Cachorro paraplégico é abandonado em Nova Lima, na Grande BH; VÍDEO

Cachorro paraplégico é abandonado em Nova Lima, na Grande BH; VÍDEO
O cão vira-lata foi encontrado em uma estrada. Ele tem dificuldades para andar e se alimentar (foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)

Um cão vira-lata paraplégico foi abandonado em uma estrada de Macacos, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O marceneiro Adrio Silva Melgaço contou como resgatou o animal. “A gente está acostumado a resgatar os cachorros que o pessoal ‘joga fora aqui em cima na montanha’”, disse. “Mas esse foi demais, realmente muito triste. Eu estava saindo de casa com minha esposa, e meu amigo veio numa moto com o cachorro me pedindo ajuda. Imagina se não passássemos e víssemos ele? O coitado ia morrer de fome e de sede, ele só consegue rastejar. Queremos dar um tratamento a ele digno de um ser vivo”, complementou.

Segundo Adrio, o cãozinho foi encontrado ontem de manhã, às 7h30, na portaria de um condomínio em fase de construção. “Talvez a intenção era que ele não fosse encontrado mesmo”, lamentou. O marceneiro mora com a esposa e tem um mini zoológico em casa. “Aqui em casa somos eu e minha esposa, mais umas 50 galinhas, 20 galos, 5 gatos e 3 cachorros. A gente já cuida de muitos, mas a gente resgata porque não temos coragem de deixar na rua. Eu e minha esposa temos muito apego com os bichos, na verdade, eles valem mais que o ser humano. Dão um amor puro mesmo”.

Outros moradores do bairro Jardim Amanda, em São Sebastião das Águas Claras – nome oficial de Macacos -, relataram mais casos de maus-tratos e abandono de animais. De acordo com eles, pessoas de fora vão até a região para abandonar cães, gatos e outros animais há anos, devido ao lugar ser ermo e com pouca movimentação. A população ajuda os animais como pode, mas já não há mais espaço para abrigá-los. Por isso, foi feito um apelo à Prefeitura de Nova Lima.

Para tentar ajudar os bichinhos, os cidadãos se mobilizaram no WhatsApp em um grupo denominado “Proteção Animal”. “Nós tentamos ajudar como podemos. Conseguimos consultas, acompanhamento veterinário e tudo, mas não temos onde colocá-los. Não adianta fazermos tudo isso, e eles voltarem para a rua. Precisamos criar um abrigo público”, disse Cassilene Ribeiro.

De acordo com a moradora, um caso recente foi de um vira-lata preto encontrado em uma estrada de Macacos sem o movimento das patas traseiras, muito magro e com sede. “Ele não anda direito, está paralítico. As pessoas estão jogando os bichos na estrada mesmo. Nós não estamos mais dando conta de pegar para poder cuidar sem esse apoio”.

A Prefeitura de Nova Lima foi acionada para tentar ajudar. Conforme Cassilene, a Secretaria de Meio Ambiente do município foi muito solícita com a situação. “Disseram que se encarregariam das consultas caso conseguíssemos alguém para ficar com o cachorro paraplégico. Se (o cão) precisasse de cirurgia, tentariam conseguir. Mas, infelizmente, não há para onde levá-los”.

Nota da Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Nova Lima informou que tem atuado, incisivamente para coibir a prática de abandono e maus-tratos de animais na cidade, inclusive com legislação municipal que tipifica esses crimes, autoriza atuação da Guarda Civil Municipal, estabelece multa e conduz o infrator à delegacia para registro de boletim de ocorrência.

“Além disso, (a Prefeitura) realiza diversas campanhas de conscientização sobre assuntos relacionados à questão, dentre eles, tutoria responsável, e incentiva a população a denunciar esses casos”.

No ano passado, “a Prefeitura instituiu o Fórum Permanente da Causa Animal, que garante ampla participação da sociedade civil nas ações relacionadas ao tema”.

“Pela primeira vez na história do município tem se investido efetivamente na política do bem-estar animal, garantindo recursos tanto para o encaminhamento a atendimento médico veterinário quanto para o serviço de castração que, desde 2021, já realizou mais de 2.000 atendimentos na cidade”.

Ameaças

Ainda em Macacos, moradores observaram maus-tratos a cães que, segundo eles, “os donos têm condição de cuidar”. Porém, ao denunciarem à Polícia Militar, não houve retorno. “Eles ignoram, quando falamos que é sobre maus tratos com animais eles ignoram totalmente a denúncia, não vem mesmo”, comentou Cassilene Ribeiro.

Ela revela xingamentos e ameaças quando os moradores encontram os donos dos animais abandonados ou maltratados e os questionam sobre a situação. “Nós estamos com dois Goldens Retriever trancados em uma casa. Tentamos dar comida e água pela cerca, e sabemos que tem dono. A casa é boa, mas já fomos ameaçados se continuarmos ajudando”.

Polícia Militar

Em contato com a reportagem do Estado de Minas, a Polícia Militar de Nova Lima esclareceu que as denúncias foram encaminhadas ao Comando de Policiamento de Meio Ambiente.

“O Batalhão de Polícia Militar de Meio Ambiente através do 3º Pelotão de Polícia Militar de Meio Ambiente de Nova Lima, sob o comando do 2º Tenente André pesquisou no hall de entrada das denúncias sobre maus tratos a animais na região de Macacos.

“Foram encontrados os registros de apenas duas denúncias oriundas do DDU 181. No ano de 2021, mais precisamente em 07/03 houve o atendimento de uma denúncia, e na data de 14/06/22 aportou outra, a qual está para ser atendida, referente a maus-tratos por meio de matadouro clandestino”.

“Quanto às denúncias de maus-tratos por abandono, adiantamos que até a presente data não aportou nenhuma denúncia ao 3º Pel PM MAmb de Nova Lima”.

Cachorro que foi encontrado dentro de um saco de lixo, pelos moradores. (foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)
Cachorro que foi encontrado dentro de um saco de lixo, pelos moradores. (foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)

Veterinários solidários

Frederico Fulgêncio Caldas, bombeiro militar e veterinário de formação, mora na região há 4 anos e disse que, desde que chegou, sempre houve casos de abandono. “ Já fizemos caixinha, tinha doação mensal também. A gente pagava veterinário e até mesmo lar temporário”.

De acordo com ele, vários veterinários apoiam e ajudam com material. O bombeiro também contribuirá com a situação do cachorro paraplégico mediante doação de ração e na confecção de uma cadeirinha de rodinhas para que ele possa voltar a se locomover normalmente.

Frederico acredita que seja difícil encontrar os responsáveis e puni-los. Porém, o maior objetivo é conseguir pessoas ou locais que possam receber esses animais resgatados.

Por Cler Santos (sob supervisão de Rafael Arruda)

Fonte: Estado de Minas

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