Ativistas pedem o fim de carroças puxadas por animais no Arraial de Belô

Ativistas pedem o fim de carroças puxadas por animais no Arraial de Belô
Ativistas assinam documento contra carroças puxadas por animais no Arraial de Belô. Crédito: Gladyston Rodrigues/EM

Um documento assinado por 20 entidades pede que não sejam utilizadas carroças puxadas por animais durante o tradicional cortejo junino que inaugura oficialmente a edição do “Arraial de Belô”. O ofício foi enviado nesta quarta-feira (5/6), à Belotur, União Mineira Junina e Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte [MG].

Os ativistas e protetores dos animais alegam que os animais ficam expostos a uma grande quantidade de pessoas e barulho e, muitas vezes, sem alimentação e água adequada por um longo tempo, além da possibilidade de acidentes devido à interação com crianças.

As entidades afirmam que muitos animais vêm de regiões distantes do centro da cidade, “sendo obrigados a se deslocar a pé por vários quilômetros e ainda terem esforço físico durante o evento, muitas vezes sofrendo falta de alimentação e água adequada por muitas horas”.

O documento também destaca que “a maioria desses animais não passa por um controle sanitário, para se ter certeza de que estão vacinados e livres de doenças – inclusive zoonoses, ou seja, aquelas doenças que podem ser transmitidas entre animais e seres humanos”.

Assinam o documento as seguintes entidades: BH Sem Tração Animal; Direito Animal Brasil – DABRA; Movimento Mineiro pelos Direitos Animais; ONG Vida Animal Livre; Sociedade Mineira Protetora dos Animais; Elo Animal Nacional da Rede Sustentabilidade; RockBicho – Associação de Proteção Animal; Projeto Fofucinhos; PodCast Papo de Quintal; Instituto Sammy Aram; Instituto Saúde Única; Projeto Social Crazy Cat Lady House; Projeto Castração Ecológica; PDT Animal / Belo Horizonte; Grupo Resgate Animal Rio Arrudas; Associação 4 Patas / Machado MG; Associação Protetora dos Animais de Paracatu; Associação SOS Mãos e Patas; Conselho Municipal de Direito Animal de Paracatu.

Sem água e comida

“No cortejo do ano passado recebemos diversas fotos e vídeos dos animais expostos por horas na Avenida Afonso Pena sem um balde de água ou alimentação ao redor”, relata Gabriela Maia, presidente da associação Direito Animal Brasil.

Em Belo Horizonte, já existem duas leis relacionadas ao fim gradativo dos veículos de tração animal (11.285/2021 e 11.611/202) aprovadas com amplo apoio do Legislativo e de parte expressiva da população.

A associação Direito Animal Brasil também explicitou a Lei municipal 11.320/21 que proíbe qualquer tipo de evento em que animais sejam submetidos, por ação ou omissão, a abuso, humilhação, maus-tratos e sofrimento, o que alega ocorrer nos Cortejos Juninos.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) 4983 também foi citada no documento, quando no Supremo Tribunal Federal (STF), em casos onde houve embate entre o direito humano à cultura e a dignidade animal, os ministros decidiram que a dignidade animal deve prevalecer.

Abaixo-assinado

Os protetores de animais afirmam que as mobilizações irão se intensificar: “Estamos tentando estabelecer um diálogo respeitoso com os órgãos envolvidos no cortejo, em especial com a União Junina Mineira. Nossa primeira postagem sobre o tema já tem mais de 500 curtidas e o abaixo-assinado já bateu 200 assinaturas, isso mostra que a população de Belo Horizonte tem sensibilidade quanto aos direitos dos animais e novamente irá abraçar a nossa causa” acrescenta Gabriela Maia.

“O cortejo por si só já é uma festa linda com uma grande riqueza cultural, mas o uso de carroças puxadas por cavalos já não condiz mais com uma das maiores capitais do país. Somos a favor de todos os eventos que geram lazer, trabalho e renda na cidade desde que não haja exploração animal”, diz Caio Barros, do movimento BH sem Tração Animal.

Por Náthaly Escobar

Fonte: Estado de Minas