Empresa dá licença ‘peternidade’ para funcionários que adotarem animais em Ribeirão Preto, SP

Empresa dá licença ‘peternidade’ para funcionários que adotarem animais em Ribeirão Preto, SP
Empresa de Ribeirão Preto, SP, concede licença 'peternidade' para funcionários que adotarem animais — Foto: Nicollas de Oliveira

Uma startup de banho e tosa por aplicativo de Ribeirão Preto (SP) implementou a licença “peternidade” para funcionários que adotarem animais de estimação.

Desde abril, a folga de dois dias está disponível na empresa como forma de incentivar a adoção consciente de pets, segundo o cofundador Thiago Calixto.

“Quando você adota um cão adulto, por exemplo, ele já tem alguns vícios, alguns receios. Então o funcionário faz a adoção e tira essa folga para poder fazer a adaptação do pet na casa e da pessoa com o animal também. A gente quer que isso se torne um exemplo para outras empresas”, disse.

Licença 'peternidade' é de dois dias para funcionário que adotar animais em Ribeirão Preto, SP — Foto: Nicollas de Oliveira
Licença ‘peternidade’ é de dois dias para funcionário que adotar animais em Ribeirão Preto, SP — Foto: Nicollas de Oliveira

Como funciona a licença ‘peternidade’?

Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo cerca de 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.

De acordo com Calixto, o número é alarmante e foi um dos fatores para a criação da folga.

Ele ainda afirma que a licença é para tutores de animais que precisam de cuidados, o que também inclui quem adota os bichos silvestres, desde que o procedimento esteja dentro da lei.

Para usufruir do benefício, o funcionário precisa comprovar a adoção, mas não necessariamente precisa ser um formulário de responsabilidade como os que são entregues por Organizações Não Governamentais (ONGs), pois há casos de animais que são adotados na rua.

Os dois dias não são descontados da folha de pagamento e, normalmente, são concedidos logo na sequência da adoção.

No entanto, é preciso que o funcionário informe a empresa com pelo menos cinco dias de antecedência sobre a folga.

“Para a empresa também não ser pega de surpresa, alguém falar ‘ó, não fui trabalhar hoje porque adotei um cachorro’, a intenção de adotar tem que ser falada e a gente vai se organizando dependendo da função da pessoa para que a empresa não tenha perda de produtividade”, explicou.

Thiago Calixto e Rodolfo Calvo, undadores da Doggi, em Ribeirão Perto, SP — Foto: Rafael Cautella/Mundo Zumm
Thiago Calixto e Rodolfo Calvo, undadores da Doggi, em Ribeirão Perto, SP — Foto: Rafael Cautella/Mundo Zumm

‘Benéfico para animal e tutor’

Por ser um projeto recente, ainda não há funcionários que utilizaram o benefício. Mas, quem trabalha na empresa e tem pet, como a especialista em vendas Monique Ferreira, afirma que a iniciativa é vista com bons olhos.

Quando perdeu o primeiro filho, Monique adotou um cachorro, mas o animal faleceu atropelado há dois anos. Ela conta que prometeu que nunca mais iria ter outro bicho de estimação, mas a chegada da nova filha fez ela mudar de ideia.

“Ela falava ‘mamãe, quero um cachorro’. Um dos meus colegas falou que tinha um amigo que estava doando um Golden e na hora falei ‘quero’. Nem conversei com meu marido, ele até ficou uns dias sem falar comigo, porque eu peguei muito na emoção”, brinca.

Luke, de sete meses, chegou à vida de Monique antes da licença concedida pela empresa e ela conta que a adaptação dele teria sido muito mais positiva se ela pudesse ter a folga.

“No começo, quando eu chegava em casa do trabalho, ele estava no cantinho super triste. Foi uma semana assim. Então eu acho muito importante, porque se eu tivesse essa licença, eu teria me programado. É benéfico tanto para o animal, como para os tutores. Porque a gente pensa ‘acabei de adotar um cachorro, primeiro dia em casa e eu estou aqui no trabalho. O que eu estou fazendo aqui e o que ele está fazendo lá?’”

Luke, de sete meses, e Monique Ferreira em Ribeirão Preto, SP — Foto: Monique Ferreira/Arquivo Pessoal
Luke, de sete meses, e Monique Ferreira em Ribeirão Preto, SP — Foto: Monique Ferreira/Arquivo Pessoal

Pet friendly

A Doggi fica localizada em um complexo empresarial de Ribeirão Preto e, para aproximar mais ainda os pets dos tutores, está em processo de implementação um espaço pet friendly.

No local, os colaboradores da startup e das outras empresas do prédio podem levar os animais de estimação para passar o dia no trabalho dos tutores.

“Acredito que todas as empresas têm que aderir. Se eu adotar um outro cachorro, com certeza vou usufruir da licença. Acredito que o projeto faz os funcionários pensarem ‘Poxa, se minha empresa apoia a adoção, por que eu não posso também?’. Sobre o pet friendly, vou trazer, lógico, mas vou me programar para não assustar o pessoal. Ele come tudo pela frente, comeu todas minhas meias”, brincou Monique.

Luke, o cão de estimação de Monique Ferreira, funcionária de uma empresa de banho e tosa em Ribeirão Preto, SP — Foto: Monique Ferreira/Acervo Pessoal
Luke, o cão de estimação de Monique Ferreira, funcionária de uma empresa de banho e tosa em Ribeirão Preto, SP — Foto: Monique Ferreira/Acervo Pessoal

Por Rebecca Crepaldi

Fonte: G1

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