Voluntários trocam festas de réveillon para tranquilizar cães durante queima de fogos no AP
A chegada do Ano Novo é marcada pela tradicional queima de fogos de artifícios. Mas o que para muitos é momento de festa, para tutores de cães é sinônimo de preocupação. O som intenso dos fogos provoca medo e agitação nos animais e gera riscos para a saúde deles. Por essa razão, em Macapá, um grupo de voluntários da ONG Anjos Protetores decidiu trocar as festas da virada de ano para acalmar cães e gatos atendidos na unidade.
Ao todo serão cinco voluntários que estarão na sede da organização para atender aproximadamente 30 cachorros e 50 gatos. Uma das participantes será a estudante Isabelle Souza, de 18 anos, que recebeu o convite e resolveu colaborar.
“Sei o quanto esses fogos fazem mal para a audição dos cães. Eles ficam muito assustados. Decidi então que na virada do ano estarei lá para ajudar os animais da ONG, que não têm família para tranquilizá-los durante esse momento. Minha celebração para 2018 será contribuindo para o bem estar deles”, destacou.
Pensamento semelhante compartilha a voluntária Rosângela Barbosa, de 29 anos. Ela reforça que, apesar de ter uma cachorra de estimação em casa, vai para a ONG ajudar a cuidar de outros animais que não têm um lar.
“Eles estão longe do conforto de um lar e esse momento é muito difícil para os animais, pois eles têm a audição mais sensibilizada que o ser humano e sofrem muito mais com o barulho dos fogos. É um transtorno muito grande. Geralmente quando eles ficam agitados, pego no colo ou faço carinho até acalmar”, contou.
Nas vésperas do Réveillon, Rosângela pede à população que tenha consciência na hora da queima de fogos. “Às vezes as pessoas não imaginam que os fogos podem deixar nossos animais aterrorizados. Poderiam dar mais atenção a essa situação na cidade para não acontecer uma outra fatalidade”, pediu.
Segundo o integrante da entidade que resgata e cuida de animais de rua, o jornalista João Clésio, a ação ocorre todos os anos.
“Vamos nos revezar das 23h até a 1h da manhã do dia 1º de janeiro para acalmar os animais, pois sabemos que é difícil esse período para eles. Todos os anos ficamos em alerta “, disse Clésio.
Mortes
Apesar dos cuidados, os tutores de cães pedem para que não sejam explodidos os fogos de artifício, porque provocam sérias reações. Entre as principais estão os ataques do coração, epilético e o nervoso.
Em 2016, a cadela Fadinha, da professora Karla Figueredo, de 26 anos, teve um ataque cardíaco com fogos na madrugada do dia 25 de dezembro. Ela morreu após ter convulsões.
“Ela era uma cachorra que ficava muito agitada em relação a qualquer barulho, mas em relação aos fogos só piorava porque acabava dando convulsões nela. Sempre tinha minha mãe do lado dela para ajudar, mas nesse dia 25 ela ficou só em casa. Eu saí com aquilo em mente de que algo ia acontecer. Quando a minha mãe chegou em casa, 1 hora depois dos fogos, ela já tinha falecido”, contou Karla.
No Natal de 2014, a cadela vira-lata Mel, de 11 meses, morreu em decorrência das explosões dos fogos. Ela estava amarrada em uma coleira na sacada da casa, que tem dois andares, se assustou com o barulho, se jogou e morreu enforcada.
Fonte: G1