RJ: Grupo de ativistas protesta contra morte de girafas no Bioparque

RJ: Grupo de ativistas protesta contra morte de girafas no Bioparque
Protesto no Bio Parque do Rio pela morte de girafas Foto Domingos Peixoto / agência o Globo Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Ativistas em defesa dos animais protestam na entrada do Bioparque pela morte de três girafas importadas da África do Sul pelo zoológico. Os animais morreram em um resort em Mangaratiba. A causa ainda não foi esclarecida. Outras quinze girafas permanecem no local. O caso é investigado pela PF e pelo MPF.

Na entrada do parque na Quinta da Boa Vista, ativistas argumentam que o bioparque afirmou ter trazido os animais para preservação da espécie, mas a girafa não faz parte da fauna brasileira. Com gritos de “Não financiem tortura” e “Bioparque mata girafas”, eles afirmam que o objetivo do protesto é chamar atenção do público do zoológico para o caso.

Uma das organizadores independentes da manifestação é a atriz Alexia Dechamps, que há 18 anos luta pela causa animal.

— A gente está fazendo o que pode pra chamar atenção. Eu sou contra zoológicos. São os únicos inocentes que ficam presos para o resto da vida. Essa questão das girafas precisa ser muito bem esclarecida – diz a atriz.

— Essa falácia da conservação. Que conservação? A gente não tem conservação da nossa fauna.

Vídeo: Girafas fazem quarentena em safári em Mangaratiba

Vidas não são comércio, animais não são bolsas chinesas pra vir dentro de contêiner. O dinheiro que eles gastaram pra trazer essas girafas, eles podiam investir em projetos de conservação no Brasil. Eu venho chamar aqui a fiscalização. Não resta a menor dúvida que o lugar para receber esses animais não era adequado —- completa.

Panfleto entregue por ativistas em protesto Foto: Reprodução
Panfleto entregue por ativistas em protesto Foto: Reprodução

Representante do gaia, grupo de ativistas independentes pelos animais, Josane Alves explica que o grupo luta pela repatriação das girafas que estão no resort.

— O nosso objetivo é primeiro chamar atenção do público porque muita gente que entra aqui não tem noção do que está acontecendo, dos bastidores por trás de um zoológico. A nossa intenção é fazer com que essas girafas voltem pro seu lugar de origem – explica.

Outros grupos em defesa dos animais estão presentes no protesto como a Brigada Animal, Pata Real, Grupo de Defesa Ambiental e representantes da comissão de defesa e proteção dos animais da OAB-Barra.

Relembre o caso

Importadas da África do Sul com destino ao Bioparque do Rio, 18 girafas foram levadas para o Resort Safari Portobello, em Mangaratiba, na Costa Verde do estado, para um período de adaptação antes que fossem levadas ao zoológico. Os animais desembarcaram no Aeroporto Internacional do Galeão no dia 11 de novembro e passaram por um longo período de espera, relvelado pelo GLOBO.

Em 14 de dezembro, três das 18 girafas que estavam no resort escaparam de um local onde tomavam sol. Seis animais derrubaram cercas de madeira e correram se afastando do local onde aguardavam o transporte há pelo menos dois meses. Ambientalistas e especialistas denunciaram que o local era pequeno e não adequado para a espécie.

Algumas horas após a fuga as girafas foram recapturadas e devolvidas ao local de espera, mas na noite do mesmo dia três dos seis animais que escaparam acabaram morrendo. Não foram identificados ferimentos nas girafas após a recaptura e as causas da morte ainda estão sendo investigadas.

Veterinários da equipe do Bioparque participaram da elaboração do laudo que foi enviado para o Ibama e não acreditam que a causa da morte esteja diretamente relacionada com a fuga. Segundo o especialista, é possível que um “pico de atividade física” tenha feito os animais desenvolverem doenças “relacionadas ao tecido muscular esquelético”, o que pode ter levado às mortes.

As girafas trazidas da África não saem ao ar livre desde pelo menos 14 de dezembro, data em que a fuga dos animais foi registrada. Elas ficam em baias com aproximadamente 40 metros quadrados durante o período de adaptação que antecede o transporte

O Inea afirmou que, antes da chegada das girafas, realizou vistoria no empreendimento onde estão os animais para averiguar as condições do ambiente que abrigaria as girafas, e que constatou que o local estava em boas condições para isso. Após a repercussão do caso, o Ministério Público Federal e Polícia Federal entraram nas investigações para apurar a ocorrência.

Na última quarta-feira, a PF prendeu em flagrante dois homens acusados de maus-tratos a girafas. Na mesma operação, que foi acompanhada por técnicos do Ibama, 15 animais foram apreendidos. O delito está previsto no artigo 32 da lei de crimes ambientais. Os agentes encontraram ferimentos em alguns dos animais. Os dois detidos foram levados à delegacia e, em seguida, liberados.

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal também protocolou uma ação civil pública na Justiça do Rio contra o BioParque do Rio. A entidade quer que o zoológico seja proibido de comercializar as girafas e impedido de importar qualquer animal da fauna exótica mesmo mediante licença já concedida pelo Ibama até que o processo seja concluído, além da inclusão de todo o procedimento administrativo de importação no Ibama no processo judicial.

Procurado pela reportagem para emitir um posicionamento sobre o caso, o Bioparque do Rio não respondeu a solicitação até a última atualização.

Por Isabela Aleixo

Fonte: Extra

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