Análise da Prefeitura de Porto Alegre (RS) aponta que gambás encontrados mortos na Redenção não foram envenenados; coletivo discorda

Análise da Prefeitura de Porto Alegre (RS) aponta que gambás encontrados mortos na Redenção não foram envenenados; coletivo discorda

Seguem inconclusivas as investigações sobre os gambás que apareceram mortos no Parque Farroupilha, a Redenção, em Porto Alegre. A prefeitura e coletivo Preserva a Redenção divergem em relação aos laudos apontando a causa das mortes. Desde maio, 12 animais silvestres foram encontrados sem vida no parque.

Nesta segunda-feira, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) recebeu os laudos dos exames de necropsia e toxicologia dos gambás, a cargo de dois laboratórios diferentes. As amostras apresentaram resultado negativo para toxicológico, apontando que não houve envenenamento. O indicativo permanece sendo de morte provocada por agressão de animal ou pessoa, conforme explica a arquiteta da Smamus, Priscila Spohr.

“Tudo indica que é por agressão, seja de um animal ou uma pessoa, não tem nenhum vínculo com o envenenamento. A gente percebe que tem muitas pessoas que conduzem ainda os cães sem guia. Isso é uma das grandes possibilidades, embora não tenha nada ainda específico definido, mas é uma das possibilidades”, detalha.

Os laudos foram enviados à Polícia Civil, que investiga o caso. A Smamus já solicitou ao Centro Integrado de Comando de Porto Alegre (Ceic) as imagens de câmeras do parque próximas ao Pedalinho em 14 de julho, quando um animal apareceu morto com lesões claras de agressão.

Já o Preserva a Redenção sustenta que quando se registrou a sétima morte de gambá no parque, o coletivo recolheu o animal para necropsia e o exame apontou indícios de envenenamento e perfurações. O grupo suspeita que alguém possa estar envenenando os animais para fazê-los “presas mais fáceis” para um ataque de cão. Membro do Coletivo, Jarbas de Araujo, demonstrou surpresa com o anúncio da prefeitura.

“Nós, do Coletivo Preserva a Redenção, recebemos essa notícia com bastante surpresa. E por quê? Porque devido às 12 mortes de gambás, desde maio até julho deste ano, nós encaminhamos um deles para a necropsia, foi o sétimo gambá, e na necrópsia ficou apontada a possibilidade de envenenamento. E o próprio laboratório, em razão disso, nos sugeriu que fizéssemos o exame toxicológico, para apontar qual a substância [foi usada para o envenenamento]“. O laudo sai em meados de agosto.

Tanto o coletivo quando a secretaria não sabem informar a quantidade de gambás existentes no parque. A lei federal de crimes ambientais protege a espécie silvestre, fazendo com que matar, perseguir, caçar ou maltratar os animais seja considerado crime com pena de prisão de seis meses a um ano e multa.

A Secretaria Municipal de Segurança (Semiseg) informou que finaliza, em breve, a instalação do Posto Avançado da Guarda Municipal na Redenção com estrutura que fica próxima ao Monumento do Expedicionário e vai permitir intensificar as rondas – especialmente no período noturno.

A Smamus também garante estar empenhada em elucidar a questão. “Nós estamos em contato direto com a Semiseg em relação às imagens das câmeras, bem como aumentar o patrulhamento no local, principalmente dando um enfoque para isso, para a gente conseguir cessar esse problema ou ver o que de fato está ocorrendo. Serão feitas ações de educação ambiental no intuito de informar as pessoas da importância do gambá, que ele é um animal indefeso, toda essa parte de educação mesmo da população, para que a gente consiga resolver o problema ou evitar que isso ocorra novamente”, detalha Priscila Spohr.

Antes do registro das mortes, a presença dos animais suscitou outra polêmica. Em fevereiro, armadilhas para capturar gambás foram instaladas pelo complexo gastronômico Refúgio do Lago, mas, diante de protestos da opinião pública, a Smamus notificou o estabelecimento a removê-las, o que, de fato, ocorreu.

A orientação é que o cidadão auxilie as forças de segurança e de fiscalização informando ações suspeitas por meio dos telefones 153 e 156, ou pelo aplicativo 156+POA. Os serviços, gratuitos, atendem 24 horas por dia.

Por Flávia Polo

Fonte: Rádio Guaíba