informou ainda que as secretarias da Saúde e da Assistência Social acompanham a situação dos animais e dos moradores.
Nova na vizinhança
De acordo com a enfermeira, a mulher se mudou para a casa há pouco mais de um mês. Junto da mudança ela levou uma quantidade de cães que, no início, já chamou a atenção dos moradores mais antigos do bairro.
“A gente até estranhou, porque assim que ela mudou, ela tinha muitos cachorros, ficamos até espantados. Com o tempo, fomos descobrindo quem ela era, porque vieram ONGs aqui fazer manifestações. Ela é uma senhora paciente psiquiátrica, com caso de acumuladora”, aponta.
Gabriela afirma que os animais passam os dias no quintal e que raramente a proprietária do imóvel os alimenta. Vídeos feitos por vizinhos mostram os bichos rodeados de fezes enquanto buscam água dentro de um ralo destampado. (Veja vídeo acima)
“A gente está convivendo com isso, vendo os maus-tratos contra eles. Eu nunca vi ela bater, mas eu escuto choro e latido deles o tempo inteiro, fora o mau cheiro”, diz.
Perturbação de sossego
Os vídeos mostram dezenas de cães no quintal pequeno da casa. Com o barulho constante de latido e choro dos animais, Bassi destaca que os vizinhos enfrentam dificuldades para executar tarefas básicas do dia, como dormir, estudar e trabalhar.
“Eles ficam em um espaço pequeno, brigam entre si, choram, uivam, latem dia e noite. A gente não consegue mais dormir, trabalhar de home office, estudar, porque não para. O barulho é insuportável”, afirma.
Segundo a moradora, além do barulho, o cheiro do quintal da casa acaba invadindo o interior das residências vizinhas, tornando impossível a abertura das janelas. “Fica um mau cheiro insuportável, a gente tem que ficar o dia inteiro com a casa fechada, porque o cheiro entra”, diz.
Resgate de animais em junho
O problema com os cães ficou conhecido em 13 de junho deste ano, quando um grupo de voluntários atuou no resgate de cerca de 80 cães em situação de maus-tratos na casa onde a mulher e a filha viviam no bairro Jardim Califórnia.
Durante a ação, que foi acompanhada pela Polícia Militar (PM), mãe e filha permitiram a entrada dos protetores, mas foram hostis quando perceberam que os animais seriam retirados da casa.
As imagens mostravam fezes espalhadas dentro e fora da casa. Havia animais mortos na piscina e filhotes eram mantidos em gavetas dentro dos armários. Parte dos animais resgatados foi levada a clínicas veterinárias parceiras. Muitos cães foram adotados até mesmo por moradores vizinhos.
Na época, o Ministério Público abriu um procedimento para investigar possíveis ilegalidades cometidas pelas moradoras da residência. O órgão também requisitou à Prefeitura a retirada dos demais animais que permaneceram no local.
Fonte: G1