Mais de 500 animais silvestres resgatados este ano na Bahia

O desmatamento cada vez mais feroz e a ocupação irregular de espaços que antes de serviam de moradia para animais silvestres, tem feito com que os bichos, em busca de abrigo, segurança e principalmente comida, venham fazendo o trajeto inverso aos dos humanos. O resultado disso tem sido o aumento no número de resgates em áreas antes consideradas urbanas.

Segundo dados do Grupo Especial de Proteção Ambiental (Gepa), órgão vinculado a Guarda Municipal, houve um aumento de quase 20% no número de capturas desses tipos de animais, entre os anos de 2015 (771 animais) e 2016 (917). Até o mês de maio deste ano, mais de 500 bichos já foram capturados pelos agentes, dentre mamíferos, aves e repteis. Desse total, boa parte é de cobras.

“A tendência é a de que haja crescimento no número de resgates, por causa do desmatamento e da ocupação irregular, principalmente em pontos da cidade como na Fazenda Cassange e na região do Parque São Bartolomeu. Isso sem contar locais onde estão acontecendo aterramentos de áreas de baixada. Já chegamos a resgatar duas serpentes dentro da penitenciaria.

A tendência é a de se acostumarem com a vida urbana, indo para dentro de casas e escolas, por exemplo”, explicou Robson Pires, comandante do Gepa, órgão que, dentre outras funções, realiza a fiscalização, resgate de animais e atua também na parte de conscientização ambiental.

Segundo Pires, no primeiro lugar no ranking de animais apreendidos está a jibóia, seguido pelos sariguês (como é chamado este animal aqui no estado da Bahia), corujas, gaviões e jabutis. “Também já capturamos espécies que estão ameaçadas de extinção como jacarés do papo amarelo, em Patamares e Pirajá, e ouriços do mar, em Piatã e na região da Surburbana”, disse.

No mês abril, por conta do surto de febre amarela, outro animal acabou ganhado destaque nas capturas realizadas pelo Gepa: o mico do tufo branco, encontrado com bastante freqüência nos bairros da Pituba, Caminho das Árvores, Stiep e Itaigara. Essa região, de acordo com o comandante, é a que lidera o número de chamados que são dirigidos ao grupo de proteção ambiental. “Na ocasião, houve um aumento em cinco vezes no número de chamadas”, salientou.

Agentes aprendem a lidar com várias espécies

Apesar dos altos números nos últimos tempos, a maioria dos animais, quando é resgatada, está em bom estado, conforme afirma Robson Pires. “Não estão doentes ou maltratados. Mas, teve um caso em que resgatamos um mico que tinha sintomas de doença neurológica e foi precisou ser encaminhado. Também capturamos aves que estão doentes ou machucadas”, contou.

Dentre os órgãos e instituições que recebem estes animais estão o Instituto Mamíferos Aquáticos, o Projeto Tamar, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS). “A nossa equipe de resgate avalia as condições de cada um deles. Posteriormente, veterinários os analisam para saber qual será o tratamento dado ao animal. Por outro lado, existem situações em que o animal é colocado de volta para a natureza”, acrescentou Pires.

Por outro lado, o aparecimento cada vez maior de animais peçonhentos como escorpiões, jararacas e cascavéis tem feito com que os agentes do Gepa precisem passar por constante capacitação para lidar com estes tipos de espécie, procurando identificar de que tipos são, se são ou não venenosas, quais os cuidados e indicações a serem feitos.

Existente há três anos, o grupo de proteção ambiental conta, atualmente, com 50 guardas lotados no Parque da Cidade, uma vez que atuam, também, na proteção patrimonial do espaço. Segundo Robson Pires, o cidadão que verificar qualquer tipo de animal silvestre dentro da casa ou do terreno, pode ligar para a Central de Operações da Guarda Municipal através do número (71) 3202-5312. O atendimento é feito durante 24 horas.

Por Yuri Abreu

Fonte: Tribuna da Bahia

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