ONG resgata cavalos que sofrem maus-tratos e os coloca para adoção como pets no interior de SP

Foi pensando no quanto os cavalos sofrem maus-tratos no dia a dia que Fernanda Karina Ramos Somaggio, profissional de relações públicas, decidiu criar um projeto que resgata esses animais e os abriga em uma espécie de santuário localizado em São Roque (SP).
De acordo com a presidente e mantenedora da ONG Abraço Animal, ao contrário do que muitos pensam, os maus-tratos contra cavalos não costumam ser praticados somente por carroceiros.
Às vezes, é necessário dar atenção a casos nos quais as pessoas se dizem “amantes dos cavalos”, mas, na verdade, não sabem como é realmente cuidar dos animais. Afinal, é difícil para um cavalo ser adepto a montarias e provas.
“Foi quando eu descobri tudo isso, o quanto os freios e bridões doem, o quanto apertar uma cela dói, e como tudo isso impacta na vida do animal que comecei a resgatar cavalos. E por amá-los acima de tudo”, conta.

Hoje, o santuário abriga 89 animais de grande porte, sendo 42 cavalos. No entanto, também há bois, cabras, porcos, cães e gatos resgatados no local.
Composta por sete mulheres, sendo Fernanda, sua filha Nayna, Ivete, Diana, Crys, Julia e Natália, a causa é constantemente apresentada como uma “ONG de mulheres que resgatam cavalos”.
A mantenedora também ressalta que o processo de adoção de um dos animais é extremamente rígido. “Eles não são disponibilizados para montaria e, sim, para pessoas que querem tutelá-los como pets, como animais de companhia. Para que eles não sejam montados ou explorados de nenhuma forma”, continua.

Ao g1, Regiane Fermino, uma das adotantes da ONG, conta que conheceu o projeto em 2018, quando seu pai estava a procura de uma égua para fazer companhia a um cavalo que já morava no sítio da família,
“Entrei em contato com algumas protetoras que já conhecia e elas me indicaram a ONG Abraço Animal, da Karina Somaggio. Já haviam me contado sobre esse trabalho maravilhoso de resgate de animais de porte grande, e ela havia regatado a Runna (égua) de maus-tratos há um tempo”, conta.
Segundo Regiane, depois de diversas entrevistas, a equipe iniciou o transporte da égua Runna até o sítio, que fica em Juquitiba (SP). Pouco tempo depois, descobriram que ela estava prenhe.
“Foi uma adoção dupla sem sabermos e, em março de 2019, nasceu a Esperança, trazendo ainda mais vida e mais alegria ao sítio do meu pai”, a adotante compartilha, e complementa: “Adoção é um ato de amor; por nós e por eles, para nós e para eles. Nós adotamos elas e elas nos adotaram.”

Arrecadação de fundos
A maior dificuldade da ONG no momento é a arrecadação de fundos para manter o custo mensal, que gira em torno de R$ 23 mil para manter a estrutura e os animais em bom estado de saúde, considerando que eles sempre chegam ao extremo dos maus-tratos.
“Esse valor é investido na compra de feno, que, semanalmente, gera um custo de R$ 2.800, mais R$ 7 mil de ração, R$ 2 mil de alfafa, além dos medicamentos, assistência veterinária, aluguel e mão de obra para infraestrutura”, lista a fundadora.
Karina explica como é possível contribuir com a ONG. “As pessoas podem ajudar doando materiais como ração e feno, doando valores em dinheiro mensalmente por meio do apadrinhamento de algum dos animais, e compartilhando a seriedade do nosso trabalho”, completa.

Por Thamires Victória e Ana Paula Yabiku
Fonte: g1