Zoológico ‘preocupante’ reabre em Gaza meses depois de fechar
O Rafah Zoo, conhecido pelas terríveis condições dos animais, reabre a despeito da organização de bem-estar animal receber pedidos de fechamento permanente.
RAFAH – Uma leoa é espancada com paus enquanto seus filhotes são arrastados para longe. Um zoológico de Gaza fechado depois de uma longa campanha reabriu, com condições aparentemente tão ruins como sempre.
O Zoológico de Rafah no sul da faixa de Gaza era conhecido por seus animais desnutridos, com os proprietários dizendo que lutaram para encontrar dinheiro suficiente para alimentá-los.
Em abril, a organização internacional dos direitos dos animais Four Paws levou todos os animais para santuários, e recebeu uma promessa de que o zoológico fecharia para sempre.
Mas, em agosto, ele reabriu com dois leões e três filhotes novos, encurralados em jaulas com poucos metros quadrados de tamanho.
Os críticos dizem que os proprietários querem intimidar a Four Paws ou outras organizações de bem-estar animal ao dar-lhes milhares de dólares para libertarem os animais sob seus cuidados.
A Four Paws pagou aos proprietários do zoológico mais de US$ 50,000 no ano antes de seu fechamento para tratamentos veterinários, alimento e cuidadores.
O dono do zoológico insiste que a reabertura é apenas para a diversão dos moradores locais.
1.000 metros, não sete
Quando o zoológico foi visitado recentemente, o corpo estufado de um leão estava exibido perto da entrada.
Uma avestruz em um recinto de três metros quadrados bicou infinitamente as barras da jaula, enquanto dois macacos sentados mastigavam lixo.
No outro extremo, o leão e a leoa foram mantidos em jaulas separadas, cada uma com poucos metros quadrados.
Os proprietários procuravam retirar os filhotes da mãe para brincarem com as crianças visitantes.
Para fazer isso, espancaram a leoa com varas e bateram na jaula para confundi-la, com a equipe depois provocando-a quando os filhotes foram retirados.
“Uma leoa precisa de 1.000 metros quadrados para ficar. Aqui eles têm sete metros quadrados”, disse Mohammed Aweda, um entusiasta animal proeminente em Gaza.
“O zoológico não sobreviverá durante o inverno, porque faltarão mantimentos diários que custam muito. Para você ou eu ou qualquer um que possua um zoológico (em Gaza), a economia é muito difícil”.
A Gaza palestina é gerida pelo movimento Islâmico Hamas, e tem sido bloqueada por Israel por mais do que uma década. Houve três guerras entre eles nesse tempo.
O enclave de dois milhões de pessoas teve oito pontos percentuais negativos de crescimento econômico no ano passado.
Cerca de dois terços das pessoas jovens estão desempregados, enquanto quase 50 por cento estão abaixo da linha de pobreza, de acordo com o Banco Mundial. Muitos Palestinos estão desesperados por modos de fazer dinheiro.
Em meio ao clamor internacional sobre as condições do zoológico, no ano passado a Four Paws chegou a um acordo com os proprietários.
Em abril, perto de 50 animais, incluindo leões, macacos, pavões e porcos-espinho foram levados de Gaza, através do território de Israel, para santuários na Jordânia e outros lugares.
A ONG disse explicitamente em um pronunciamento que não paga por animais, mas proveu fundos para “custos de tratamentos veterinários, alimentos e cuidadores para que mais de 40 animais que estivessem mais fortes e saudáveis pudessem ser resgatados e transferidos”.
No total, a quantia paga por mais de um ano foi de US$ 55,000, disse a ONG.
A Four Paws disse que o proprietário do zoológico prometeu não reabrir.
Os críticos suspeitam que os proprietários pretendem intimidar a Four Paws para pagar novamente.
“Qualquer organização internacional não lidará com este problema facilmente porque isso se tornou um comércio”, disse Aweda.
Entretenimento
O gerente do recém reaberto zoológico, Ashraf Jumaa, da mesma família que era proprietária do anterior, disse que trouxe os novos leões através dos túneis do Egito.
Entretanto, outros sugeriram que eles foram trazidos de outro centro animal no norte de Gaza.
Ele negou que queria chantagear a Four Paws.
“O primeiro objetivo é o entretenimento, não o comércio. A principal razão que nós reabrimos o zoológico foram as pessoas na área que nos apoiaram”, ele disse.
Ele disse que seria menos caro porque havia menos animais, mas admitiu que se esforçaria para conseguir comida suficiente, uma vez que os filhotes estavam crescendo.
“Todo dia eles precisarão entre 22 e 30 quilos de carne que custa entre 100 e 150 shekels (entre 28 e 43 dólares)”, ele disse.
O zoológico recebeu recentemente cerca de 50 visitantes por dia, ele disse, com ingressos que custam em média dois shekels (por volta de US$ 0,50).
A Four Paws disse que a filmagem que viu do zoológico era “muito preocupante”.
“Os animais não são mantidos em condições apropriadas para a espécie. Eles parecem estar em más condições e precisam urgentemente de atendimento veterinário médica e alimento apropriado”, disse.
Um funcionário do Ministério da Agricultura de Gaza, que falou na condição de anonimato, disse que não houve coordenação na reabertura do zoológico.
Ele disse que Gaza precisava de um grande parque que atenda aos padrões internacionais.
Tradução de Fátima C G Maciel
Fonte: Middle East Online
Nota do Olhar Animal: A razão da existência de todos os zoológicos é o entretenimento e a renda que gera para proprietários e/ou funcionários que vivem às custas da prisão perpétua imposta aos animais e todo o sofrimento que isso lhes causa. A propalada função conservacionista dos zoos é comumente mentirosa, já que a reprodução têm se prestado apenas para suprir os próprios zoológicos de animais das espécies procriadas.