Cabeleireira denuncia que levou cão com leishmaniose para ser sacrificado, mas ele foi abandonado vivo em vala de aterro

Cabeleireira denuncia que levou cão com leishmaniose para ser sacrificado, mas ele foi abandonado vivo em vala de aterro
Cão com leishmaniose foi encontrado em vala de aterro sanitário em Porangatu — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Um cachorro foi encontrado abandonado em uma vala do aterro sanitário de Porangatu, no norte de Goiás. As imagens dele circularam pelas redes sociais e chegaram à cabeleireira Zilma da Silva Costa, que reconheceu o cão como sendo o seu Rodolfo, que foi diagnosticado com leishmaniose e deixado para ser sacrificado pela Unidade de Zoonoses da cidade.

VÍDEO: Cabeleireira denuncia que cão com leishmaniose foi abandonado vivo em aterro

“Fiz tudo legalizado, dentro da lei, mas eles não fizeram o procedimento correto”, denunciou Zilma.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porangatu, que é responsável pela Unidade de Vigilância em Zoonoses, “constatou que o cachorro mostrado no vídeo da denúncia não passou pela unidade” – leia íntegra ao fim da reportagem.

O veterinário Sebastião Costa foi ao local deixar os restos mortais de outro animal, na terça-feira (14), quando ouviu o latido do cão e chamou o Corpo de Bombeiros. Após retirarem o bichinho da vala de cerca de cinco metros de profundidade em que ele estava, o próprio profissional o sacrificou com uma injeção, segundo registro da Polícia Civil.

“Escutei um cachorro chorando. Quando a gente olhou para o buraco, o cachorro estava lá. Após retirá-lo [do buraco], a gente o sedou, porque ele estava muito agitado, e coletamos o sangue. Por desconfiar que era um animal abandonado ali naquela região, fizemos um teste e deu positivo para leishmaniose”, explicou.

A história circulou pelas redes sociais e, quando chegou até Zilma, a deixou chateada: “Que seja tudo apurado e que as pessoas que não fizeram o procedimento correto sejam punidas, porque isso não pode acontecer”.

Rodolfo testou positivo para leishmaniose e foi encontrado abandonado — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Rodolfo testou positivo para leishmaniose e foi encontrado abandonado — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Nota da SMS

A Secretaria de Saúde informa que em consulta aos registros da UVZ Unidade de Vigilância em Zoonoses constatou que o cachorro mostrado no vídeo da denúncia não passou pela unidade e que esta afirmação é infundada.

Jamais uma unidade de saúde que zela pela saúde e proteção dos animais e que ao mesmo tempo incentiva denúncias de maus tratos, prestaria a um papel desumano deste. Diante do fato, a UVZ se coloca à disposição das autoridades policiais competentes para esclarecimentos necessários das circunstâncias apresentadas e reforça o desejo de que seja feita justiça neste caso, identificando e punindo conforme a lei o verdadeiro(a) responsável por este crime.

Secretaria Municipal de Saúde

Por Vanessa Martins e Tariq Augusto

Fonte: g1


Nota do Olhar Animal: A matança de cães com leishmaniose revela a ética rasa e a total incompetência técnica de equipes de CCZ, já que é um erro metodológico crasso. Já algumas prefeituras fazem exames e, se diagnosticada a leishmaniose no animal, oferecem ao tutor a “opção” dele próprio fazer o dispendioso tratamento ou então seu animal deve ser deixado e exterminado. Grande parte dos tutores não pode arcar financeiramente com o tratamento. Seria razoável que as prefeituras exterminassem crianças humanas de famílias de baixa renda por estas não poderem custear tratamentos? Óbvio que não, e não há porque pensar diferente em relação aos animais não humanos. Com a transferência da responsabilidade da “decisão” para o tutor, as prefeituras procuram se eximir da responsabilidade pela morte dos bichos, oferecendo uma “escolha” impossível de ser feita por muitos tutores, carentes de recursos financeiros. Isto acaba, na prática, representando uma velada, odiosa e elitista política de extermínio contra os cães de tutores de baixa renda. Cabe às prefeituras oferecerem alternativa acessível para o tratamento e, caso isto não ocorra, resta aos tutores acionarem judicialmente todas as prefeituras que oferecem esta “escolha” impossível. Lembrando que os fortes laços dos tutores com os animais os fazem temer que seus bichos sejam abatidos pelas prefeituras e, por isto, estes acabam deixando de submeter os animais aos necessários exames, agravando a questão de saúde pública, além da condição de saúde do próprio animal e de todos em seu entorno.

A EUTANÁSIA é um ato de caráter misericordioso e que deve atender aos interesses de quem o sofre, e não aos interesses de quem o pratica. Só pode ser chamado de “eutanásia” o ato de abreviar a vida de um animal com doença incurável e em estado irreversível de sofrimento. Os órgãos públicos de saúde disseminaram o entendimento errado do termo “eutanásia” a fim de tentar minimizar a IMORALIDADE de suas ações de extermínio. Infelizmente, até mesmo protetores usam erradamente esta terminologia.

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